A Prudential é uma das maiores seguradoras do mundo, que tem no Brasil cerca de 4 milhões de clientes – é o 2º maior player de seguros de vida no país. Entretanto, a companhia também está de olho em outras oportunidades no mercado, e um deles é o de bem-estar. Para isso, a multinacional está com uma marca nova, a Fully Ecosystem.
Resultado de um investimento de R$ 200 milhões da Prudential nos últimos três, a Fully chegou oficialmente ao mercado em agosto, e desde então já soma mais de 60 mil vidas atendidas, uma marca comemorada pela CEO Aura Rebelo, que deixou a função de VP de marketing da Prudential nos Estados Unidos para abraçar o desafio.
“Surgimos inicialmente como uma divisão de wellness dentro da Prudential, em uma parceria com a Vitality (healthtech britânica) e nos primeiros anos não passamos de 23 mil vidas engajando com o produto. Agora com a marca própria, nos posicionamos para ganhar mercado de forma mais consistente”, avalia a executiva.
Agora como Fully Ecosystem, o foco da healthtech é justamente na palavra que faz parte do nome da empresa: o de montar um ecossistema de produtos de bem-estar, que vai desde a parte física, até a mental e financeira. É uma proposta de valor que se assemelha ao recente reposicionamento da Gympass, que esse ano se tornou Wellhub para abranger outros tipos de serviços.
Entretanto, segundo frisa Aura, a reformulação da operação vai mais além da nova marca e redesenho do portfólio. De acordo com a CEO, a Fully não quer ficar restrita ao guarda-chuva da Prudential. Além de atender a base de clientes de sua empresa-mãe, está nos planos da companhia plugar seus serviços em outras operadoras de saúde e de seguros.
“Criamos uma plataforma agnóstica, o que é algo super inovador para a Prudential, mesmo a nível global”, revela Aura. Com a postura diferenciada, a companhia tem planos ambiciosos de crescimento. “A nossa aposta de crescimento está justamente nessa ampliação de escopo. Queremos chegar a 1 milhão de vidas atendidas até 2027”, complementa.
Mercado endereçável
A plataforma Fully utiliza algoritmos internos para oferecer aos usuários uma jornada de incentivos, ajudando-os a alcançar metas semanais definidas pelo próprio aplicativo. Os programas incluem bem-estar, desafios de atividade física, meditação guiada para gerenciamento de estresse, ansiedade, melhora do sono e uma calculadora de calorias com inteligência artificial.
Na área financeira, a plataforma oferece dicas e ferramentas para ajudar os usuários a controlarem seus gastos e aprenderem mais sobre educação financeira. À medida que os usuários cumprem seus objetivos, eles ganham moedas Fully, que podem ser trocadas por vouchers em diversos segmentos, como restaurantes, lojas de roupas, acessórios esportivos, games, aplicativos de delivery e transporte.
Notícias Relacionadas
Saúde
Unimed prepara CVC, cria healthtechs e avança em inovação
A expectativa é que o Sistema Unimed encerre 2024 com mais de R$ 100 milhões em investimentos em startups e criar CVC em 2025
Healthtech
Um ano após comprar Zenklub (e já no breakeven), Conexa faz novo M&A
A nova aquisição é da startup Lina, plataforma de inteligência de dados que chega para aprimorar serviço da healthtech
Com uma abordagem semelhante ao segmento de benefícios, o foco da Fully é o de buscar clientes no B2B e B2B2C, aproveitando a penetração da Prudential no mercado local e conexão com parceiros como XP, Itaú e outros, que já distribuem produtos da seguradora. “Temos liberdade para buscar parceiros para conectar, inclusive concorrentes da Prudential“, afirma Aura.
Entretanto, o desafio de vender um produto de wellness é diferente de um seguro, e Aura sabe bem disso. “Quando se trata de uma seguradora como a Prudential, tem muito a visão do sinistro, do seguro que só é vendido uma vez ao ano. Para a Fully mudamos o discurso para uma narrativa mais positiva, com foco na qualidade de vida”, explica.
De acordo com uma pesquisa da Harvard University, a indústria do bem-estar movimenta quase US$ 4 trilhões de forma global. Não é a toa que empresas como Wellhub se tornaram unicórnios. No Brasil, um movimento recente foi o da Conexa, que comprou a Zenklub para complementar seu ecossistema de saúde com serviços de saúde mental.
Próximos passos
As ambições da Fully Ecosystem vão além do Brasil. A healthtech (ou seria uma insurtech?) já está oferecendo seus serviços na Argentina e em fevereiro deve levar sua plataforma para o Equador. Colômbia, Chile e México também estão nos planos da empresa nos próximos três anos.
“Queremos multiplicar nossa operação em vinte vezes neste período, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina”, pontua Aura.
Segundo a CEO, a Prudential está “comprada” na ideia da Fully e não deve parar de investir recursos na operação, à medida que a spinoff for cumprindo seus objetivos – em 2024, a CEO afirma que as metas foram batidas com folga.
“Temos um roadmap robusto para cumprir nossos objetivo de crescimento. A Prudential tem planos de investir cerca de R$ 10 milhões por ano, mas o foco é sempre o de crescer com austeridade”, finaliza a executiva.
