
A Advolve, startup de IA aplicada ao marketing de performance, foi comprada pelo iFood como parte da estratégia da companhia de expandir na vertical de Ads e construir um ecossistema de empreendedores que vá além dos restaurantes. A ideia do grupo é fazer com que esse segmento do negócio cresça cinco vezes até 2030.
O relacionamento entre o iFood e a Advolve se intensificou em fevereiro deste ano, quando a startup recebeu um investimento da Prosus Ventures, braço de venture capital da controladora do iFood. Desde então, o grupo começou a testar projetos em menor escala em conjunto com a Advolve na frente de Ads.
“A gente está começando a construir, não só na América Latina, mas no mundo, enquanto Prosus, um ecossistema de empreendedores. Quando fizemos o investimento early stage na Advolve, o iFood estava super próximo, e tinha uma visão de que a Advolve poderia ajudar como parte desse ecossistema. Tivemos a oportunidade de trabalhar com eles em diversos produtos internos do iFood, mas principalmente tudo que é Ads. Depois de ter essa visão muito clara do valor que a gente poderia gerar para a Advolve, e do valor que a Advolve poderia gerar para a gente, chegou o momento de transformar isso numa aquisição”, contou Thiago Viana, diretor sênior de Inovação e Negócios no iFood, em entrevista ao Startups durante o Web Summit Lisboa.
Segundo o iFood, a parceria entregou um retorno em vendas incremental para as marcas de mais de 4 vezes o valor investido. A Advolve automatiza todo o processo de marketing digital das empresas, por meio de uma arquitetura de IA que executa testes simultâneos, cria e ajusta automaticamente elementos criativos, como textos, imagens e vídeos, e aloca o investimento de acordo com o que está desempenhando melhor.
A vertical de Ads do iFood foi lançada em 2021, e oferece às empresas acesso qualificado a usuários em momentos de alta intenção de compra no app, com segmentação precisa.
“A gente tem duas frentes: uma para restaurantes, que já é bem mais madura e sofisticada, e tem a parte para marcas, para a indústria de bens de consumo. Nos últimos anos, o iFood evoluiu muito no que se refere a mercado e atacado, e no segmento farma. E já é o maior marketplace de farmácias, com mais de 20 mil farmácias plugadas. Então, quando a gente faz, por exemplo, um anúncio para a Mondelez, eles estão fazendo um investimento que é tanto para awareness, porque a gente tem mais de 60 milhões de usuários, mas também para conversão. Então você consegue ter a jornada completa dentro do iFood“, explica Ana Paula Duarte, diretora sênior de Ads no iFood.
A ideia é que os consumidores, ao verem um anúncio de uma marca ou produto no aplicativo (como um chocolate, por exemplo), possam comprar esse produto dentro do próprio ecossistema do iFood, nos supermercados e lojas de conveniência do app.
Ana Paula destaca que o ecossistema de Ads do iFood vai do online ao offline, com ativações em eventos que o iFood patrocina, como Rock in Rio e The Town.
Além da jornada dentro do app, o iFood e a Advolve também tem usado a base de dados do app de delivery para fazer campanhas em outros canais, como Facebook e Google.
“Historicamente, essa indústria de Ads para low ticket, esses produtos do dia a dia, sempre teve muita dificuldade em mensurar o resultado. No iFood, a gente permite que essas indústrias tenham uma plataforma de performance igual o Google fez para o e-commerce. Eu consigo mensurar a venda praticamente em tempo real, o impacto direto no consumidor, e eu não preciso ter muitos intermediários nesse processo. A gente consegue provar valor e gerar performance muito rápido”, acrescenta João Sobreira, fundador da Advolve.
Ele e os outros fundadores, João Paulo Martins e Djary Veiga, além de todos os 42 funcionários da Advolve, continuam na empresa, que permanecerá atendendo a clientes externos, com foco na indústria de bens de consumo e no ecossistema iFood.
A decisão de vender a empresa neste momento, segundo João Sobreira, foi motivada pela possibilidade de unir forças para gerar mais impacto em menos tempo.
“A oportunidade ficou maior para todos os lados. E o iFood tem uma coisa que é muito difícil de conseguir, que é justamente dados de audiência e de intenção de compra. Então foi uma decisão pensando estrategicamente no longo prazo, pareceu um caminho óbvio para a gente”, afirma.