Negócios

iFood prova na Colômbia do veneno que o Uber Eats provou no Brasil

Segundo a empresa, saída do mercado colombiano é uma estratégia em função do momento do mercado de capitais

iFood
Crédito: divulgação

Ser líder absoluto em um mercado não é garantia que pode conquistar os outros. Essa foi a lição que o iFood voltou a ter no fim da semana passada, quando anunciou sua saída do mercado colombiano. A empresa preferiu deixar a concorrência no mercado onde a rival Rappi domina, preferindo focar no Brasil, onde é líder no segmento.

A decisão da startup na Colômbia remete às decisões de outros players de food delivery que resolveram “puxar o carro” no Brasil, evitando a fadiga de concorrer com a hegemonia do iFood por aqui. O exemplo mais recente foi o Uber Eats, que no começo do ano encerrou suas atividades, preferindo focar na entrega de compras com o Cornershop. No Brasil, o app tinha uma fatia de 12% do mercado.

Segundo apuração da Forbes Colombia, o fim da operação no país resultou na demissão de aproximadamente 210 pessoas, entre colaboradores na Colômbia e também no Brasil. Do lado da foodtech, em nota à imprensa ela não deu maiores detalhes sobre demissões ou o fechamento das operações, mas pontuou saída é uma estratégia em função do momento do mercado de capitais, para se concentrar no Brasil.

Não é a primeira vez que o iFood se retira de um mercado internacional. Em 2016, a empresa chegou ao México, mas a operação no país deixou de receber investimentos nos últimos anos, e foi descontinuada de forma discreta. Agora o Brasil é o único país em que o app de food delivery atua.

“O iFood seguirá investindo no Brasil, onde nasceu e é líder, a fim de crescer e oferecer os melhores serviços e oportunidades para seus consumidores e parceiros, dando continuidade a sua jornada de sucesso e excelência”, afirmou a empresa em comunicado.

Diferentemente dos 80% de market share que o iFood tem no Brasil, a participação do app no mercado colombiano parece não ter sido o suficiente para manter os investimentos no país. A empresa adentrou a Colômbia em 2015, com o plano de ser o primeiro ponto de internacionalização da plataforma. Em 2020, em uma tentativa de aumentar seu poder de fogo, a startup firmou uma parceria com a Domicilios.com, player ligado à gigante alemã Delivery Hero e maior player depois do Rappi no país.

Mesmo com estes esforços, o iFood não conseguiu aumentar sua tração no país de Carlos Valderrama. Segundo dados do Statista, no primeiro trimestre de 2022 a empresa não passou dos 9% de market share, enquanto o Rappi e seu app irmão Propio concentram 87% das entregas de comida.

Segundo fontes de mercado, uma dos principais baques sofridos pelo iFood colombiano se deu nos últimos meses, quando a plataforma perdeu a exclusividade que tinha com as entregas da rede de fast food McDonald’s, que era um grande apelo junto a uma parcela dos consumidores.

Líder sob nova direção

No Brasil, o iFood ocupa confortavelmente o topo do mercado de food delivery, mas a Rappi não está pensando em jogar a toalha. O unicórnio colombiano, juntamente com outros 40 apps concorrentes, entraram com uma petição no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), criticando a empresa por firmar contratos de exclusividades com restaurantes e políticas para concentrar o mercado. Até o momento, o conselho não decidiu sobre o assunto.

Mudando rapidamente de assunto, vale lembrar que o iFood trocou de liderança recentemente, o que pode ter sido um fator determinante sobre a decisão de cortar investimentos em um mercado menos rentável. Em agosto passado, a Prosus, braço de investimentos em negócios de tecnologia do grupo sul-africano Naspers, fechou um acordo com a Just Eat Takeaway.com para comprar a fatia de 33,3% detida no iFood.

Ao deixar o aplicativo todo dentro de casa, a Prosus ganha força em sua unidade de entrega de comida, com presença em 50 países e que conta com os aplicativos Delivery Hero, Swiggy, Oda e Flink.