Gestão de pessoas

SafeSpace amplia portfólio para tornar empresas mais éticas e seguras

Com foco na prevenção de conflitos e no bem-estar funcionários, solução permite que o RH identifique problemas de gestão e cultura antes que se tornem crises

Giovanna Sasso, Rafaela Frankenthal, Claudia Farias e Natalie Zarzur, fundadoras da SafeSpace
Giovanna Sasso, Rafaela Frankenthal, Claudia Farias e Natalie Zarzur, fundadoras da SafeSpace | Foto: Divulgação

A SafeSpace, conhecida por seu canal de denúncias anônimas de assédios e desvios de condutas nas empresas, está entrando em uma nova fase de expansão. A startup, que já se consolidou como uma aliada estratégica das empresas na gestão de conduta e na implementação de programas de ética, agora aposta em um portfólio mais amplo de soluções, com o intuito de fomentar culturas corporativas mais éticas, seguras e inclusivas. 

Entre as novidades, está o lançamento da Sonia, uma solução de inteligência artificial desenvolvida para transformar a interação entre empresas e colaboradores. Com foco na prevenção de conflitos e no bem-estar dos funcionários, a ferramenta permite que o RH identifique e resolva problemas de gestão e cultura antes que se tornem crises. Além disso, oferece insights estratégicos que ajudam a direcionar ações para o desenvolvimento de lideranças, retenção de talentos e aprimoramento contínuo da experiência dos colaboradores.

“Ao longo dos anos, observamos o impacto positivo da plataforma da SafeSpace nas organizações, especialmente naquelas que não possuíam políticas de ética e conduta estruturadas. Atualmente, temos uma forte atuação na área de compliance, ajudando a identificar e resolver problemas”, explica Rafaela Frankenthal, que fundou a SafeSpace ao lado de Giovanna Sasso, Claudia Farias e Natalie Zarzur. “No entanto, percebemos que embora a implementação do canal de denúncias ajude a mitigar riscos e resolver condutas inadequadas, ela não impede que os problemas ocorram.” 

Segundo Rafaela, existe uma etapa anterior relacionada aos desafios de gestão que, se não forem identificados e tratados, podem evoluir para questões mais graves e se transformar em casos de compliance. “Esse é um campo que ainda não exploramos completamente e enxergamos um grande potencial de atuação, especialmente em áreas relacionadas ao RH”, diz Rafaela Frankenthal. A proposta da Sonia é justamente enfrentar esse desafio.

Como funciona

Com a expertise da SafeSpace em gestão de conduta e nos avanços da inteligência artificial generativa, a ferramenta oferece suporte tanto para a liderança quanto para o RH. 

“Para os líderes, ela funcionará como uma mentoria, ajudando a dar feedbacks, auxiliando em conversas difíceis e orientando-os a se comunicar de forma inclusiva e respeitosa, sem perder o foco em resultados. Por outro lado, a IA será capaz de identificar nas dificuldades de comunicação da liderança os problemas de cultura organizacional, ajudando a desenvolver melhor o time e direcionar os esforços de maneira mais assertiva”, pontua.

No momento, a estratégia da startup é vender suas soluções separadamente, uma vez que elas abordam um mesmo problema de diferentes ângulos. “A plataforma de IA e o canal de denúncias são complementares: uma foca na prevenção e a outra na identificação e resolução dos problemas. No futuro, pode ser que a gente integre esses produtos em uma única solução, mas esse não é o plano imediato”, explica Rafaela.

O produto está em fase de testes com alguns clientes da SafeSpace e deve ser lançado ao público em breve. 

Contexto de mercado

A última rodada de investimentos da SafeSpace ocorreu em 2021, com uma captação seed de R$ 11 milhões liderada pelo fundo ABSeed Ventures, com participação de DGF Investimentos e investidores-anjo. Segundo a CEO da startup, uma nova captação não está nos planos de curto prazo, embora possa ser considerada mais adiante.

“Estamos testando o produto de IA e, antes de captar, queremos validar a nova tese e entender o tamanho da oportunidade”, afirma Rafaela. “Temos um modelo de negócio saudável, que sempre gerou receita, então a gente não precisamos [fazer a rodada]. Mas, uma vez que validemos produto e entendamos o espaço de atuação no mercado, provavelmente levantaremos uma nova rodada. No entanto, o foco agora é 100% no produto”, pontua.

A plataforma da SafeSpace ganha ainda mais relevância no contexto político e cultural atual. Com grandes líderes globais questionando iniciativas de checagem de fatos e defendendo uma visão de “liberdade de expressão” que permite a circulação irrestrita de opiniões, existe o risco de abrir espaço para práticas de condutas ofensivas e a proliferação de discursos discriminatórios. E ferramentas como a da startup, com denúncia de assédios, desvios de conduta e gestão de pessoas, podem ajudar as empresas a manter ambientes mais éticos e seguros.

“A gente já não estava caminhando rápido o suficiente. O problema segue existindo, igual sempre existiu. É claro que a opinião de grandes personalidades influencia a visão das pessoas e prejudica o movimento de diversidade e inclusão, mas não sei o quanto isso vai desacelerar de fato no Brasil. Acredito que isso pese menos do que a pressão das novas gerações que estão entrando no mercado de trabalho, que exigem muito mais em relação à responsabilidade social e ao bem-estar. São passos de tartaruga, e continuamos na luta”, avalia Rafaela.

Hoje, a SafeSpace tem cerca de 180 clientes, incluindo empresas como Gupy, Creditas, Loggi, Rappi e CNA Idiomas. Somente em 2024, mais de 50 marcas foram incorporadas ao portfólio. “Cada vez mais empresas estão olhando para a inclusão, entendendo a conexão entre produtividade e bem-estar dos colaboradores. Não dá mais para ignorar esse problema, e a tendência é que ele seja mais reconhecido, com a busca por mais soluções. Então, acredito que vamos continuar em uma crescente, embora ainda mais devagar do que deveria ser”, diz Rafaela.

Para 2025, a SafeSpace planeja dobrar o número de clientes e acredita que a Sonia desempenhará um papel importante nesse crescimento.