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Fundos adotam estratégias para atrair family offices a ativos alternativos

Mercado precisa adotar narrativa mais atraente para competir com a renda fixa, dizem investidores, no Congresso da ABVCAP

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Investidores participaram de painel sobre family offices no Congresso da ABVCAP | Foto: Divulgação
Investidores participaram de painel sobre family offices no Congresso da ABVCAP | Foto: Divulgação

Em um país com taxas de juros muitas vezes superiores aos ganhos em bolsa de valores, atrair investidores para a renda variável é um desafio. E, no segmento de ativos alternativos, a dificuldade é ainda maior, em grande parte pela falta de hábito e conhecimento dos investidores locais sobre esse mercado.

No Congresso da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) deste ano, gestoras e profissionais do setor compartilharam suas visões sobre esse cenário e as estratégias que adotam para atrair investidores.

O assunto foi discutido no painel “Alternativas de alocação e diversificação de portfolios por family offices e famílias investidoras”, que contou com a participação de Fernanda Camargo, sócia fundadora da Wright Capital; Leonardo Fração, sócio fundador do multi-family office Nebraska; André Sampaio Xavier, head de Advisors & Alternatives no Santander; e moderação de Fabricio Avino, partner da CEPEDA Advogados.  

“É difícil concorrer com isentos (de risco). Mas eu busco mostrar aos investidores que, ao optar apenas pelo CDI, eles estão abrindo mão de um retorno potencial muito grande. E estes momentos é onde estão as melhores safras. Mostramos o histórico daqueles que entraram em momentos de Brasil difícil e o retorno é surreal. Mas é preciso aguentar os ciclos”, explicou Fernanda, que destacou que o desafio é mais estrutural do que regulatório no Brasil.

Para André, falta às vezes uma narrativa mais atraente na hora de “vender” os ativos alternativos para os investidores. Ele destaca que há pontos difíceis de serem absorvidos, como o travamento do capital por longos períodos de tempo, e o próprio risco envolvido nas operações. Por isso, ele considera fundamental conhecer o investidor e oferecer opções que estejam alinhadas ao seu perfil.

“A maioria dos nossos LPs foi empresário e entende da nossa dinâmica, mas isso traz mais conversas positivas do que conversão de boleta. Como indústria, falta do nosso lado uma curadoria no empacotamento da solução e narrativa mais atrativa para o investidor. Não podemos colocar todos num único cesto e tratar igual. Nosso papel é conseguir trazer ideias que conversem com algo mais aspiracional na carteira dos clientes. Retorno por retorno, no fim do dia, são apenas ativos contra ativos”, aponta o diretor executivo do Santander.

Do lado dos family offices, Leonardo Fração contou que criou o veículo de investimentos inicialmente para atender ao seu pai, que tinha uma frota de caminhões, mas possuía pouco conhecimento sobre o mercado de investimentos. Ele destaca que muitos investidores estão habituados com negócios da economia real, que envolvem alto risco e investimentos produtivos. No entanto, falta uma comunicação melhor sobre os ativos alternativos.

“Existe um trabalho de convencer esse investidor, que muitas vezes é empresário, a apostar na ideia de outra pessoa sem ter o controle”, explica.