O grupo Alun – formado por Alura, Fiap e PM3 – anuncia hoje (17) a compra da StartSe. Com o negócio, o grupo amplia sua atuação para além dos cursos na área de tecnologia e entra no mundo dos negócios. “A nossa tese é de completude de portfólio. A gente não tá trazendo, pelo M&A, uma expansão por pares, ou por consolidação. Todo componente que eu olho tem que trazer um novo formato de aprendizagem, um novo público e um novo modelo de negócios/tíquete médio. E a StartSe preenche todos esses requisitos”, diz Juliano Tubino, CEO do Alun, em conversa com o Startups.
A operação, que envolveu dinheiro e troca de ações, levou cerca de um ano para ser concluída e não teve o valor divulgado. O Startups apurou que a StartSe foi avaliada entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, o equivalente a um múltiplo de três a quarto vezes a sua receita. Em 2021 a empresa de educação tinha recebido um investimento de R$ 75 milhões do Pátria por uma fatia de cerca de 30% do negócio. A StartSe tinha uma estrutura de partnership com cerca de 20 funcionários como sócios com pequenas fatias do negócio.
Nascida em 2014, a StartSe se especializou no segmento de educação executiva e já capacitou mais de 300 mil profissionais de 70% das maiores empresas do Brasil. Além de cursos e eventos no Brasil, ela tem conexões e faz imersões nos principais polos de inovação globais. A StartSe é investidora minoritária do Startups desde 2021.
Tecnologia + Negócios
Segundo Juliano Tubino, o movimento de convergência entre tecnologia e negócios tem se acelerado principalmente por conta da inteligência artificial. E os efeitos do seu uso são sentidos em todas as áreas. Isso faz com que mesmo que não é profissional de tecnologia tenha que buscar qualificação. Assim, ao se posicionar como um grupo educacional que alia as duas áreas, o Alun abre um mercado endereçável mais amplo.
Com o novo braço de educação executiva, o grupo antecipa em um ano sua meta de chegar a R$ 1 bilhão de receita. Em junho, quando a marca Alun e a estrutura de grupo foram anunciadas, Tubino e Paulo Silveira, cofundador da Alura, falavam em 2027 como horizonte para atingir esse patamar. Agora, o fim de 2026 virou o alvo.
Em 2024, Alura, Fiap e PM3 tiveram receita de R$ 560 milhões. Para 2025, a expectativa é crescer 40% somando a StartSe.
Na avaliação de Tubino, a aquisição da StartSe também vai acelerar o plano do grupo de atingir a marca de 15 milhões de pessoas capacitadas até 2030. Hoje esse número está na faixa dos sete milhões. “Eles têm uma capacidade admirável de criar demanda e não só responder ao que o mercado pede”, avalia.
O porte em termos de receita e de volume de alunos é importante para o grupo Alun para chamar a atenção do mercado. Especialmente agora, com a onda de otimismo do mercado puxada pela perspectiva de queda de juros e o sucesso de IPOs na área de tecnologia. Em conversa com o Startups em junho, Paulo disse que uma listagem não estava no radar por enquanto. Mas, como diz o famoso meme: haverá sinais.
Independentes, mas com muito em comum
Como acontece com Alura, FIAP e PM3, sob o guarda-chuva do Alun, a StartSe manterá sua operação independente, com sua liderança atual à frente do dia a dia. Junior Borneli, seu fundador e CEO, terá também um assento no conselho do grupo Alun. “Mais do que ensinar conceitos modernos, queremos preparar a alta liderança a conduzir transformações críticas em cenários de incertezas, criando culturas organizacionais adaptativas que possam garantir a perpetuidade dos negócios”, disse ele em comunicado.
Um primeiro produto resultado da união será lançado em breve: o Post-MBA StartSe University. O programa para executivos C-level está em fase de construção da ementa e tem como objetivo trazer para o Brasil conteúdos e professores do Vale do Silício e da China. “A gente quer fazer um negócio de alto nível global para competir com as maiores instituições de ensino globais, MIT, Stanford”, promete Juliano. A ideia é que o curso conte com aulas e também viagens para visitar os hubs.
Perguntado sobre a integração de estratégias de vendas para aproveitar sinergias de contatos comuns entre StartSe e as outras ofertas do grupo, o executivo disse que, em um primeiro momento, o modelo seguirá uma abordagem de múltiplos feita com base no ponto de entrada da empresa no ecossistema – se foi pela StartSe haverá uma abordagem da FIAP ou Alura, e assim por diante. A expectativa é que na segunda metade do ano que vem uma abordagem unificada seja desenvolvida. “Mas hoje já temos uma CRO [Tavane Gurdos] que olha para essa integração”, diz.
Sobre o avanço no mundo dos negócios, Juliano deu a entender que novos movimentos nessa de M&A nessa área podem vir acontecer. “O pipe está bom”, comenta. Só não é de se esperar nenhum novo movimento ainda em 2025.