Em janeiro do ano passado, falamos aqui no Startups sobre a Sofya, uma startup nascida no núcleo de inovação do Hospital Sírio-Libanês, especializada em IA para notação e transcrição de consultas médicas. Na época, a empresa revelou que estava desenvolvendo internamente um modelo de linguagem (LLM), uma estratégia para se diferenciar no mercado. Pouco mais de um ano depois, a Sofya já conta com seu próprio LLM e planeja acelerar sua estratégia de go-to-market em 2025.
A novidade vem acompanhada de mudanças na liderança. No final do ano passado, Marcelo Mearim, ex-HiLab, assumiu o cargo de CEO da operação no Brasil, enquanto o cofundador Igor Couto passou a comandar a empresa em nível global.
“Essa mudança veio para organizar melhor a estratégia no Brasil. Agora temos mais clareza para impulsionar o go-to-market, enquanto o Igor pode focar no go-to-science e na inovação internacional”, explicou Marcelo em entrevista exclusiva ao Startups.
Desde sua fundação, em 2022, a Sofya já processou mais de 200 mil consultas em sua plataforma. Para 2025, a meta é escalar esse número para 1 milhão – o plano original era bater essa marca no ano passado, mas foi revisto.
Para atingir esse objetivo, a healthtech firmou parcerias com gigantes como Oracle e Meta e tem realizado provas de conceito (POCs) com grandes clientes.
“Estamos negociando contratos estratégicos e temos potencial para ganhar escala rapidamente”, afirma Marcelo. Com um LLM próprio, a plataforma se torna mais acessível e competitiva. Segundo ele, soluções similares já existem no mercado norte-americano, mas ainda não são amplamente difundidas no Brasil.
“Nossa tecnologia evoluiu muito em um ano. Antes, utilizávamos modelos de transcrição externos. Agora, desenvolvemos nosso próprio modelo baseado no Llama (da Meta), resultando em um sistema especializado na área da saúde, capaz de entregar raciocínio clínico sem alucinações”, destaca o CEO. “O custo caiu significativamente, pois o modelo elimina a cobrança por tokens e reduz os custos operacionais. Além disso, oferecemos mais segurança e precisão.”
Muito além da transcrição
Hoje, a Sofya vai além de um simples software de transcrição por IA. De acordo com Marcelo, a startup adiciona uma camada de inteligência à transcrição, oferecendo funcionalidades como sugestões de prescrição de medicamentos e opiniões médicas complementares.
Com essa proposta mais ampla, um dos planos da Sofya é integrar sua solução a softwares de prontuário eletrônico, mirando grandes clientes B2B, como operadoras de saúde, redes hospitalares e clínicas. O desafio, segundo Marcelo, é gerar demanda entre os potenciais clientes, mas os testes já demonstram aceitação positiva, com 94% de aprovação junto aos médicos que utilizaram a solução.
“Nas três POCs que realizamos recentemente, todos os clientes pediram para manter a solução ativa, pois os médicos relataram uma experiência muito melhor com nosso sistema. Antes, as transcrições eram caras e não tinham qualidade. Agora, a tecnologia atingiu um nível em que a entrega é altamente precisa e viável financeiramente”, avalia.
Com a estratégia de go-to-market em andamento, a Sofya também já iniciou um processo de captação. A startup pretende realizar uma rodada seed ainda no primeiro semestre para viabilizar seu crescimento no curto prazo e, posteriormente, buscar uma rodada maior, mirando investidores internacionais.
“Nosso objetivo é concluir a captação nos primeiros meses do ano e investir no aprimoramento da solução e na expansão comercial, com foco inicial no Brasil. O avião já está na pista, acelerando. Agora, acreditamos que, assim que decolar, pode virar foguete”, conclui Marcelo.