Prestes a completar um ano do seu lançamento, a Corporate Venture Builder (CVB) Iaris Ventures está selecionando startups para seu novo batch. A escolha será feita no Investor Day, no dia 22, e vai acrescentar novas empresas ao portfólio que hoje conta com três investidas. Segundo Paulo Buso, CEO da Iaris, a ideia é fechar o semestre com cinco ou seis startups e ter por volta de oito ou nove empresas até o fim do ano.
Lançada em 2024 em Juiz de Fora (MG), com apoio do FCJ Group, do escritório Monteiro de Castro Amaral Advocacia (MCA) e da empresa Sindicatos Online (SON), a Iaris tem a missão de investir em 30 empresas em um período de seis anos.
O foco são as lawtechs (jurimetria, cálculos, automação, inteligência artificial, entre outros), fintechs (ativos alternativos) e martechs/adtechs (marketing, mídia, comunicação, produção de conteúdo).
Até o momento, o CVB investiu em três startups de segmentos diferentes. A Ichello, de investimentos alternativos, permite que os usuários invistam no seu artista favorito, recebendo uma parte dos royalties como retorno. A Bumy Social entra na categoria de comunicação, funcionando como uma social media manager virtual. Já a Secbrain usa inteligência artificial para aumentar a produtividade dos usuários.
Em entrevista ao Startups, Paulo faz um balanço deste primeiro ano de atuação da Iaris, e comenta que a inteligência artificial trouxe oportunidades, mas também uma certa confusão aos founders.
“Hoje, 90% das coisas que chegam são focadas em IA. Eu tento fugir um pouco disso. É importante avaliar se a IA faz sentido e o quanto agrega no dia a dia. Tivemos conversas com startups que tinham uma plataforma com mercado super relevante, bem estruturada, querendo evoluir para IA. Tá, mas por que? Se está dando super certo. Pensando no storytelling, seria mais um gasto que um diferencial”, aponta o CEO da Iaris.
No segmento jurídico, porém, uma das verticais observadas pelo CVB, Paulo admite que a inteligência artificial tem cumprido um papel importante para o desenvolvimento de novas soluções.
“Tem muita coisa legal surgindo onde a IA é core, principalmente no mercado jurídico. Por isso a vertical está tão em alta. O mercado se abriu para a tecnologia de forma tardia e a IA está sendo uma grande aliada, porque faz muito sentido para otimizar leituras de processos, reduzir custos”, aponta.
Entre os critérios para investimento nas startups, além do enquadramento nas verticais, está uma certa maturidade das empresas. A Iaris exige MVP (Produto Mínimo Viável) lançado até o pré-seed, além de clientes reais pagantes, captable saudável e que pelo menos um dos sócios seja 100% dedicado ao negócio.
O valor dos cheques varia de acordo com a negociação, mas não ultrapassa R$ 1 milhão, segundo o CEO.
Para Paulo, que foi Chief Marketing Officer da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) antes de assumir o cargo de CEO da Iaris, um dos desafios atualmente tem sido lidar com as expectativas de founders que ainda se guiam pela dinâmica do mercado de 2021, com valuations inflados e rodadas de valores mais altos.
“Em relação aos founders, o mercado está passando por uma transição. Existe uma frustração do nosso lado por muitos não enxergarem que os valuations estão um pouco equivocados. Eu já tinha uma ideia de como o mercado estava complexo, mas agora, estando inserido totalmente, vejo na prática o quanto tem um descasamento de mercado”, avalia.
Parte do papel da Iaris enquanto CVB é ajudar na reconstrução da estrutura de governança das empresas investidas, estruturando o negócio para rodadas futuras.
As inscrições para o Investor Day encerram nesta quinta-feira (15). Startups interessadas em participar podem se inscrever pelo site da Iaris.