A Grow, dona da Yellow e da Grin, entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça de São Paulo. O processo na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais foi distribuído hoje ao juiz João de Oliveira Rodrigues Filho. O Veirano Advogados representa a companhia. A Grow acumula dívida de R$ 38 milhões.
A companhia vinha enfrentando dificuldades desde o ano passado e, em janeiro, anunciou a demissão de boa parte de seus funcionários – metade, segundo informações não confirmadas pela empresa – em toda a América Latina e o fechamento de operações em 14 cidades. Em junho, um novo corte reduziu a operação em mais outra metade.
Em março a companhia havia anunciado a compra pelo fundo mexicano Mountain Nazca. Em junho, um desmentido. O fundo informou que a operação não foi feita por ele, mas por Felipe Henrique Meyer, um ex-investidor. O fundo aproveitou para fazer uma correção histórica e dizer que nunca foi dono do Peixe Urbano, que também teria sido comprado por Meyer.
Desde o começo da pandemia a Grow está sem operar, o que afeta sua capacidade de geração de receita. No corte de janeiro, ela já havia anunciado a suspensão dos serviço de aluguel de bicicletas da Yellow. Antes ainda, os patinetes da marca tinha sido repassados para a Rappi.
Segundo ex-funcionários da Grow, os problemas da companhia são decorrentes não de dificuldades no mercado de micromobilidade, mas a problemas de entendimento e disputa de poder entre os sócios brasileiros e mexicanos. Apesar de os mexicanos serem os donos da maior parte do negócio, a Yellow era o principal gerador de receita, o que gerou tensões internas que atrapalharam a operação.
A origem
A Grow foi formada no começo de 2019 com a união da Yellow (brasileira) e da Grin (mexicana, que comprou a brasileira Ride), uma operação que contou com uma injeção de recursos de R$ 150 milhões dos sócios das companhias.
A companhia chegou a ter 1.360 funcionários, 910 mil usuários ativos e uma frota de 25 mil bicicletas e patinetes elétricos em 20 cidades em todo Brasil, segundo o processo ao qual o Startups teve acesso.
O documento, aliás, tem como requerentes a Yellow e a Grin, uma vez que as companhias mantiveram personalidades jurídicas distintas controladas por uma holding batizada de Grow Mobility Holding,com sede nas ilhas Cayman. Apesar de separadas, as empresas compartilhavam recursos, por isso os advogados dizem que é difícil dizer o que era uma e o que era de outra e pedem que a recuperação judicial seja avaliada em conjunto.
No documento, a Yellow é citada como sendo a empresa mais endividada, apesar de boa parte dos débitos ser de responsabilidade da Grin, que contratava seus serviços. Na lista de credores, a fabricante de bicicletas Caloi, com a qual a Yellow tinha contrato de fornecimento, aparece como a maior, com R$ 15 milhões a receber. As dívidas trabalhistas das duas empresas somam quase R$ 10 milhões.