HRTech

As incumbentes estão com medo de perder mercado, diz Swile

Nova lei de benefícios de alimentação tirou vantagens das grandes operadoras, e HRTech quer aproveitar o momento

julio brito
Swile. Crédito: divulgação

Nos últimos anos, as empresas de benefícios flexíveis se tornaram uma “pedra no sapato” dos grandes players de benefícios, que há décadas dominam o mercado – e de certa formam faziam algumas das regras. Entretanto, a mudança no Programa de Alimentação do Trabalhador, que entrou em vigor em maio, promete mudar o jogo.

Para o diretor geral da Swile no Brasil, Júlio Brito, novas regras do PAT tiraram alguns dos “poderes” dos players tradicionais, nivelando mais a competição com os players de benefícios flexíveis na parte de benefícios obrigatórios como o vale refeição e vale alimentação.

“O que vai destravar com o novo PAT é que vai acabar com algumas práticas que desfavorecem o mercado, como o rebate. Espero que o fim do rebate traga um equilíbrio maior na competição”, explica Júlio.

Para quem não conhece, o rebate é uma prática antiga de operadoras de benefícios, que na hora de fechar negócios com uma empresa (especialmente as grandes), oferecem descontos no valor geral do contrato, assumindo parte do custo das empresas e diminuindo o valor total de aquisição dos benefícios.

Com o novo PAT, a prática do rebate se tornou iregular, tirando das incumbentes como Sodexo e VR uma de suas “cartas na manga” para competir. Outra mudança no PAT é a definição do arranjo aberto para os pagamentos, acabando com a questão de cartões de vale refeição que só são aceitos em locais credenciados, e estimulando o uso de bandeiras aceitas mais amplamente.

“Tirando o rebate e tornando os pagamentos destes benefícios mais abertos, a partir de agora os RHs das empresas vão olhar melhor para os diferenciais de serviço que entregamos. Além disso, o arranjo aberto vai destravar muito o uso em diferentes estabelecimentos”, avalia Julio.

Não contavam com a astúcia

Para o diretor da Swile no país, as grandes operadoras ainda estão acordando para a nova realidade de benefícios, algo semelhante ao que outros setores se obrigaram a fazer quando players como Uber e Airbnb chegaram ocupando seus respectivos mercados. E ele diz isso com propriedade, já que saiu de uma das maiores empresas tradicionais de benefício do país para tocar a operação da HRtech francesa.

“Elas não contavam com a entrada de empresas disruptivas como a Swile e outras, que ‘bagunçaram’ o mercado no bom sentido, e agora estão fazendo de tudo para manter os clientes”, dispara. “Algumas estão lançando suas versões de benefícios flexíveis, mas não estão usando tecnologia, apenas colocando mais cartões na mão dos funcionários”.

Júlio Brito, diretor geral da Swile no Brasil
Júlio Brito, diretor geral da Swile no Brasil (Crédito: Divulgação)

Segundo Júlio, o gancho da tecnologia e da gestão dos recursos dos benefícios através de app e plataforma própria é o que está rendendo para a Swile. “Estamos batendo na tecla da flexibilidade e facilidade para gerir os benefícios, e não tá difícil converter. Temos uma forma bem descontraída de convencer as empresas”, revela.

Próximos passos

Em 2022, a Swile mais do que triplicou de tamanho no Brasil, saltando de 100 mil para 400 mil usuários – ampliando bastante a base que a multinacional tinha quando nasceu da aquisição da Vee Benefícios para entrar no país. Segundo Júlio, a HRTech está prestes a pisar mais no acelerador com a mudança na legislação.

“No ano passado, revisamos metas e traçamos um plano mais factível, que foi cumprido. Aproveitamos o ano para estabelecer a base para o crescimento que queremos buscar a partir de agora. Tornamos a marca mais conhecida, estruturamos e treinamos nossos times. Estamos prontos”, afirma.

Apesar de não abrir números para 2023, Júlio afirma que a companhia já está ultrapassando a meta definida para o primeiro semestre. “Em junho devemos passar bem da metade da meta do ano”, completa.

Falando dos planos da Swile daqui pra frente, Julio adianta que a companhia deverá, em breve, testar no Brasil o módulo de despesas de viagens corporativas, produto da aquisição da Okarito no ano passado. “O plano é lançar essa solução de forma geral até o fim do ano”, adianta.

Quanto à novas aquisições, Júlio afirma que não é uma prioridade atual para a Swile, apesar da empresa estar de olho no mercado para oportunidades. É uma postura diferente de outras HRTechs – um exemplo é o da Betterfly, que comprou recentemente a SeuVale, uma empresa de benefícios flexíveis, para entrar na briga com Swile, Flash, Caju etc. A Flash também fez uma série de compras, adquirindo a Folha Certa (gestão de RH) e ExpenseOn (despesas corporativas).

“Não descartamos oportunidades de M&A no Brasil. Se ela tiver relação com o que buscamos para nossos clientes, podemos pensar, mas não é algo para agora. É melhor atirar com um rifle sniper do que sair atirando de metralhadora”, finaliza.