Após dobrar o seu portfólio em 2023, a Dome Ventures já tem planejados os próximos passos de sua estratégia. A venture builder direcionada exclusivamente para govtechs pretende formar uma base de 30 startups em cinco anos e seguir captando recursos para apoiá-las em suas jornadas de crescimento, ajudando a construir um setor público cada vez mais eficiente e conectado.
“Alguns players já atuam no setor govtech. No entanto, com uma proposta diferente”, afirma Diogo Catão, CEO da Dome Ventures. De um lado, ele cita a BrazilLab, que atua como aceleradora e hub de inovação para govtechs. Do outro, o Fundo GovTech, lançado no em 2023 pela KPTL e a Cedro Capital. “Depois da aceleração, a startup ficava desassistida. E lá na frente, quando já estavam um pouco mais maduras, atraiam os investidores. Havia uma lacuna entre essas duas pontas, ou seja, faltava alguém para ajudar as govtechs no meio do caminho. A Dome Ventures nasce justamente para preencher esse gap”, explica.
Criada em setembro de 2021, a venture builder tem o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no país por meio da inovação. Para isso, ela oferece suporte, conhecimento e parcerias estratégicas que permitem selecionar e desenvolver de forma contínua startups com soluções que impactem positivamente a sociedade e a vida de toda a população.
A organização reúne em seu ecossistema soluções governamentais investidas e parceiras, que contam com mais de 1.400 prefeituras como clientes, além de mais de 30 universidades públicas. Somente no último ano, saiu de seis para 12 companhias em seu portfólio, incluindo Global Brain, Licitei e PrimeDialog. Após captar R$ 4 milhões em 2023, agora ela busca mais R$ 500 mil para apoiar outros seis negócios ao longo de 2024.
“Para este ano, nossa meta é alavancar o faturamento das startups. A maioria delas precisa de ajuda na área comercial, e nós auxiliamos na estruturação desta área para que consigam atender à demanda. Além disso, apoiamos no desenvolvimento tecnológico para que tenham suporte para crescer e atender clientes com eficiência”, diz Diogo.
Mercado promissor
As govtechs têm ganhado cada vez mais destaque no cenário global, impulsionadas pela necessidade de modernização e eficiência na gestão pública. Estima-se que este mercado alcance um valuation de US$ 1 trilhão até 2025, crescendo 15% ao ano nos próximos anos, de acordo com o Mapa Govtech Brasil 2024, realizado pelo BrazilLAB com apoio da Oracle.
“O setor das govtechs tem um campo gigantesco de crescimento, pois abraça outras esferas da economia ao incluir soluções de educação, serviços financeiros, saúde, mobilidade, entre outras, que atendam às demandas do governo para resolver os problemas da sociedade. Já existem tecnologias para mitigar e prever questões de saneamento, saúde pública, gestão de resíduos, mas que ainda não estão sendo utilizadas. Há um leque de oportunidades e, cada vez mais, os gestores têm direcionado seus olhares em busca de soluções que favoreçam a população”, avalia Diogo.
Segundo o executivo, o avanço da Dome Ventures acompanha o aumento das demandas por govtechs e suas aplicações. Ele afirma que o crescimento da venture builder tem sido feito de forma orgânica e sustentável. “Quando lançamos a organização, pensei que teríamos que fazer uma busca mais ativa pelas startups. Porém, elas mesmas têm vindo até nós por meio de indicações do mercado, o que nos permite fazer uma triagem muito mais assertiva”, pontua.
Ele acrescenta que, por ter acesso a um número elevado de startups – a empresa avaliou mais de 500 negócios desde a sua fundação – a Dome Ventures poderia ter crescido de forma ainda mais acelerada, o que não ocorreu por uma escolha estratégica da própria companhia. “Selecionamos em média seis startups por ano, porque não adianta colocar um monte de negócio para dentro e não conseguir contribuir para o desenvolvimento deles. Escolhemos as empresas com quem temos o maior potencial de contribuição, com teses diferentes do que as que já temos no portfólio”, explica.
A venture builder busca negócios que gerem um valor significativo para a população e, que além de grande diferencial tecnológico, tenham ênfase na diligência, no compliance e no código de ética – elementos necessários por se tratar de startups que vendem para o Governo. “Temos um atendimento muito especializado para que as startups emitam mais notas fiscais e tenham mais impacto. Por termos alcance a nível nacional, apoiamos as startups a levarem suas soluções para outras regiões, o que ajuda a criar capilaridade e conexões com potenciais clientes e parceiros”, destaca Diogo.
A Dome Ventures até tem recursos reservados para possíveis aportes financeiros. Contudo, esse não é um objetivo da venture builder para os próximos anos. “Chegamos a fazer investimentos, mas percebemos que geramos muito mais valor como uma ‘venture builder raiz’, com suporte das áreas de marketing, comercial, financeira e até algo relacionado à gestão de inovação e assessoria de imprensa. Diferentemente do B2C e B2B, o cliente Gov tem uma maior robustez e um maior fôlego financeiro, então quando estruturamos os pontos-centrais do negócio, essas empresas não têm uma demanda tão urgente por investimento quanto outros segmentos do ecossistema”, afirma o CEO.
Diogo adiciona que, embora a maioria das startups não precise dos aportes, a Dome Ventures pode aproximar as startups a investidores estratégicos caso seja necessário. “Fazemos uma filtragem considerando o smart money e conectamos as empresas do portfólio a players importantes que possam maximizar e ampliar a operação, e levar as startups para a direção correta”, finaliza.