
O Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do seu hub de startups Eretz.bio, está ampliando suas iniciativas de inovação aberta para desenvolver soluções que atendam às necessidades do mercado e beneficiem milhares de pessoas. Com mais de 150 startups aceleradas e 27 tecnologias incorporadas em seu ecossistema, o hub vem impulsionando novos projetos para apoiar o sistema público de saúde no Brasil e estreitando parcerias com startups internacionais, auxiliando-as na entrada no mercado brasileiro.
Criado em 2017, o Eretz.bio surgiu como uma aceleradora e incubadora de startups com o objetivo de disseminar o conhecimento sobre o ecossistema de inovação — seu funcionamento, desafios e potencial. A iniciativa busca impulsionar a transformação digital da instituição, integrando soluções tecnológicas que atuam como motor de inovação tanto no setor de saúde público e privado, além de apoiar as healthtechs em suas jornadas de crescimento.
“O Einstein não só aprendeu a incorporar essas tecnologias em grande escala, como também reconheceu que possui um ambiente altamente propício para apoiar o desenvolvimento dessas empresas”, afirma Rodrigo Bornhausen Demarch, diretor de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein. Referência em serviços de saúde e bem-estar no Brasil, a organização trata os projetos como uma relação simbiótica, buscando beneficiar ambas as partes por meio dessa parceria.
Para as startups, isso se traduz na chancela de um dos principais players do mercado de saúde no Brasil, que oferece infraestrutura para testar tecnologias, validar produtos e se conectar com potenciais clientes e parceiros. Já para o Einstein, a colaboração permite validar novas tecnologias cientificamente e aprimorar serviços que contribuam para melhorar a qualidade de vida da população.
As iniciativas são organizadas em diferentes estágios — pré-aceleração, aceleração e late-stage — de acordo com o nível de maturidade de cada startup. O hub também conta com um programa de aceleração voltado especificamente para o Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de inovações e tecnologias aplicáveis em unidades públicas.
No último ano, o Einstein expandiu sua conexão com fundadores estrangeiros, atraindo startups internacionais para participar de seu programa de incubação. “Tanto no Brasil quanto no exterior, observamos um amadurecimento do mercado, com empreendedores mais preparados e serviços de maior qualidade do que víamos anteriormente. A interação entre founders mais experientes gera valor para o ecossistema”, observa Rodrigo. Atualmente, o Eretz.bio tem 13 startups estrangeiras em seu portfólio, que visam se desenvolver no Brasil.
“Temos realizado alguns projetos com startups de fora do Brasil, justamente porque essa é, muitas vezes, uma porta de entrada no mercado brasileiro. O país tem suas particularidades regulatórias, e podemos ajudar essas empresas a compreenderem esses aspectos, facilitando sua entrada e desenvolvimento no Brasil”, explica.
Ecossistema de inovação
A estratégia de inovação do Einstein vai além do Eretz.bio. Embora o hub seja o braço dedicado à aceleração e incubação de startups, incluindo a vertical de validação e incorporação das tecnologias, a diretoria de inovação da instituição é composta por outras quatro frentes complementares. Entre elas, o Health Design Lab, que busca entender e validar as necessidades de pacientes e profissionais de saúde por meio de metodologias de inovação; e o Health Innovation Techcenter, voltado à criação de soluções de alto impacto para o sistema de saúde, com foco especial no desenvolvimento de softwares.
O ecossistema também inclui a área de Venture Building, responsável pela construção e escalabilidade de novos produtos, serviços e spin-offs, a partir de iniciativas de intraempreendedorismo e parcerias com instituições de ensino e pesquisa. Por fim, o Einstein mantém uma frente de Corporate Venture Capital (CVC), dedicada à prospecção, avaliação e investimento em startups em diferentes estágios de maturidade.
“À medida que nos aproximávamos das startups, percebíamos que essas empresas, ainda em estágio inicial de desenvolvimento, necessitavam de recursos para crescer”, afirma Rodrigo. O Einstein começou a apoiá-las duas formas: primeiro, auxiliando na inscrição em chamadas públicas de agências, do governo e de outras organizações. E, depois, decidiu fazer os próprios investimentos, por meio de um fundo de venture capital.
“Com o tempo, amadurecemos a frente de investimentos e, quando percebemos já ter um portfólio relativamente grande, optamos por profissionalizar a gestão”, explica o executivo. A Vox Capital assumiu a gestão do fundo em 2021, com um montante de R$ 140 milhões destinados a apoiar soluções tecnológicas que ampliem e aprimorem a funcionalidade, a qualidade e o acesso à saúde no Brasil. O CVC do Hospital Israelita Albert Einstein foi batizado de Arava e estruturado como um Fundo de Investimento em Participações (FIP).
O veículo já conta com mais de 30 startups em seu portfólio e, segundo Rodrigo, 80% do capital do fundo já foi alocado. Entre as investidas estão as healthtechs Mevo, que atua com receita médica digital, compra online e entrega de medicamentos; Fiibo, marketplace de saúde e benefícios; Biologix, especializada em medicina do sono; Nilo Saúde, que atua na gestão e no cuidado de pacientes para empresas de saúde; e Klivo, focada na coordenação do cuidado de pacientes crônicos.
Visão de futuro
Segundo o diretor de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein, o programa de aceleração de startups voltado ao SUS é uma das prioridades da instituição neste ano. Com inscrições abertas até 4 de maio, a iniciativa oferecerá capacitação sobre o funcionamento do sistema público de saúde, além de oportunidades de relacionamento com o SUS, elaboração de um estudo de custo-efetividade e realização de um projeto-piloto com duração de quatro meses. A participação é gratuita e não exige contrapartida societária por parte das startups.
Nesta primeira edição, o programa é voltado a startups brasileiras já constituídas, que estejam em fase de comercialização de seus produtos ou serviços e que possam contribuir para resolver ao menos um dos seguintes desafios: identificação precoce de gestantes com risco de parto prematuro e acompanhamento em tempo real da vitalidade fetal.
“Esse programa é algo inédito no Brasil. O sistema público tem características muito específicas, e é fundamental prepararmos as empresas para atuar nesse setor, assim como capacitar os gestores públicos para interagir com essas soluções e incorporar novas tecnologias”, avalia Rodrigo.
Ele revela que, ainda em 2025, o Einstein deve lançar um programa de inovação específico para startups de inteligência artificial. A instituição também planeja seguir com sua frente de validação e incorporação de tecnologias, além de ampliar a conexão com negócios estrangeiros.