Quando fundou a Talent Academy, em 2018, Maurício Betti nem imaginava que as portas para uma captação se abriram aleatoriamente durante um voo para Porto Alegre. No início do ano passado, ele embarcou para o Sul do país a caminho do South Summit, evento internacional de inovação em negócios. E para a sua surpresa, ao entrar no avião, viu que sentado ao seu lado estava Pedro Waengertner, cofundador da ACE, holding de inovação que atua como venture capital early stage e venture builder.
“Fiquei o voo inteiro conversando com ele, fazendo pitch e falando da minha startup”, conta Maurício. A conexão seguiu após o evento e, em meados de 2022, a Talent recebeu o sinal verde para sua próxima rodada. Em alguns meses, em dezembro, o CEO da HRTech já estava assinando o cheque de R$ 3 milhões, liderado pela ACE com a participação dos fundos 1289 Capital, Bossanova Investimentos e investidores-anjo.
“Conseguimos levantar o investimento relativamente rápido considerando o contexto atual do mercado, em que muitas empresas estão fazendo layoffs e estão com dificuldades de captação”, afirma o empreendedor. Ele fundou a startup ao lado de sua irmã Renata e da psicóloga Jaqueline Padilha, como uma plataforma focada no sucesso do colaborador. O negócio atende organizações no Brasil e fora, incluindo nomes como Amazon, Oracle, Itaú, Natura, Ambev e Raízen.
A companhia desenvolveu um software com ferramentas proprietárias para fazer a gestão de pessoas a partir de people analytics, fornecendo dados e insights para os gestores RH tomarem decisões mais assertivas. A plataforma oferece ferramentas de análise comportamental, pesquisa de clima e pulso, desenvolvimento de competências socioemocionais e avaliação de desempenho com o objetivo de reduzir o turnover e aumentar o engajamento, a satisfação e a produtividade dos colaboradores.
Com o dinheiro captado, a startup planeja aumentar o time, hoje com quase 50 pessoas. A meta é dobrar a equipe até o fim do ano com contratações nas áreas comercial e de produto para que a plataforma amplie sua atuação no Brasil e América Latina. Outra parte do capital será usada para tecnologia, na criação de funcionalidades que integrem completamente a jornada do colaborador, desde sua entrada até a saída da empresa. “Além disso, vamos investir no time comercial para criar uma máquina de vendas e escalar cada vez mais o nosso crescimento”, diz Maurício.
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Crescimento pé no chão
“Os investidores estão apostando mais no early-stage. Por isso, o momento atual do mercado, mais difícil para grandes empresas, não interferiu na nossa captação”, explica Renata. Isso não significa que a Talent Academy vai sair gastando dinheiro à toa. Segundo a empreendedora, a proposta é crescer de forma sustentável e pé no chão, evitando os problemas de startups que crescem muito rapidamente.
Marcelo conta, inclusive, que a HRTech poderia ter levantado um cheque maior, mas decidiu captar apenas o necessário para bater as metas de crescimento e fazer uma série A em 2024. Mas antes disso, um investimento adicional pode vir em breve, já que a Talent Academy venceu a competição Bring Your SaaS, da Meta Ventures, e tornou-se elegível para um investimento de R$1,5 milhão, atualmente em negociação.
Para 2023, a projeção é quadruplicar o faturamento, dobrar o tamanho do time, expandir sua rede de especialistas e consultores de RH e lançar novas funcionalidades que integram cada vez mais as ferramentas em uma jornada unificada. Atualmente, a Talent tem mais de 65 mil usuários de diversos países, com clientes no Brasil, Estados Unidos, Japão e América Latina, e deve aumentar a base para 100 mil usuários nos próximos meses.
O cheque de R$ 3 milhões é o segundo investimento institucional da Talent Academy. Anteriormente, já havia levantado R$ 1,5 milhão de investidores-anjo e das empresas Bossanova Investimentos e 1289 Capital. No ano passado, a HRtech foi uma das 15 startups selecionadas para participar do Berkeley SkyDeck, programa de aceleração global realizado pela Universidade da Califórnia. Como parte do programa, receberam outros US$ 105 mil.
