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Grin e Yellow tiveram prejuízo de R$ 350 milhões no Brasil em 2019

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A Grin e a Yellow somaram um prejuízo de quase R$ 350 milhões em 2019, segundo documentos apresentados dentro do processo de recuperação judicial (RJ) das companhias aos quais o Startups teve acesso. No ano, a receita das duas empresas foi de R$ 65 milhões. Os números são referentes apenas à operação do Brasil. A holding que controla as empresas, a Grow Mobility tem operações em outroa países da América Latina

As perdas já eram esperadas para uma companhia novata operando em um segmento intensivo em capital como o de micromobilidade – em que é preciso dar muito subsídio para conquistar clientes e investir constantemente na expansão e na renovação da frota.

Mas o tamanho do rombo em 2019, aliado à dívida conjunta de R$ 38 milhões apresentada pelas companhias em seu pedido de recuperação judicial na semana passada, mostram que o caminho para salvar a operação pode não ser simples.

A Yellow é a companhia que apresentou mais perdas e também maior receita. A companhia de origem brasileira fechou 2019 com prejuízo de R$ 226,5 milhões, para uma receita de R$ 34,5 milhões. Em 2018, a última linha tinha ficado negativa em R$ 15 milhões. A Yellow só começou a operar oficialmente em agosto daquele ano com aluguel de bicicletas. A conta de depreciação e amortização foi a que mais pesou em 2019, com um total de R$ 97,6 milhões. Despesas gerais e administrativas somaram R$ 50 milhões e com pessoal outros R$ 31 milhões.

Já a Grin fechou 2019 com prejuízo próximo a R$ 124 milhões, bem mais que os R$ R$ 4,5 milhões apurados em 2018. A receita em 2019 foi de pouco mais de R$ 30 milhões. A operação da mexicana Grin no Brasil foi iniciada com a compra da Ride, fundada por Marcelo Loureiro no começo de 2018. A depreciação e amortização superou R$ 60 milhões. As despesas gerais e administrativas foram de R$ 29 milhões e a folha de pagamento somou R$ 14 milhões. A companhia ainda teve despesas financeiras da ordem de R$ 13 milhões.

Juntas, Yellow e Grin chegaram a ter 1.360 funcionários, 910 mil usuários ativos e uma frota de 25 mil bicicletas e patinetes elétricos em 20 cidades do Brasil.

Depois da união de suas operações sob a bandeira da Grow no começo de 2019, Yellow e Grin mantiveram personalidades jurídicas distintas, mas compartilhavam recursos, segundo o processo de recuperação judicial. No pedido de RJ, inclusive, o escritório Veirano Advogados, que representa as empresas, pede que a análise seja feita em conjunto, já que é difícil separar o que é uma empresa ou outra.

Outro pedido feito foi de suspensão de processos atualmente em curso contra as companhias, para não prejudicar a RJ. A solicitação foi negada na sexta-feira (31/07). O juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, responsável pelo processo, afirmou que essa suspensão já está prevista dentro do processo de RJ, então não haveria razão para fazer isso antecipadamente.

Ele também determinou que o valor da causa apresentado originalmente no processo, de R$ 100 mil, seja corrigido para o valor real das dívidas apresentadas pela companhia (R$ 38 milhões).

Procurado, o Veirano não quis se manifestar sobre as decisões.

Já a Grow não se manifestou sobre os números de 2019. Em nota enviada à imprensa na semana passada, a companhia diz que, assim como a maioria das empresas no mundo, foi duramente afetada pela crise acarretada pela pandemia.

Com as operações interrompidas em 19 de março por conta das medidas de isolamento social, ela teve sua capacidade de geração de receita comprometida. “A recuperação judicial é um passo fundamental para viabilizar a superação da crise econômico-financeira e permitir a retomada das atividades. Com ela, as startups terão fôlego suficiente para buscar a reestruturação e a continuidade de suas atividades”, escreveu a companhia.