Inovação

TRON avança robótica educativa e cria braço de P&D para spin-offs

Apoiada por Whindersson Nunes, startup do Piauí se prepara para expandir no Brasil e, em breve, internacionalizar

TRON - Whindersson Nunes e Gildário Lima
Whindersson Nunes e Gildário Lima (Foto: Divulgação/TRON/Arquivo)

Criada com a missão de inserir a tecnologia no contexto educacional por meio da robótica, a startup piauiense TRON Robótica Educativa acaba de dar um passo importante em sua estratégia, reunindo suas iniciativas de P&D sob uma única bandeira. Batizado de 6,28 Tecnologia, o novo braço de negócio reunirá todos os spin-offs da companhia, consolidando o trabalho feito até então e criando novas oportunidades para projetos futuros.

Fundada em 2018 por Gildário Lima, a TRON desenvolve tecnologias de robótica para tornar o processo de ensinar e aprender mais cativante para alunos do ensino infantil, fundamental e médio. “Não podemos mais ver tecnologia apenas como um meio, e sim como cultura. Por isso, temos que desenvolver competências e habilidades para que as pessoas saibam interagir com as tecnologias em todas as pontas, desde quem está desenvolvendo os robôs até o consumidor final”, diz o empreendedor e cientista, em entrevista com o Startups.

A proposta atraiu o influenciador digital Whindersson Nunes, que tornou-se sócio da TRON para apoiar o desenvolvimento da startup e seus projetos. “Sou uma pessoa que veio da internet e foi muito ajudado pela tecnologia, minha vida mudou a partir disso. Já era um adolescente quando tive acesso à internet e, depois de tanto tempo, consegui ser quem eu sou. Imagina a pessoa que tem acesso a isso sempre, desde criança?”, comenta Whindersson, em um vídeo institucional publicado nas redes sociais da TRON. “Acredito que a inserção da tecnologia na vida do ser humano desde criança só tende a ajudar, deixando a pessoa mais respaldada para o futuro, que é todo tecnológico”, pontua.

Atualmente, a startup conta com três fontes de faturamento. A primeira delas é a parceria com escolas privadas, vendendo cursos e programas de robótica para escolas em todo o Brasil, com base em sua própria metodologia de ensino de robótica nas escolas – denominada Método TRON. Além disso, a empresa conta com um distribuidor para levar a metodologia a públicos B2C ou B2B. A terceira vertical de negócio parte da criação e do desenvolvimento dos spin-offs.

“Por onde a TRON passa, incentiva pessoas e elabora ideias. Os spin-offs surgem nesse contexto, e hoje temos a maturidade para alavancar essas iniciativas. A 6,28 Tecnologia é um braço de P&D da TRON para ajudar a organizar os spin-offs”, explica Gildário. Segundo o executivo, a 6,28 Tecnologia já nasce avaliada em cerca de R$ 20 milhões. “Estamos abertos a ter parcerias e investidores, e já contamos com o apoio de alguns players para estruturar os spin-offs de maneira mais robusta. Entre os investidores, estão pessoas físicas e o Onnibank, banco digital criado para facilitar o pagamento de salários e benefícios nas empresas.

Gildário Lima, fundador da TRON
Gildário Lima, fundador da TRON (Foto: Divulgação)

Os spin-offs

A aproximação mais utilizada do número π (Pi) é 3,14. Mas a TRON tem dois Pi (no caso, dois Piauienses – Whindersson e Gildário). Então, multiplicamos o π por 2, chegando a 6,28. Daí, nasce o nome 6,28 Tecnologia. Viu como um pouco de matemática não faz mal a ninguém?

O negócio engloba, por exemplo, o projeto MR. Em parceria com Whindersson, a startup criou um dispositivo que, quando fixado ao corpo, capta e correlaciona as vibrações sonoras com vibrações “mecânicas” distribuídas pelo tórax com pesos e acelerações diferentes, permitindo que pessoas surdas interajam com a música e sintam as vibrações em tempo real. Já a SmartBoxing é uma luva de boxe inteligente que utiliza pequenos sensores internos e capta parâmetros como a força e o número de socos, gasto energético, dinâmica do movimento, entre outros.

Outras iniciativas são a colmeia tecnológica para ajudar a cuidar de abelhas sem ferrão, além do projeto social Expande, criado pensando exclusivamente nas regiões periféricas, comunidades e regiões do interior do país para oferecer ensino de tecnologia para jovens em situação de vulnerabilidade social ou em conflito com a lei. “Como a TRON se propõe a desenvolver cultura tecnológica, começam a surgir problemas e oportunidades interessantes para resolver com tecnologia. Os spin-offs surgem para desenvolver problemas de nicho, e buscamos parceiros para apoiar esses projetos e dar vida a essas ideias”, destaca Gildário. 

A expectativa é encontrar parceiros que tenham sinergia com a proposta de cada negócio. Ou seja, uma marca com foco em inclusão e acessibilidade para o MR, uma empresa ligada à promoção da sustentabilidade e ao cuidado do meio ambiente para a Colmeia Tecnológica, e uma outra do ramo esportivo para a SmartBoxing. O intuito é que as marcas que se interessem em fazer parte do desenvolvendo para ajudar a levar as soluções para cada vez mais pessoas.

Planos de crescimento

“O foco de 2024 é preparar a empresa para alçar voos maiores em 2025 e 2026”, afirma Gildário. Com um time de 27 pessoas, a TRON opera no Piauí, Ceará, Maranhão, Espírito Santo, Acre, Rio Grande do Sul, em São Paulo, Minas Gerais e na cidade de Brasília. No ano que vem, a projeção é expandir nacionalmente para todas as regiões. Já em 2016, o plano é ir além, dando início à internacionalização. “Com o setor privado, vamos começar pela Europa e, no projeto social, estamos estruturando um namoro com a África”, conta o sócio-fundador.

Em paralelo, a startup segue desenvolvendo novos produtos, investindo em P&D e alavancando a metodologia. “A gente acredita em tecnologias que tragam qualidade de vida e impactam as pessoas. Um dos diferenciais da TRON é o embasamento científico e o fato de que criamos e desenvolvemos toda a tecnologia internamente. Temos orgulho de ter nascido no Piauí e representar o nordeste”, finaliza Gildário.