Em 2023, a gigante brasileira de software Totvs completa 40 anos. E ao longo dessas 4 décadas, a companhia não só evoluiu junto ao mercado, como abraçou a cultura de inovação em suas estratégias. E parte fundamental disso se deve à proximidade com o mundo das startups – algo que começou muito antes do termo cair na boca do povo, mas que evoluiu muito de uns tempos pra cá.
Basicamente foi desde o ano passado, quando comprou a RD Station, que a companhia pisou no acelerador em sua estratégia voltada ao ecossistema. Ela criou um fundo CVC de R$ 300 milhões e, em 2022, ligou a máquina de compras. Por meio de sua subsidiária Dimensa, joint venture criada com a B3: foram 4 aquisições (InovaMind, Mobile2you, Vadu e RBM). A última investida da companhia foi a HRtech Feedz, por R$ 66 milhões.
O trabalho mais próximo às startups já tinha começado em 2017, com a criação do iDEXO, sua frente de inovação aberta e conexão com o ecossistema. Ele funciona como um canal para gerar oportunidades e negócios para companhias em fase de escala com a Totvs, parceiros e clientes em segmentos como gestão, techfin, business performance, saúde, educação, entre outros.
Em seus 5 anos de vida, o iDEXO acumula resultados expressivos. Mais de 120 startups já passaram por ele, tendo acesso a mentorias técnicas e de negócio, descontos em serviços e ferramentas, apoio na prototipação de novas soluções, etc. Outros números relevantes: mais de 800 clientes da companhia já tiveram seus desafios de negócio solucionados por uma startup apoiada pelo iDEXO; e 1 em cada 3 startups tem contrato como fornecedora e/ou parceira comercial da Totvs.
“O que começou de forma exploratória já é parte integral da estratégia da Totvs, de ser o parceiro de confiança a ajudar as empresas a melhorarem seus resultados. E as startups são peças-chave para levar esse valor em conjunto aos clientes”, afirma Juliano Tubino, vice-presidente da Totvs, em entrevista ao Startups.
Evolução do iDEXO
A pandemia e a própria evolução do ecossistema e da estratégia da Totvs impulsionaram algumas mudanças no iDEXO – tanto na sua infraestrutura como no trabalho realizado. O time trabalha 100% remoto desde março de 2020, e o espaço que fica na sede da companhia na Zona Norte de São Paulo, por exemplo, agora recebe as startups por agendamento, conforme a necessidade.
A forma de selecionar as startups participantes também evoluiu. Se antes o iDEXO abria inscrições para startups participarem dos treinamentos, apresentações e mentorias em turmas, agora o processo é algo oportunístico, alinhado à estratégia da empresa. “Hoje é a Totvs que procura ativamente por startups de determinados segmentos, como o de business performance, um dos focos da companhia para expansão do portfólio”, explica Juliano.
Ainda segundo o executivo, um dos aprendizados ao longo desses anos foi sobre o melhor caminho a trilhar no trabalho realizado com as startups. Originalmente, a Totvs acreditava que o ideal seria trazer as startups para o seu portfólio de distribuição, ajudando-as a alcançar a base de clientes da companhia. “No entanto, ficou claro que o melhor era tratar startups em early stage com uma estratégia também early stage. É melhor encontrar 5 clientes ideais do que 50 que poderiam não ser tão bem atendidos”, declara Juliano. Ou seja, menos é mais.
Para 2023, o foco do iDEXO será investir mais na integração técnica, de tecnologia. Por exemplo, trazer uma startup que faça automação de marketing, e que ela tenha integração da sua solução com o ERP da Totvs. Que isso seja um produto testado, e a integração entre as empresas seja simples e possa escalar.
Para Juliano, a diversidade de pontos de vista resultante do trabalho feito pelo iDEXO tem sido enriquecedor para a Totvs. De um lado, as startups trazem uma perspectiva de quem ainda não tem um legado, e que toma riscos em novos modelos e tecnologia. De outro, uma empresa consolidada no mercado traz sua vasta bagagem como exemplo de empreendedorismo.
“Todas as empresas brasileiras deveriam olhar de uma forma estruturada para o ecossistema de startups para conseguir extrair a inovação e ajudá-las com a solidez e maturidade de mercado. É uma relação ganha-ganha”, conclui Juliano.