O FUNSES 1, Fundo de Investimentos em Participações criado com recursos do Fundo Soberano do Governo do Espírito Santo, investiu um total de R$ 3 milhões em 5 startups. As escolhidas foram Persora, software inteligente para ter times alta performance; Erathos, solução que ajuda empresas a se tornarem data-driven; Presto, proptech que ajuda residentes com tarefas diárias, rotinas e serviços para casa; Kuke, que envia ingredientes e mealkits para o preparo de receitas; e Archa, com soluções completas para a jornada do arquiteto.
Criado em 2019 com base nos recursos oriundos da exploração de petróleo, o FUNSES permite, a partir do investimento de receitas provenientes da indústria do petróleo e do gás natural, buscar a atração de novos negócios, diversificação da matriz econômica e geração de emprego e renda para a população local. O veículo tem um total de R$ 250 milhões para investir em startups de diversos portes, segmentos e áreas de atuação, com aportes em torno de R$ 500 mil cada.
“Apesar de nos últimos anos muita coisa estar acontecendo no Espírito Santo, o ecossistema ainda não é tão desenvolvido quanto São Paulo ou Santa Catarina, embora esteja crescendo a passos largos. Por isso, a iniciativa não poderia ser apenas um fundo para investir em empresas, tinha que ir além”, afirma Felipe Marcondes de Mattos, sócio e diretor de VC da TM3 Capital, gestora responsável pelos investimentos do FUNSES1.
Desde o seu lançamento, o FUNSES1 já investiu cerca de R$ 40 milhões em 18 startups. O veículo tem o objetivo de fomentar o ecossistema e acelerar digitalmente 500 empreendedores em 10 anos. Além disso, prevê investir e acelerar 50 startups em 5 anos, e no mesmo período realizar 30 investimentos diretos em empresas mais consolidadas que não precisam passar pela aceleração.
Com duração de aproximadamente 4 meses, o programa de aceleração é desenvolvido pela holding ACE Ventures. Desde a sua fundação, em 2012, a companhia já investiu em 150 startups, acelerou mais de 450 e concluiu o exit de 27. “Temos penetração em vários ecossistemas e uma rede muito bacana avaliando cerca de 2 mil empresas por ano. Além disso, contamos com uma rede de mentores e parceiros de todos os setores e níveis de especialidade oferecendo benefícios para as startups”, pontua Pedro Carneiro, sócio e diretor de investimentos da ACE Ventures.
Potencial regional
“Percebemos que o ecossistema do ES tinha potencial, com uma série de características semelhantes a de outros ecossistemas de sucesso como Santa Catarina”, afirma Felipe Marcondes de Mattos, da TM3 Capital. “A receita de sucesso é quando há uma convergência de iniciativas privadas, poder público e universidades remando para o mesmo lado, e notávamos isso no Espírito Santo. Faltava um impulso, que é justamente esse Fundo Soberano, para movimentar o empreendedorismo e fechar o ciclo.”
O desafio a partir de agora, aponta o executivo, é conseguir de fato fomentar o ecossistema, trazendo inclusive players de fora. Por isso, o fundo não investe apenas em empresas capixabas; apoia também companhias que desejam investir e atuar na região, promovendo o compartilhamento de conhecimento e experiências para potencializar o desenvolvimento. “O Fundo Soberano é uma política de Estado, não de Governo. Por isso, a TM3 Capital tem total independência para fazer a gestão do fundo – um trabalho técnico, independente e imparcial, sem intervenção política”, acrescenta Felipe.
O executivo reconhece que o momento atual do mercado é de maior cautela, mas observa ótimas oportunidades para empresas no estágio inicial. “Cheques maiores estão mais escassos, mas ainda tem muito dinheiro disponível para negócios menores, e fundos com capital para investir. No nosso caso, sempre olhamos para a sustentabilidade da startup, geração de caixa e como ela chegaria no break-even”, pontua.
Pedro Carneiro, da ACE Ventures, acrescenta que a conjuntura exige que startups encontrem o modelo sustentável o quanto antes. “A realidade está batendo na porta muito mais rápido. Se pisar na bola e não achar um modelo sustentável para operar, a empresa vai acabar. Não dá para ficar empurrando a hora da verdade para frente; precisa achar um modelo sustentável mais cedo do que antes”, finaliza.