Em meio ao inverno do venture capital, a Gerdau Next teve um 2023 menos movimentado em termos de investimento – apenas um novo aporte anunciado e alguns follow-ons. Entretanto, para 2024, o braço de inovação e venture capital da gigante siderúrgica quer começar um novo ciclo de disrupção, começando a partir de um novo comando.
Em abril, Arthur Alves deixou a liderança da Gerdau Next Ventures rumo ao Grupo Boticário. Até o momento, a Gerdau Next Ventures ainda não nomeou o novo líder, que responde a Elder Rapachi, diretor veterano dentro da companhia e que lidera a Gerdau Next (a divisão de inovação da empresa). Entretanto, a mudança nos cargos não interferiu muito na estratégia colocada em curso pela companhia no começo do ano.
“A estratégia que estava sendo conduzida (pelo Arthur), ela permanece. Estamos sendo mais seletivos no que buscamos, não diminuímos nossa relação e análise do ecossistemas, mas ficamos mais criteriosos”, explica Lilian Lucas, diretora financeira na Gerdau Next, em entrevista ao Startups.
Entretanto, apenas da postura mais conservadora assumida desde 2022, a companhia espera abrir o talão de cheques nos próximos meses. “Estamos com diligências em andamento e esperamos algumas rodadas para o segundo semestre”, destaca a diretora.
No ano passado, o único novo investimento da Gerdau Next Ventures tinha sido na norte-americana aifleet, especializada em tecnologias de automação de frotas. Ela entrou em uma rodada de US$ 14 milhões liderada pela Obvious Ventures.
Segundo Lilian, este último investimento foi um sinal deste novo caminho de disrupção adotado pelo veículo, tirando um pouco o foco de startups voltadas a resultados somente para a empresa-mãe. “Estamos menos em busca por futuros unicórnios, e mais aqueles que podem nos ajudar a impulsionar negócios sólidos. Estamos num caminho mais pé no chão”, pontua a executiva.
Oportunidades em vista
Apesar do último investimento ter sido em uma empresa gringa, Lilian garante que a Gerdau Next Ventures segue olhando bastante para o ecossistema brasileiro, de olho em uma promissora nova safra de startups. “A gente tem boas investidas por aqui, como a Docket, mas muitos dos temas que a gente tem priorizado estão mais maduros lá fora”, frisou a diretora.
Do fundo inicial divulgado pela Gerdau em 2021, de US$ 80 milhões, a companhia já destinou cerca de US$ 30 milhões para investimentos. Entretanto, segundo a diretora, a companhia não se prende ao compromisso de investir o montante alocado. “A questão não é quanto vamos investir, mas sim no quê”, dispara.
Entre as áreas de interesse do CVC estão inovações como robótica, inteligência artificial para indústria e processos produtivos, assim como soluções para logística e descarbonização. Mesmo assim, segundo Lilian, é um momento de incerteza e descoberta para a inovação na indústria do aço, então a Gerdau Next não quer fazer nenhum investimento apressadamente.
“Estamos no mercado há quatro anos, já temos um relacionamento com o ecossistema, já vínhamos fazendo aceleração e CVC antes de ter um veículo específico para isso. Esse aprendizado trouxe pra gente algumas referências a respeito do que preferimos e do que fazemos melhor”, avalia.