Em novembro de 2024, a Sinatra anunciou sua primeira captação ao mercado: um pré-seed de R$ 4 milhões para impulsionar o desenvolvimento de seu copiloto de inteligência artificial. Sete meses depois, a startup vive um novo momento, com crescimento da base de clientes, expansão internacional e a ambição de alcançar o breakeven ainda este ano.
“A captação nos permitiu formar um time robusto de engenharia, com profissionais seniores especializados em diversas áreas da tecnologia”, conta Rafael Guerra, cofundador da Sinatra. “Nos últimos meses, aplicamos grande parte dessa expertise na criação de agentes de inteligência artificial”, completa.
Atualmente, a Sinatra se posiciona como um marketplace de agentes de IA voltados a e-commerces e varejistas omnichannel. A startup oferece uma rede com 50 agentes inteligentes capazes de detectar anomalias, fornecer análises em tempo real e otimizar o backoffice com tecnologia proprietária avançada. Com integração feita em poucos minutos, a solução busca aumentar a eficiência operacional, reduzir custos e apoiar decisões mais estratégicas com o suporte da IA.
“Existem plataformas super especializadas em mercados como Direito ou Marketing, além de soluções mais generalistas, como o ChatGPT. Mas não havia ninguém fazendo isso para o varejo. Aproveitamos essa lacuna e, hoje, temos uma tecnologia 100% brasileira sendo utilizada em vários países”, destaca Rafael.
Segundo o empreendedor, a Sinatra saiu de 10 milhões de pedidos processados ao longo de 2024 para 40 milhões em apenas seis meses de 2025. No mesmo período, a receita também evoluiu: de zero no ano passado para os atuais R$ 200 mil, com projeção de encerrar 2025 com uma Receita Recorrente Anual (ARR) na casa dos R$ 5 milhões.
Expansão global
A Sinatra aproveitou os últimos meses para colocar em prática o seu plano de internacionalização. “A gente pensava que seria algo para 2026, talvez 2027, mas acabou sendo bem mais rápido do que imaginamos”, diz Rafael. A decisão de antecipar os planos veio a partir da demanda do mercado. “Um dos nossos clientes tem operação na Colômbia e disse que precisava da solução por lá também. Naquele momento, atuávamos apenas no Brasil, mas decidimos testar e deu super certo”, destaca.
De acordo com o empreendedor, há dores comuns entre os mercados, como monitoramento, margem apertada, fraude e segurança. “A grande diferença está na capacidade de investimento e na estrutura do ecossistema. O Brasil parece estar muito à frente da Colômbia, com profissionais especializados, times mais robustos e estruturas organizadas. No entanto, ainda estamos muito atrás dos Estados Unidos”, analisa.
Hoje, a Sinatra está presente em sete países: Brasil, Chile, Colômbia, Argentina, México, Uruguai e Estados Unidos. “Provavelmente, até o fim do ano estaremos em 10-12 mercados no total”, antecipa Rafael.
Ele conta que um dos principais desafios dos últimos meses foi escalar a operação internacional ao mesmo tempo em que fortalecia a estrutura no Brasil, incluindo avanços em tecnologia, vendas e na formação de um time qualificado para sustentar a rápida expansão. A startup saltou de cerca de seis clientes para mais de 50 atualmente, com clientes de grande porte como Decathlon, Americanas, Vivara e Levi’s.
Próximos passos
A Sinatra tem a meta de alcançar o break even ainda este ano e mais do que dobrar a base de clientes, chegando a 200 parceiros até dezembro. Parte da expansão tem foco na América Latina, além dos Estados Unidos. No ano que vem, a startup deve desembarcar na Europa.
“Temos feito novas integrações de plataformas que são fortes não só no Brasil, mas em outras regiões”, explica Rafael, citando como exemplo a Shopify, que deve ser integrada à Sinatra ainda este ano. “Além disso, vamos lançar uma nova versão de IA, que já está em fase de testes com alguns clientes e tem se provado ser mais efetivo do que o modelo atual”, completa.
Sem muitos detalhes, ele revela planos de fazer uma nova rodada ainda este ano. “Provavelmente uma captação maior do que a anterior”, antecipa. A startup já faz parte do portfólio do Grupo Quality Digital, a16z Scout e de investidores-anjo como Mario Augusto Sá (NG.CASH), Cristiano Hypolito (Simpar) e Beatriz Padrão (Wellhub).
Hoje com 50 agentes de IA, a Sinatra deve chegar à faixa dos 200 no ano que vem. “A evolução vai muito na área de tecnologia. Temos uma construção desafiadora pela frente, mas cada novo agente traz um novo cliente que se interessa por essa solução”, pontua Rafael.