Insurtech

Latú encerra operações e CEO questiona mercado de seguros

Insurtech focada em PMEs e investida da Monashees saiu de cena discretamente, mas antes CEO fez desabafo nas redes sociais

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Paola Neira, CEO da Latú | Foto: divulgação
Paola Neira, CEO da Latú | Foto: divulgação

O mercado de seguros ainda é um dos que está “atrasado” na corrida das disrupções. Mesmo com insurtechs como Youse e Azos atraindo a atenção do mercado (e investidores), ele ainda é dominado pelas grandes operadoras. Nessa disputa, algumas startups ficam pelo caminho, e o nome mais recente a perder nessa disputa é a Latú Seguros, que anunciou o encerramento de suas operações.

Fundada em 2022, focada em produtos B2B como seguros contra ameaças cibernéticas, a Latú começou bem e atraiu investidores com sua proposta. Com apenas 2 meses de operação, a startup levantou US$ 6,5 milhões em uma rodada pré-seed com medalhões do mercado. A captação foi liderada pela Monashees liderou junto com a Charles River Ventures (CRV) e contou com a participação da ONE.VC, da Latitud e da SVAngels.

Até o começo de 2025, as coisas pareciam bem para a empresa liderada pela CEO Paola Neiva, inclusive com planos de uma nova captação para aperfeiçoar seus produtos e expandir sua presença. Entretanto, a rodada não veio e, no começo de agosto, a companhia fez a primeira notificação aos seus segurados que descontinuaria suas atividades.

Em comunicado, a empresa destacou que “todas as apólices existentes foram tratadas de forma individualizada, visando garantir a plena continuidade da cobertura e o atendimento sem qualquer prejuízo para os segurados e corretores envolvidos”.

Esta semana, a companhia tirou todo o material institucional de seu site, colocando na homepage apenas uma mensagem sobre o fim de suas atividades. “Agradecemos pela confiança ao longo da nossa trajetória. Para assuntos pontuais, seguimos à disposição pelos canais habituais de contato”, diz o texto.

Para saber mais sobre o fim da insurtech, a reportagem do Startups tentou entrar em contato com a CEO Paola Neiva, mas ela preferiu não comentar.

Segundo um fundador de uma empresa de segurança ouvido pelo Startups, o destino da Latú tem uma explicação: no Brasil, o mercado não tem tamanho e maturidade para serviços como o da insurtech. Segundo um estudo da Mordor Intelligence, o mercado de seguros cibernéticos é dominado pelos Estados Unidos, com 53% do share global.

“Poucas PMEs ou startups se preocupam com seguro cyber. Só quando alguém cobra”. Como na América Latina tem pouca startup, o pouco do pouco fica muito pequeno”, disse a fonte, que preferiu não divulgar seu nome.

Apesar da discrição sobre o fim de sua companhia, uma mensagem recente de Paola dá alguns sinais sobre os desafios que a insurtech enfrentou antes de fechar suas portas. Em um post em seu perfil do LinkedIn em junho, ela desabafou sobre o cenário atual do mercado de seguros – e a visão negativa que muitos consumidores ainda tem dele.

“Todo mundo só foca no preço mais baixo, ninguém quer mergulhar nos detalhes. Isso faz com que os segurados fiquem sem saber o que realmente está coberto (…). No final, está tudo lá nas letrinhas miúdas, mas não há incentivo nenhum para escolher uma apólice que realmente protege (…). É só preço, preço, preço. Estamos num ciclo vicioso, não sei se isso vai mudar algum dia”, declarou a ex-CEO da Latú.