Diminuir um pouco o ritmo, reagrupar e ficar pronto para acelerar de novo. Para a idtech Minds Digital, essa foi a estratégia no último ano. Entretanto, agora a startup quer colocar novamente o pé no acelerador, apostando em um portfólio renovado de soluções e uma nova captação de recursos ainda este ano.
Para a startup de soluções em biometria de voz, o foco nos últimos tempos foi tornar sua tecnologia ainda mais robusta. “No nosso caso, vivemos em um seguido processo de product market fit”, aponta o cofundador e CEO Marcelo Peixoto, em papo exclusivo com o Startups.
Segundo o CEO, diferentemente de outras idtechs, que trabalham com bases mais tradicionais de dados de verificação, a Minds desenvolveu a sua base praticamente do zero, criando o seu birô de score de risco a partir de dados de voz.
“Não temos um birô de voz no Brasil. A gente percebeu que a biometria de voz esbarra num ecossistema muito maior e não estruturado, como arquivos de call centers, por exemplo. Por isso tivemos que investir para montar essa base e trazer esse ecossistema pra dentro da nossa solução”, explica Marcelo.
Frente a este desafio, a Minds passou o último ano construindo um ecossistema de parceiros, que hoje já soma mais de 20 empresas conectadas, todas utilizando e alimentando a solução da Minds para contribuir na prevenção de fraudes.
“Foi uma reestruturação muito grande para destravar o nosso crescimento. Seguramos um pouco a tração, até pra gente ter mais penetração em todo esse ecossistema e repensar como a gente vai para o mercado com mais assertividade com nossos produtos”, destaca o CEO.
Por falar em crescimento, agora com a nova estratégia em movimento, o plano da idtech é prevenir cerca de R$ 1,5 bilhão em golpes nos próximos três anos, crescendo em clientes e receita a uma média anual de 35%. É uma meta ambiciosa, visto que a empresa até o momento preveniu cerca de R$ 60 milhões em fraudes nos seus clientes.
“Estamos no caminho para este crescimento. Estamos em conversas para fechar seis novo deals este ano, com bancos de médio e grande porte, que já estão rodando na plataforma. Além disso, com o novo portfólio, estamos olhando para casos de uso em seguradoras, varejo e telcos”, completa Marcelo.
Novos produtos
Por falar em novo portfólio, a Minds já está com o primeiro destes produtos “na rua”. O FraudShield é uma plataforma multicanal capaz de analisar dados de voz e cruzar com a análise de comportamento, gerando insights que apoiam a identificação e prevenção de fraudes – um mercado que, segundo a McKinsey, gera prejuízos de mais de R$ 65 bilhões na América Latina.
“A gente tá focando muito no autoatendimento para call centers e URAs, onde o indice de fraude é alta, mas essa jornada conversacional está transbordando para o WhatsApp. Já temos um case no BMG, em que clientes podem consultar saldo com autenticação por voz no autosserviço via WhatsApp“, afirma Marcelo.
Entretanto, a Minds também está de olho em outras oportunidades. A empresa lançará em breve uma outra solução – chamada Minds ID – focada em utilizar a biometria de voz para aumentar a eficiência operacional e redução de custo em canais de atendimento. No caso, é aí que entram os potenciais clientes de varejo e telecom que a companhia já está mirando.
Com a nova estratégia em curso, a empresa também está de olho em oportunidades lá fora, especialmente nos Estados Unidos e América Latina. Segundo o CEO, é uma porta que já foi aberta a partir da construção do ecossistema de parceiros em que a companhia investiu nos últimos tempos. “Atender a demanda de segurança a nível global está no nosso plano desde o dia 1”, revela.
E a grana?
Feita a reorganização interna, Marcelo ressalta que a Minds está pronta para entrar em uma “nova jornada de growth”, e isso quer dizer que ela já está se preparando para uma nova captação. A última rodada da Minds tinha sido em 2022, quando levantou R$ 1,5 milhão em um aporte liderado pela BR Angels.
Apesar de não revelar quanto a empresa quer captar agora, Marcelo afirma que a série A será a base para tracionar de forma bem mais agressiva. “Estamos em conversas com os fundos para a nossa série A, a fim de impulsionar planos para o Brasil e América Latina”, destaca.
Com mais grana na conta, a Minds quer estar mais preparada para uma concorrência pesada no setor, em que players como idwall e unico também fizeram movimentos de reposicionamento e novos produtos para ativar outras avenidas de crescimento.
Contudo, Marcelo prefere não se preocupar tanto com a concorrência, até porque não se trata tanto de escolher uma única solução. “A gente percebeu que no mercado de segurança não tem uma bala de prata. Para garantir a proteção, empresas estão colocando diversos níveis de verificação, combinando diferentes biometrias, incluindo a de voz”, pontua.