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Ex-Stone cria HRTech e aquece mercado de benefícios flexíveis

Com foco em clientes enterprise, a Alymente oferece serviços personalizados para grandes empresas como Heineken, Nissan, BIC e Pfizer

André Purri, CEO da Alymente
André Purri, CEO da Alymente | Foto: Divulgação

Quando trabalhava na Stone como líder comercial, André Purri percebeu uma dor latente entre as empresas que atendia. “Ao adotarem as maquininhas de cartão, os lojistas elogiavam as melhores taxas para crédito, débito e antecipação de recebíveis, mas também destacavam outra demanda: condições mais vantajosas para os vouchers de benefícios corporativos”, conta.

Segundo André, o principal desafio era lidar com taxas elevadas e prazos de pagamento longos. “Os lojistas não tinham muitas opções, já que o setor de benefícios era dominado por quatro grandes empresas – Alelo, Ticket, Pluxee (antiga Sodexo) e VR Benefícios -, que juntas concentravam mais de 95% do mercado. Eles precisavam aceitar o serviço nas condições impostas por essas companhias”, explica.

Ele então decidiu buscar uma solução. “Queria criar algo que fizesse mais sentido para o mercado, tornando o arranjo mais equilibrado entre estabelecimentos, colaboradores e empresas de benefícios corporativos”, conta André.

O esforço resultou, em 2017, na criação da Alymente, uma startup especializada em benefícios flexíveis no Brasil.

Conquistando espaço

Em um mercado altamente competitivo, com players de peso como Caju, Swile, Flash e iFood Benefícios, a Alymente encontrou maneiras de se destacar. A HRTech tem foco em clientes enterprise e atende grandes empresas como Heineken, Nissan, Pfizer, BIC, Total Express e Scania. “Embora outras startups também atendam grandes companhias, o foco principal delas está nas PMEs”, explica André. “Na Alymente, o número médio de vidas atendidas por CNPJ é muito superior à média do mercado”, acrescenta.

Outro diferencial, segundo o CEO, é a possibilidade de personalização da solução. “Empresas grandes precisam de um serviço feito sob medida. Enquanto outros players oferecem produtos de prateleira, nós focamos na adaptação. Não é a corporação que se adequa à Alymente; somos nós que nos ajustamos às necessidades do cliente”, afirma André.

A empresa permite que seus clientes definam quais benefícios oferecer, se haverá interseção entre categorias, se o modo de despesa corporativa será habilitado e até a personalização do cartão com a logomarca da companhia. Além disso, a Alymente designa um gerente de contas para cada cliente, garantindo um atendimento próximo e de alta qualidade.

A plataforma ainda oferece aos gestores de Recursos Humanos um dashboard completo, que permite o monitoramento dos hábitos de consumo dos colaboradores, ticket médio e outras informações relevantes. O objetivo é facilitar a criação de estratégias mais assertivas e a oferta de benefícios que atendam verdadeiramente às demandas dos trabalhadores.

A Alymente já atende mais de 2 mil CNPJs e, desde sua fundação em 2017, emitiu mais de 150 mil cartões.

Modelo sustentável

A Alymente captou uma rodada seed no início de suas operações e, segundo André, alcançou a lucratividade antes mesmo de consumir todo o investimento. “Nunca fui adepto da tese de crescer a qualquer custo, sem eficiência. Sempre tivemos um olhar cuidadoso sobre a alocação dos recursos para garantir que a conta fechava no fim do mês”, afirma.

Agora, a startup se movimenta estrategicamente no mercado. Sem revelar muitos detalhes, André confirma que está trabalhando com uma assessoria para um processo de M&A. Ele não especifica se a intenção é adquirir outra empresa ou ser comprado por um player maior, mas adianta que novidades devem surgir ainda no primeiro trimestre. “Estamos olhando para o mercado para expandir nossa operação e agregar novas soluções”, diz.

A plataforma da Alymente já conta com um portfólio robusto, oferecendo benefícios, incentivos, prêmios e bonificações. Recentemente, a empresa lançou soluções voltadas para abastecimento de frotas e despesas corporativas, que devem ser aprimoradas ao longo de 2025. Além disso, a startup planeja entrar nos mercados de crédito e folha de pagamento, incluindo produtos como crédito consignado e antecipação salarial.

Com uma operação saudável e consolidada, a Alymente se prepara para um ano de forte crescimento. “Estamos prontos para escalar sem perder eficiência. Em 2025, vamos fortalecer as frentes já existentes e acelerar novas verticais”, destaca André. Até o fim do ano, a meta é triplicar indicadores como número de contas, colaboradores atendidos e faturamento.