Inovação

De Indaiatuba para o mundo: Lenovo quer escalar soluções do P&D

Espaço tem ajudado a repensar processos industriais, com possibilidade das novas tecnologias chegarem a outras fábricas da Lenovo

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Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Lenovo em Indaiatuba
Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Lenovo em Indaiatuba (Imagem: Giulia Frazão/Startups)

Quase um ano após inaugurar seu laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em Indaiatuba, a Lenovo começa a mostrar os primeiros resultados da aposta em inovação e automação. O Startups esteve na fábrica na última quarta-feira (06) para ver de perto como o espaço tem ajudado a repensar processos industriais — em Indaiatuba e além.

De acordo com Marcelo Parada, gerente de P&D, a Lei de Informática é um incentivo para fomentar a inovação e o desenvolvimento tecnológico do laboratório de P&D da Lenovo. Apesar das soluções ali apresentadas serem mais voltadas para as dores das fábricas do Brasil (em específico a de Indaiatuba), existe a possibilidade de elas escalarem para fora do Brasil.

Para se ter um parâmetro de possíveis aplicabilidades, são feitas reuniões periódicas de inovações entre as fábricas, onde são levantados problemas que são comuns entre as manufaturas e que podem ser trabalhados de uma forma global. “Atualmente a gente vem discutindo muito com a fábrica da Hungria e a fábrica do México para implementar soluções de inspeção de qualidade que a gente desenvolveu nesse laboratório [de Indaiatuba]”, disse o executivo em entrevista ao Startups.

Robôs que montam computadores

Durante a visita ao laboratório, Marcelo apresentou três robôs que ajudam na montagem dos computadores. O primeiro deles é responsável por encaixar a memória RAM, o segundo, o processador e, por fim, o último faz o parafusamento. Confira no vídeo abaixo:

Robô do laboratório de P&D fazendo a instalação de um processador (Vídeo: Giulia Frazão/Startups)

“Os processos que automatizamos são os processos críticos de inserção de componentes, ou seja, aqueles que vinham apresentando mais falhas devido à repetição humana para a inserção. A ideia da automação é trazer mais qualidade e uma repetibilidade no processo, garantindo que a inserção sempre aconteça da mesma forma e garantindo a qualidade”, explica o executivo.

Apesar da automação, o gerente de P&D assegura que o processo não dispensa a intervenção humana, uma vez que o operador ainda monitora os robôs, abastece as peças e consegue prever possíveis falhas das máquinas. “O foco é a melhoria de qualidade e não necessariamente a substituição de um trabalho humano por uma máquina”.

Mais do que só robótica

Quando questionado como eram aplicadas soluções de inteligência artificial dentro do laboratório, Marcelo disse que há duas aplicações atualmente: a visão computacional para inserção dos componentes e a predição de falha dos equipamentos.

“Foi feito um treinamento para o robô reconhecer as placas para inserção dos componentes. Isso é feito através da coleta de fotos direto na célula robótica e treinado num servidor. Já sobre a predição de falha, há um sistema Digital Twin que coleta os dados das estações e a gente consegue prever os comportamentos do robô, se está apresentando alguma anomalia ou se ele vai apresentar uma falha futura para fazer manutenção preventiva”, aponta.

Além disso, outra solução com IA tem sido desenvolvida. A ideia é dela ter aplicação com os dados do laboratório com uma interface de chat, onde os operadores consigam fazer perguntas em linguagem natural e obter respostas.

“Por exemplo, eu poderia entrar lá e perguntar como foi a performance do meu robô no último mês. E a plataforma traz todo o dado histórico para mim, automático”, exemplifica Marcelo Parada.