
As turbulências nos cenários político e econômico, tanto no âmbito nacional quanto internacional, são a fonte número 1 de dor de cabeça para fundadores, pequenos e médios empresários. Segundo uma pesquisa divulgada pela fintech Cora, 40% dos respondentes apontaram a insegurança política e econômica como principal dor no momento.
Quanto às outras preocupações entre os 1.429 empresários que participaram da pesquisa, a segunda é a preocupação em relação a pessoas funcionárias, como contratações, retenção de talentos e gestão (29%).
A burocracia atrelada aos aspectos legais de ter uma empresa, como ações contábeis e impostos, é relevante para 24% dos empresários entrevistados pela Cora, seguido de questões relacionadas a crédito, marketing e comunicação com os clientes.
“Montar um negócio não é fácil e sempre haverá desafios. Não é de hoje que o pequeno empreendedor atua num mercado adverso. Há impacto das decisões políticas, do cenário econômico, das pessoas envolvidas no negócio, em como conquistar a atenção do cliente em meio a tanta informação e concorrência, etc, tudo isso com um acesso ainda muito caro e burocrático à produtos financeiros e de gestão”, comenta Igor Senra, fundador e CEO da Cora.
A pesquisa também mapeou o perfil das empresas participantes em sua relação com o crédito. De acordo com os dados levantados, cinco perfis foram identificados: Buscando Estabilidade, Prudentes em Expansão, Ambiciosos em Expansão, Crescendo Sob Controle e Profissionais Independentes. Confira abaixo a descrição de cada um, segundo a Cora:
Buscando estabilidade – “Com pouca experiência com crédito e altos limites, o Segmento A reúne empresários relativamente novos, que possuem CNPJ e atuam predominantemente no setor de serviços. Priorizam o crescimento orgânico, a estabilidade financeira e a autossuficiência, adotando uma abordagem cautelosa em relação a dívidas e preferindo gerenciar suas finanças de forma independente. Evitam recorrer a capital externo para expansão, pois associam isso à contratação de dívidas”.
Prudentes em expansão – “Adepto ao crédito, o Segmento B é formado por empresários com maior tempo de mercado, média de 50 anos de idade e de mais de 25 anos de existência da empresa. São práticos, adaptáveis e resilientes. No discurso, já compartilham uma abordagem cautelosa, mas aberta ao crédito, vendo-o como uma ferramenta para o crescimento. Na prática, ainda evitam recursos externos, e entendem como um “último recurso”. Valorizam serviço personalizado e relações de confiança com as instituições financeiras”.
Ambiciosos em Expansão – “Adeptos ao crédito com limites medianos, o Segmento C é composto por empreendedores “intencionais” em fase de crescimento, com operações complexas e maduras. Tem experiência com crédito, e são abertos ao seu uso de forma estratégica – para crescimento. Clareza e contato humano são muito importantes, e valorizam o relacionamento na hora da tomada de decisão.”
Crescendo sob controle – “Adeptos a diversos produtos de crédito e cheios de limite, o Segmento D reúne pequenos empresários de setores variados, como tecnologia, marketing, serviços contábeis e educação. Em sua maioria, pequenas e médias empresas com equipes pequenas e algum grau de maturidade na operação e gestão. Muitos iniciaram seus negócios com pouco ou nenhum capital inicial, contando com recursos próprios. São motivados pelo desejo de independência e crescimento. Demonstram foco na gestão financeira, preferência pela estabilidade, uma abordagem cautelosa – porém aberta – em relação ao crédito. Seus maiores desafios são gestão de pessoas, encontrar os talentos certos e aumentar sua base de clientes.”
Profissionais Independentes – “Cautelosos com crédito e com pouco limite, por fim, o Segmento E é composto por profissionais independentes que oferecem serviços em diversas áreas, como consultoria, medicina, psicologia e organização de eventos. Em geral, operam como proprietários individuais ou com um pequeno número de sócios, sendo caracterizados por um alto grau de autonomia em seu trabalho. Normalmente, eles estão bem estabelecidos em suas áreas e possuem uma combinação de interações online e presenciais com seus clientes. Tem experiência limitada com crédito e empréstimos, visto que em sua maioria, não precisaram recorrer a capital por ter uma operação que não gera custos significativos.”
Segundo a pesquisa da Cora, uma característica comum comum entre todos os grupos é que o fluxo de caixa se mostra razoavelmente previsível, com 64% das empresas desfrutando de estabilidade financeira. Já na questão de gestão, os proprietários são os principais responsáveis pelas operações financeiras (78%), enquanto os escritórios de contabilidade são contratados e apresentam relevância nos grupos A e E, com 13% e 20% de participação, respectivamente.