Miklos Grof, fundador e CEO da Company Hero | Foto: divulgação
Miklos Grof, fundador e CEO da Company Hero | Foto: divulgação

Quando se fala em internacionalização na América Latina, geralmente os países que vêm à cabeça são México e Colômbia. Contudo, a HRTech Company Hero resolveu enveredar por um outro caminho em seu plano de crescer além do Brasil, anunciando o início de suas operações no Chile.

A entrada no país de Pablo Neruda e Pedro Pascal começou em outubro, baseada em um primeiro produto já validado no Brasil — os escritórios virtuais (oficinas virtuales), serviço que permite que pequenas empresas tenham uma sede fiscal e comercial sem a necessidade de manter um espaço físico.

As primeiras unidades da Hero foram inauguradas em outubro, nas comunas de Las Condes, Lo Barnechea e Ñuñoa, e a empresa já planeja a expansão para outras regiões como Providencia, Vitacura e Centro, todos polos que concentram grande número de profissionais independentes e PMEs.

Para bancar este plano de internacionalização, com a estruturação das unidades, iniciativas de marketing, expansão de portfólio e contratação de times locais, a Company Hero pretende desembolsar algo em torno de R$ 10 milhões.

Segundo o fundador e CEO Miklos Grof, a escolha pelo mercado chileno tem alguns fatores determinantes — o principal deles sendo o fato de que o país tem uma estrutura mais favorável aos profissionais independentes, que são os clientes em potencial para a Company Hero.

“O mercado de trabalho independente é bastante maduro no Chile. O país tem uma alta estabilidade e digitalização do ambiente regulatório, então isso deixa a regra do jogo lá mais clara, previsível. Vários players, como o governo, estão altamente digitalizados. Tudo isso reduz muito risco e ajuda a gente a acelerar a operação”, explica o húngaro Miklos, que morou dois anos no Chile, algo que contribuiu para seu conhecimento do mercado local.

Outro movimento para sustentar a expansão da Company Hero no Chile – e também em outros países latinos – foi a contratação de um executivo dedicado. À frente da operação chilena estará Cristian Nuñez, executivo responsável por diversas iniciativas dentro do ecossistema de startups do país, especialmente em logística e tecnologia.

Com o esforço, a meta da HRTech é que a operação internacional responda por R$ 50 milhões de ARR (Receita Anual Recorrente) até 2028, já incluindo a expansão para outros países da América Latina. De acordo com o CEO, a operação chilena funcionará como um grande laboratório, validando seu produto para chegar futuramente em mercados mais aquecidos (porém mais complexos na parte regulatória), como México e Colômbia.

“Chile é o passo 1, não o destino final. Começamos num ambiente mais previsível e depois escalar para países com mercados maiores. Mas precisa ser na ordem certa”, avalia.

Um bom 2025

Quanto à operação brasileira, Miklos revela que 2025 foi um ano de expansão acelerada. A Company Hero deve encerrar o ano com R$ 60 milhões em ARR, quase o dobro em relação aos R$ 35 milhões que anotou no ano passado. “E chegamos nesse resultado com investimento do próprio caixa. Já temos fluxo de caixa positivo”, completa o CEO, revelando que a empresa não faz captações desde 2023.

A última rodada divulgada abertamente pela startup foi em 2021, quando levantou uma pré-série A de R$ 3,2 milhões com a GVAngels.

Para o próximo ano, o plano da HRTech é manter um ritmo acima de 50% de crescimento ano a ano, chegando a uma receita recorrente de R$ 100 milhões somente na operação brasileira. Para isso, a empresa está expandindo suas verticais, indo além do backoffice e oferecendo produtos como benefícios, algo que chega para atender à maior parte de sua base de clientes – 56% da base da Company Hero são microempresas, muitas delas com funcionários.

“Não gosto de usar o termo ‘CLT as a service’, mas é algo que estamos facilitando, conectando com vale-refeição, operadoras de saúde, seguros de vida e outros benefícios. Queremos focar no ciclo completo em torno do PJ”, finaliza Miklos.