Healthtechs

Fiibo evolui marketplace para ser Mercado Livre de saúde e bem-estar

Healthtech lançou a primeira multiplataforma do setor, com mais de 1.300 produtos em nove categorias do setor

Ítalo Martins, fundador e CEO da Fiibo
Ítalo Martins, fundador e CEO da Fiibo (Foto: Divulgação)

“O mercado da saúde é o único que ainda não tinha um marketplace multi-produto que conectasse todo o mercado”, dispara o cardiologista Ítalo Martins, em entrevista ao Startups. A inquietação  ao se deparar com um mercado complexo, fragmentado e pouco acessível para a maioria dos brasileiros fez com que ele decidisse criar a Fiibo, healthtech fundada em 2022 que opera como uma multiplataforma de saúde e bem-estar, conectando planos de saúde, consultas, farmácias, exames, procedimentos e outras iniciativas em um único lugar.

“Todo mundo gostaria de ter um Mercado Livre da saúde, um lugar onde qualquer pessoa pudesse comprar tudo aquilo que fosse necessário para promover a sua saúde e o seu bem-estar, de forma fácil e simplificada. É algo que empodera o cliente final”, observa Ítalo, médico doutor pela FMUSP com passagem no mundo dos negócios após ter liderado as operadoras Free Life Saúde, LIV Saúde e InterBrasil Saúde.

Os primeiros passos da healthtech foram no mercado de benefícios corporativos, ao criar um vale-saúde que funciona de forma similar ao vale-alimentação ou vale-refeição. As empresas podem definir valores mensais para disponibilizar para o colaborador, e os funcionários podem utilizar os créditos na plataforma da Fiibo da forma que desejarem. “Startups como Flash e Caju apostaram nos benefícios flexíveis há cerca de cinco anos, mas ninguém havia conseguido fazer isso para o setor da saúde”, explica Ítalo.

O marketplace da Fiibo conta com mais de 1.300 produtos em nove categorias como planos de saúde e odontológicos, medicamentos, estética, telemedicina, entre outros serviços como Wellhub (ex-Gympass) e Zenklub, de terapia online. A proposta, segundo o CEO da startup, é oferecer um acesso prático e personalizado para que os usuários cuidem da saúde de forma abrangente. “A pessoa tem um valor a cada mês e escolhe como quer gastá-lo – escolher o seu plano de saúde, se quer um atendimento por telemedicina ou não, pegar desconto em farmácias, entre outras soluções, o que aumenta a satisfação e o engajamento. 

Modelo de negócios

As startups de benefícios flexíveis têm enfrentado alguns desafios no mercado, principalmente relacionado à briga com as incubentes. No início do ano, a Justiça paulista condenou startups de benefícios flexíveis a pagarem uma indenização às companhias tradicionais do segmento. O processo foi movido pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), que representa gigantes como Sodexo, Alelo e Ticket, acusando startups como Flash, Swile, Caju e iFood Benefícios de concorrência desleal. 

Mais recentemente, as startups foram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a autarquia investigue práticas anticoncorrenciais, alegando que práticas de rebate, proibido por lei, seguem sendo feitas sob a forma de “serviços de valor agregado”.

Embora a Fiibo utilize a lógica dos benefícios flexíveis em seu vale-saúde, Ítalo acredita que a healthtech startup não vai enfrentar uma oposição como ocorreu com as outras startups. “Há uma grande diferença. Iniciativas como Flash e Caju substituem um modelo de rede fechada pela rede aberta. Já a Fiibo não ocupa o lugar de ninguém; apenas facilita o trabalho de todo mundo. É uma plataforma multi-produto em que todos os players de saúde podem atuar e oferecer seus produtos. A gente cria um novo canal para os corretores e fornecedores de saúde, que usam nosso marketplace para atrair novos clientes e vender. E, como qualquer marketplace, empoderamos o cliente na outra ponta”, pontua.

Hoje, a Fiibo atua no mercado B2B, oferecendo seu vale-saúde para as empresas e proporcionando mais liberdade de escolha para os colaboradores. No entanto, o sonho é ampliar o modelo para o consumidor final, atuando também no mercado B2C.

Segundo Ítalo, no mundo já existem marketplaces B2C de saúde, mas que operam com um único produto. Ou seja,  um focado em telemedicina, outro em vacinas, farmácias e assim por diante. No entanto, ainda não existe um marketplace B2C multi-produto de saúde e bem-estar. “Por enquanto, ainda é inviável ter um marketplace B2C nesse setor, porque não há infraestrutura horizontal adequada”, diz o empreendedor. “Não é um plano de curto e médio prazo, mas é o que seremos no futuro”, acrescenta.

Hora de crescer

A proposta da Fiibo já atraiu alguns investidores de peso. Em agosto de 2023, a startup captou R$ 17,5 milhões em uma rodada seed liderada pela Headline, com participação da Vox Capital. A healthtech atingiu um valuation de R$ 77,5 milhões, triplicando a avaliação do ano anterior, quando recebeu um aporte privado de R$ 11 milhões da multinacional Alvarez & Marsal (A&M), da empresa de tecnologia Oowlish e da XMartins Participações. A Fiibo anunciou um novo aporte em junho de 2024, desta vez feito pela Wayra Brasil, fundo de corporate venture capital da Vivo. O valor do investimento não foi divulgado.

“Conseguimos fazer muita coisa com os recursos captados. Foram captações boas e esperamos continuar sendo vistos pelo mercado como um players que otimiza os recursos e gera resultados”, afirma Ítalo.

Nos últimos 18 meses, a Fiibo registrou um aumento de 10 vezes no volume mensal transacionado na plataforma. Parte disso é resultado de uma expansão do portfólio de produtos. “Trouxemos a alimentação e nutrição para o nosso marketplace de saúde e bem-estar, porque fez sentido na nossa tese”, explica Ítalo. A meta é aumentar o Total Transacionado Bruto (TTB) anual de R$ 103 milhões em 2023 para R$ 1 bilhão até 2025.

“O foco é continuar a evolução operacional, de produto e eficiência. Já alcançamos o breakeven operacional, ou seja, desde janeiro a gente não queima caixa para operar. Da porta para fora, queremos seguir com a expansão sustentável da Fiibo no mercado, mostrando que não competimos com ninguém”, destaca o CEO.

Entre os planos de crescimento, está a expansão dos canais de venda. Atualmente, a Fiibo é parceira da XP, oferecendo sua plataforma de saúde e bem-estar aos funcionários e assessores financeiros da corretora. “A XP é um grande canal de venda, mas fechamos vários outros que serão anunciados em breve e impactarão milhões de clientes”, finaliza Ítalo.