Ao longo da trajetória de amadurecimento de uma startup, alguns marcos são almejados. O breakeven é, sem dúvidas, um dos principais objetivos dos fundadores. Mas será que o equilíbrio entre as receitas e despesas deveria ser um fim em si mesmo? Guilherme Dias, CMO e cofundador da Gupy, acredita que não.
A empresa havia anunciado, no início do ano, que estava reduzindo a queima de caixa para focar em alcançar o breakeven ainda em 2024. No entanto, os planos parecem ter mudado. Conhecida principalmente pela sua plataforma de recrutamento e seleção, a HRTech quer agora impulsionar seu crescimento na área de gestão de pessoas.
“Nosso breakeven sempre foi uma questão de escolha estratégica para a gente, nunca um fim em si mesmo. O que a gente está fazendo agora é balancear crescimento e rentabilidade de uma forma bem saudável”, explica Guilherme, que diz estar “confortável com qualquer direção” que a empresa escolha.
Em entrevista ao Startups, o CMO da Gupy afirma ainda que a saúde financeira da empresa está “muito boa” e que haveria espaço tanto para investir, quanto para buscar o equilíbrio das contas.
“Em 2024, a gente melhorou a nossa margem bruta em 3 pontos percentuais. A nossa margem Ebitda, em 13 pontos percentuais, quando a gente compara com 2023. Se a gente decidir adiar o breakeven é porque a gente está realmente aproveitando oportunidades de acelerar novos investimentos. Especialmente, essas frentes de gestão de talentos”, acrescenta.
Presença depois da contratação
A Gupy entrou nesse segmento com a aquisição da Pulses, plataforma catarinense de gestão de pessoas, em fevereiro de 2023. A empresa usa people analytics para ajudar gestores e profissionais de RH a mensurar e criar estratégias para clima e cultura organizacional, além do engajamento dos colaboradores e employee experience.
Desde então, a Gupy vem buscando ampliar seu portfólio de produtos para estar presente não apenas no momento da contratação, mas também no que acontece depois que o funcionário é contratado. Ou seja, no engajamento desse colaborador com a empresa.
“A gente lançou uma solução no começo do ano de gestão de resultados e performance, e o produto tem crescido bastante. Não é mais sobre contratar, é sobre como extrair o melhor para chegar aos resultados com o time que eu tenho”, diz o CMO.
Em 2024, a HRTech registrou um crescimento de mais de 150% no cross-sell desses produtos na base de clientes de recrutamento e seleção. Segundo o executivo, existe apetite dos clientes por mais soluções do ecossistema da Gupy. A expectativa é que o cross-sell continue crescendo na casa dos três dígitos em 2025.
Apesar de não abrir dados sobre o faturamento, Guilherme garante que a empresa está “num caminho cada vez mais rentável”. A base de clientes de recrutamento e seleção, o carro chefe da empresa, teve crescimento de mais de 50% em 2024 no upsell – ou seja, clientes que já usavam o produto e adquiriram novas funcionalidades e módulos, por exemplo.
“Esses 50% foram principalmente impulsionados pelo lançamento do nosso módulo de atração, o que mostra que esse produto core continua seguindo muito relevante no mercado”, aponta o executivo.