Ecossistema

Hub The Collab é inaugurado em Brasília com parceria da Caixa

Com foco em deep tech, hub será dividido em verticais como smart cities e saúde. A Caixa Econômica será parceira no cluster de govtechs

Os fundadores do The Collab, Priscila Toledo e Diego Aristides, com Laércio Lemos, VC de Tecnologia e Digital da Caixa. Foto: Divulgação
Os fundadores do The Collab, Priscila Toledo e Diego Aristides, com Laércio Lemos, VC de Tecnologia e Digital da Caixa. Foto: Divulgação

Brasília ganhou um novo hub de inovação. O The Collab foi inaugurado na noite desta quinta-feira (10) na Arena BRB Mané Garrincha com o objetivo de reunir startups e corporações que atuem com soluções de deep tech em áreas como smart cities, saúde, sistema financeiro e políticas públicas, entre outras.

A iniciativa havia sido anunciada pelo casal Priscila Toledo e Diego Aristides, fundadores da holding Stellula.co, em entrevista para o Startups, em setembro. Segundo eles, a ideia é que o The Collab seja uma forma de conectar corporações com a comunidade de startups, fora do eixo Sul e Sudeste. O hub será focado nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país.

O The Collab contará com verticais chamadas de “clusters”, que terão parcerias com empresas de referência nesses segmentos. Durante o evento de inauguração, foi anunciado que a Caixa Econômica Federal será a primeira empresa a se conectar com o hub, em uma parceria no cluster de govtechs.

Há cerca de uma semana, o banco lançou seu próprio hub de inovação, o Espaço TEIA, montado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, também em Brasília.

“Nossa parceria gera uma complementaridade. Eles trazem o lado da govtech e nós apoiamos com o lado de deeptech. E quando a gente faz parceria com uma empresa que tem acesso a 150 milhões de pessoas, isso faz com que a deep tech realmente aconteça. Tanto a Caixa, quanto o The Collab têm uma missão de impacto social”, afirma Diego Aristides, cofundador do The Collab.

A inauguração do The Collab em Brasília também contou com a presença de robôs (Foto: Divulgação)

Soluções para governo

Para Laércio Lemos, vice-presidente de Tecnologia e Digital da Caixa Econômica Federal, a parceria com o The Collab visa a união de esforços para um objetivo comum, que é buscar soluções na área de governo.

“Essa união pode ser um caminho para levar soluções de deep tech para cidades no Brasil todo. A inteligência artificial tem que estar embarcada em tudo, não tem como fazer mais nada hoje sem essa tecnologia. Do ponto de vista das políticas públicas, temos um foco grande em habitação e desenvolvimento urbano. Fora os usos no financiamento habitacional com recursos do FGTS, na análise de crédito”, explica o executivo.

Em meio à decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 10,75% ao ano, a Caixa tem apostado em tecnologia para trazer mais segurança ao processo de concessão de crédito, permitindo a redução dos juros praticados pelo banco.

“Nosso objetivo com tudo isso é forçar a baixa do custo dos produtos bancários no Brasil. Quando a gente embarca tecnologia, a gente chega perto de competir com muitos bancos. E como a gente tem taxas menores, eles vão ter que baixar a taxa deles também. Se a Caixa entrar forte nesse mercado com tecnologia intensa, a gente consegue forçar a redução de custos financeiros para o Brasil”, assegura Laércio.

Hub quer crescer em 2025

Neste primeiro momento, o The Collab contará com um espaço de 140 metros quadrados na Arena BRB Mané Garrincha, que futuramente funcionará como um lounge, uma área para construção de networking e relacionamento entre os participantes. Para o ano que vem, a ideia é que o hub seja ampliado para um espaço de 700 metros quadrados, onde as startups e corporações poderão trabalhar juntas.

“A gente não gosta de chamar de coworking. Porque senão as pessoas ficam muito ligadas em cada um fazer o seu próprio trabalho. Nós queremos fomentar a troca e criar esse ecossistema pulsante, de alguém estar desenvolvendo uma solução que a empresa do lado precisa e às vezes nem sabe”, explica Priscila Toledo.

Além das startups, o hub apoiará pesquisas científicas e fará parcerias com universidades para transformar a produção acadêmica em produtos que podem ir a mercado.

A ideia é que, para fazer parte do The Collab, as empresas estejam em um estágio mais maduro, indo para a Série A, e que o trabalho com as empresas em estágios mais iniciais aconteça justamente por meio dessa parceria com as universidades.

“A gente vai lançar um edital de inovação temático para cada cluster e a startup vai passar por um período de avaliação de três meses para fazer parte do ecossistema. Nesse momento, a gente olha para o captable, entende quem é o empreendedor que está por trás da startup. Pode ser que a gente diga: olha, não está no seu momento de estar aqui, mas a gente vai ajudar. A inovação é uma grande troca. E não é porque a startup não está pronta neste momento que ela não estará daqui a dois ou três anos”, afirma Diego.

Outras cidades

Segundo os cofundadores, o objetivo é expandir os hubs de inovação em deep tech para outras cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Os estados da Bahia e Manaus estão nos planos de Diego e Priscila para o curto prazo.

“Nossa tese é sempre olhar do Centro-Oeste para cima. Cada cidade tem a sua particularidade e o seu potencial para inovar. Faz parte do roadmap ir para esses outros lugares, e estamos trabalhando para 2025, 2026, estar não só em Brasília, mas outras cidades também”, diz Diego.

Priscila destaca que a marca The Collab foi criada especificamente para Brasília, com referências a símbolos da cidade, como as rotatórias, o Congresso. Em outras cidades, eles pretendem criar hubs com nomes diferentes, pensados para as características únicas de cada região.

“A gente tem uma preocupação muito grande em que as pessoas se sintam parte daquilo. Provavelmente vai com uma construção diferente, mas sendo parte do mesmo ecossistema”, conta a empreendedora.