Em menos de um ano de operação, a healthtech Serena, que usa inteligência artificial para oferecer suporte psicológico via Whatsapp, começa a dar seus primeiros passos fora do Brasil. Com exclusividade ao Startups, a empresa anunciou sua chegada à Europa e aos Estados Unidos, com a expectativa de atingir 100 mil usuários até o fim de 2025.
Segundo Sávio Arruda, fundador e CEO da Serena, a decisão de internacionalizar a empresa tão rapidamente foi motivada por uma análise estratégica das oportunidades de mercado. “O fato de nossa ferramenta ser via Whatsapp facilita a globalização da solução, já que a plataforma é utilizada por mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo”, explica.
O Whatsapp já é queridinho dos brasileiros. Com mais de 147 milhões de usuários no país, o Brasil representa mais de 54% da base de usuários do app na América do Sul. Além disso, mais de 96% da população brasileira é considerada usuária ativa do mensageiro, de acordo com a Statista.
Sávio destaca que, nos Estados Unidos, o crescimento do WhatsApp tem sido notável, especialmente considerando a adoção inicial mais lenta devido à predominância de outros serviços, como o iMessage. “O engajamento do WhatsApp nos EUA não era muito bom, mas a plataforma tem crescido exponencialmente por lá, assim como na Europa”, afirma.
Nos Estados Unidos, o WhatsApp alcançou 100 milhões de usuários mensais ativos em 2024. Além disso, a plataforma é o principal serviço de mensagens na Itália, Alemanha, Espanha e outros países da Europa. A estratégia da Serena no mercado internacional é focar justamente nos países com maior penetração do WhatsApp, aproveitando essa ampla base de usuários para expandir seus serviços.
A solução da Serena oferece apoio emocional acessível e imediato, disponível 24 horas por dia. A inteligência artificial da empresa é treinada com conteúdos assinados pelo Dr. Marco Abud, psiquiatra formado pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), abordagem psicoterapêutica utilizada no tratamento de transtornos como ansiedade, depressão e outras condições.
Segundo o empreendedor, a ferramenta não substitui o acompanhamento profissional, e o suporte de um terapeuta ou psicólogo é essencial para um tratamento eficaz. “A Serena é complementar ao tratamento, mas não a única solução para tratar essas questões”, pontua. Ele vê a Serena como uma boa porta de entrada para que o usuário busque atendimento especializado. “A Serena é treinada para identificar o grau de ansiedade e depressão do usuário. Se for algo grave, a ferramenta recomenda que ele procure um profissional de saúde mental. A ideia é trabalhar em conjunto”, acrescenta.
Potencial de mercado
O empreendedor destaca que a Serena aborda um problema global e, por isso, há demanda por seus serviços em diversas regiões. “Ansiedade, burnout e depressão não são questões exclusivas do Brasil. São desafios enfrentados em todo o mundo, por isso faz sentido disponibilizar nossa ferramenta para o maior número possível de pessoas”, pontua.
O CEO da Serena destaca que o potencial de mercado é grande, e os números comprovam. Em 2019, cerca de 1 bilhão de pessoas já viviam com algum tipo de transtorno mental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, conforme um resumo científico divulgado pela OMS. Dados sobre saúde mental como estes indicam uma crescente preocupação global com transtornos mentais.
Esses dados refletem uma crescente preocupação global com transtornos mentais, o que reforça a demanda por soluções como a da Serena. “Tanto nos Estados Unidos quanto em alguns países europeus, há uma crescente preocupação com a saúde mental, e as pessoas e governos desejam abordar esse tema de forma proativa. A Serena pode contribuir significativamente com isso”, diz Sávio.
Em apenas quatro meses de operação no Brasil, a Serena realiza, em média, 500 atendimentos diários, totalizando 65 mil desde seu lançamento. A startup projeta que o Brasil continue sendo o principal mercado após a expansão, representando cerca de 70% da base total de usuários. Com a internacionalização, a companhia estima alcançar 100 mil usuários no mundo até o fim de 2025.
“O atendimento via WhatsApp é um grande diferencial da Serena. Existem muitos aplicativos bons de saúde mental, mas o WhatsApp é mais prático. Com ele, conseguimos aumentar o engajamento do usuário, que não precisa baixar outro aplicativo apenas para cuidar da saúde mental. Além disso, a Serena é capaz de enviar áudios educativos, o que humaniza a comunicação e proporciona uma sensação de acolhimento, além de oferecer suporte personalizado para ajudar a lidar com os desafios”, explica Sávio.
Ao invés de adotar uma assinatura mensal, a Serena opera em um modelo de créditos. Nesse sistema, cada resposta ou áudio enviado pela Serena equivale a um crédito, e o usuário paga um valor pela quantidade de créditos que deseja, podendo utilizá-los a qualquer momento. Os primeiros três créditos são gratuitos. Em paralelo à internacionalização, a startup planeja introduzir novas funcionalidades para cada mercado, com a meta de atender à crescente demanda por soluções acessíveis em saúde mental.