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Gunderson Dettmer chega ao Brasil para manter "dedo no pulso" do mercado

Escritório norte-americano de direito já participou de deals como a compra da Neoway pela B3 e da 99 pela Didi

Gunderson Dettmer chega ao Brasil para manter "dedo no pulso" do mercado

O nome é comprido, mas vamos lá: Gunderson Dettmer Stough Villeneuve Franklin & Hachigian (mas vamos chamar só de Gunderson Dettmer). Este é o nome da firma de advocacia norte-americana que está abrindo seu primeiro escritório na América Latina, e escolheu São Paulo de cidade para desembarcar.

E o que esta empresa tem a ver com o ecossistema de negócios? Atuando indiretamente no Brasil e América Latina desde 2020, eles participaram de vários acordos de venture capital. Sabe a compra da Neoway pela B3? Eles representaram a Neoway. A aquisição da 99Taxis pela chinesa Didi em 2020? Representaram a 99. A chilena Cornershop foi cliente deles no processo de venda para a Uber, e mais recentemente o escritório representou a Contabilizei e a Solfácil em suas captações de US$ 60 milhões com o Softbank, e US$ 100 milhões com a QED, respectivamente.

Conforme explicou ao Startups Adan Muller, sócio da Gunderson Dettmer, a firma já atua no Brasil há cerca de 15 anos e foi um dos primeiros escritórios internacionais de advocacia a criar um time de consultoria jurídica para startups latino-americanas em rodadas com fundos internacionais. Contudo, até agora este era um trabalho realizado à distância no escritório de Nova York, contando inclusive com advogados brasileiros com formação internacional em venture capital.

O escritório possui na carteira de clientes cerca de 100 empresas sediadas no Brasil e 90 fundos. Desde 2018, foram 8 transações de M&A para empresas locais, com um valor total de mais de US$ 2 bilhões.

Com a chegada em São Paulo, 11º escritório da firma e o terceiro fora dos EUA, o plano é ficar mais próximo do mercado e, com isso, construir novas oportunidades, aconselhando mais empresas emergentes, assim como fundos de VC e growth capital.

“Era algo que planejado há bastante tempo, e mostra nosso compromisso com a região. Era algo que queria fazer desde 2011, quando cheguei à firma. Será importante para a relação com clientes, e também para manter o dedo no pulso do mercado”, afirmou Muller, que é filho de mãe brasileira e um dos responsáveis pela filial em São Paulo, ao lado dos sócios Brian Hutchings e Christel Moreno.

Adan Muller, sócio da Gunderson Dettmer e um dos responsáveis pelo escritório em SP

Em São Paulo, o escritório também contará com três advogados baseados localmente – “advogados da América Latina com especialização em venture capital nos EUA”, conforme destacou Muller – e trabalhando em sinergia com as unidades da Gunderson Dettmer em Nova York e no Vale do Silício.

Todos os tipos de negócio

Quanto às expectativas de negócios com a chegada no Brasil, Muller acredita que o momento é de enxergar além dos cheques maiores. Segundo ele, apesar de serem os mais chamativos, eles não mostram de forma completa o trabalho do escritório. “Tentamos representar as empresas desde a rodada seed até uma série C ou saída”, pontua.

Volume em acordos eles têm. No ano passado, o escritório de advocacia foi considerado pelo PitchBook como o mais ativo do mundo, tendo um recorde de 22.040 financiamentos de capital de risco, o que representa mais de US$ 164 bilhões arrecadados.

Na visão do advogado, o Brasil guarda um grande potencial de empresas buscando rodadas série A junto a investidores internacionais, e estas oportunidades estão no radar da Gunderson Dettmer. Além disso, a empresa quer intensificar sua atuação com startups na Argentina, Chile e Colômbia, a partir da base em São Paulo.

“A atividade, mesmo que não comparada ao que tivemos em 2021, vai continuar”, avaliou o sócio, dando a sua análise sobre o atual cenário de incerteza no venture capital, especialmente em rodadas maiores.

Para expandir sua atuação, outro plano da Gunderson Dettmer ao chegar no Brasil é também o de ficar mais visível. Segundo Muller, a empresa sempre foi um tanto low profile, e para crescer na América Latina, a meta é mudar um pouco isso. “Ter mais relacionamento pode trazer mais clientes. Além da reputação que temos com os deals, indicações fazem a diferença”, finaliza o advogado.