
Quem é da época do ticket de alimentação em papel nunca imaginaria que, um dia, esse benefício poderia ser usado para fazer compras internacionais. A partir do próximo mês, usuários do iFood Benefícios poderão usar o cartão fora do Brasil, incluindo também compras online em sites estrangeiros. A novidade foi anunciada nesta quinta-feira (26) e marca o quinto aniversário do “jet ski” do iFood, que atinge o breakeven neste ano em meio a um cenário de crescimento das startups do setor.
Fundado em 2020, em plena pandemia, o iFood Benefícios surgiu de uma demanda dos usuários do iFood, que encontravam dificuldades para ter seus vales-refeição tradicionais aceitos pelos restaurantes do aplicativo. A solução então foi desenvolver um cartão de benefícios corporativos dentro de casa.
O setor de benefícios corporativos movimenta mais de R$ 150 bilhões ao ano, segundo dados da Associação Brasileira de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). Em maio deste ano, o iFood Benefícios transacionou R$ 576 milhões em Volume Total de Pagamentos (TPV), o que mostra que existe potencial de crescimento nesse mercado, disse Arthur Freitas, Diretor Geral do iFood Benefícios, em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira.
Com cinco anos de mercado, o braço de benefícios corporativos do iFood vai encerrar pela primeira vez este ano com as contas equilibradas, o chamado breakeven, marco importante para as startups.
“Esse é um negócio de volume. É preciso um mínimo de escala para chegar em patamar para que se alcance o breakeven. A adesão de grandes e pequenas empresas ao longo desses últimos anos fez com que a gente tivesse uma base de CNPJs e um volume significativo de TPV que justificasse essa correlação com os custos”, explicou.
Lançado para levar flexibilidade a benefícios como vale-refeição e vale-alimentação, o iFood Benefícios já tem hoje mais de 40 mil empresas em sua carteira de clientes, incluindo grandes corporações como Grupo OLX, CVC Corp, Petlove, Ambev e B3, distribuídas nas cinco regiões do país.
Competição pelos benefícios
O mercado de benefícios corporativos tem sido campo de batalha para uma disputa entre os players tradicionais e startups como o próprio iFood Benefícios, além de Caju, Flash e Swile. No centro do debate está o modelo utilizado por essas novas empresas, chamado de “arranjo aberto”, no qual o cartão, de bandeiras como Visa, Elo e Mastercard, pode ser usado em qualquer estabelecimento que aceite essas operadoras. Já no arranjo fechado, modalidade utilizada por players como Sodexo, Ticket e Alelo, o cartão só é aceito nas redes credenciadas, limitando a possibilidade de uso por parte do trabalhador.
Em geral, há menos estabelecimentos que aceitam os vales tradicionais, pois as taxas cobradas costumam ser mais altas que as dos cartões de crédito. Enquanto no arranjo aberto a taxa é de 3%, os cartões de arranjo fechado cobram tarifas que chegam a 7%.
A possibilidade de arranjo aberto garante mais flexibilidade ao benefício, que passa a funcionar como uma espécie de cartão pré-pago sem uso exclusivo para alimentação – por isso a possibilidade de ser usado no exterior, por exemplo.
Essa mudança é fruto de uma atualização das regras do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que há cerca de dois anos passou a permitir o arranjo aberto. Com isso, as startups de benefícios corporativos passaram a poder fazer parte do PAT e se tornaram mais competitivas. É que, ao se cadastrar no PAT, a empresa que está pagando o benefício ao trabalhador garante a isenção de encargos sociais, como INSS e FGTS, sobre o valor do auxílio. Antes, essas startups já podiam oferecer o arranjo aberto, mas a empresa que contratasse esses cartões não teria a isenção tributária.
Diferenciais
Para competir com os players tradicionais, o iFood Benefícios tem apostado em diferenciais, como a possibilidade de uso do benefício no exterior, anunciada nesta semana. Mas esta não é a única estratégia da empresa para se destacar da concorrência.
Recentemente, o iFood Benefícios lançou duas novas funcionalidades voltadas à simplificação da gestão por parte das empresas. A primeira é a recarga única para empresas com múltiplos CNPJs. Além disso, foi criada uma área exclusiva para o RH dentro do aplicativo. Segundo a companhia, essas melhorias têm reduzido significativamente o tempo dedicado à administração dos benefícios – empresas que levavam até dois dias para operacionalizar os repasses, hoje conseguem realizar o processo em questão de horas.
Outro projeto desenvolvido pelo iFood Benefícios é o Comer Fora, que oferece cupons de desconto e já concedeu 100 mil vouchers promocionais que beneficiaram cerca de 15 mil usuários na Grande São Paulo, para fazer refeições com descontos de até 10%. A ideia, segundo Arthur Freitas, é fazer com que o vale-refeição dure 40% mais dias no mês, além de aumentar o fluxo de clientes recorrentes e novos para os estabelecimentos comerciais, oferecendo vantagens para todo o ecossistema.