Imagine que você saiu de uma consulta médica e percebeu que o profissional não levou em conta seu histórico de saúde, ou que esqueceu de registrar informações importantes no prontuário. Situações assim são comuns no dia a dia, seja por falha humana ou por falhas de sistemas, o que acarreta filas mais longas, diagnósticos menos precisos e pacientes insatisfeitos com seu atendimento.
É justamente levando isso em consideração que a healthtech Doutor-AI quer fazer a diferença. Com a operação iniciada em fevereiro deste ano, a startup desenvolveu uma plataforma de IA e agentes autônomos capaz de acompanhar toda a jornada do paciente, incluindo o primeiro atendimento, agendamento, triagem, consulta, pós-consulta e monitoramento.
Hoje, a solução possui mais de 700 agentes treinados, com cada um deles responsável por uma funcionalidade diferente. “O que a gente está provando é que a IA na saúde não é sobre o hype. É sobre como você utiliza, se adapta a ela e como você co-cria com seus clientes. Nossa tese sempre foi sobre ouvir, adaptar e escalar com velocidade”, disse Mauricio Honorato, CEO da Doutor-AI, em entrevista ao Startups.
Do zero ao breakeven
Em dezembro de 2024, a Doutor-AI recebeu um aporte de US$ 1 milhão (cerca de R$ 6 milhões) em rodada pré-seed, liderada pela Airborne Ventures e com participação de dois investidores-anjo, cujos nomes não foram revelados.
Além disso, de acordo com o CEO, a empresa já atingiu o breakeven em apenas oito meses de operação. Esse crescimento já conseguiu chamar a atenção de grandes players do mercado, conquistando clientes de peso como Unimed, Clínica da Cidade, NefroClínicas, Rede D’Or e Leve Saúde.
“Estamos reposicionando a IA como uma ferramenta operacional real. O nosso foco são operadoras de saúde, hospitais e grandes redes de clínicas e laboratórios. Enterprise, B2B médio e grande. Comercializamos as nossas aplicações para esse público”, explica o CEO.
Integração a qualquer sistema
A proposta da Doutor-AI é funcionar como uma “força de trabalho digital” dentro das instituições de saúde. Sendo assim, seus agentes de IA podem ser plugados diretamente em canais já usados por hospitais, clínicas ou operadoras, como WhatsApp, plataformas próprias de atendimento, telefonia ou sistemas de agendamento.
Cada agente executa uma função específica. Isso significa que a tecnologia é capaz de responder dúvidas iniciais de pacientes, organizar agendas, confirmar consultas, enviar lembretes, realizar check-ins e até conduzir triagens prévias. Tudo isso com atendimento humanizado — só que feito por robôs.
Além do atendimento direto ao paciente, os agentes também atuam no suporte ao médico e na gestão das instituições. Durante a consulta, por exemplo, podem transcrever em tempo real a conversa, preencher automaticamente o prontuário com linguagem médica adequada e até sugerir exames ou encaminhamentos clínicos, evitando esquecimentos por parte do profissional.
No pós-consulta, os “funcionários robôs” enviam feedbacks, monitoram adesão ao tratamento e acompanham a evolução do paciente. Já na camada de gestão, oferecem dashboards que mensuram desde a qualidade do atendimento até o nível de satisfação dos pacientes, permitindo identificar falhas ou oportunidades de melhoria.