Inteligência artificial

Com AI Hub, Oracle expande estratégia de IA para startups

Big tech quer ir além do fomento via créditos, sendo um elo de conexão para gerar soluções e negócios entre startups e grandes empresas

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Renata Zanuto e Marcelle Paiva | Foto: divulgação
Renata Zanuto e Marcelle Paiva | Foto: divulgação

Na corrida de startups e grandes empresas querendo aproveitar as inovações trazidas pela inteligência artificial, a Oracle não quer ficar apenas como uma fornecedora de tecnologia ou com programas de fomento baseados em créditos. Com isso em mente, a companhia resolveu criar um framework para habilitar inovações e conexões a partir da IA e transformou esse modelo em estratégia, criando uma nova divisão — chamada AI Hub.

Apesar de não ser um hub físico, a nova divisão é a evolução de um trabalho que a Oracle iniciou no ano passado com algumas startups, ajudando-as não apenas no desenvolvimento de tecnologias e na inserção de soluções em seu marketplace, mas também conectando-as com clientes enterprise da base da big tech para resolver desafios e, segundo a VP do AI Hub, Marcelle Paiva, gerar negócios.

“Uma das maiores dores nessa onda da inteligência artificial é conectar com os clientes, entender seus desafios, separar o que é ruído e entregar valor para o ecossistema, plugando quem desenvolve boas tecnologias com quem busca boas soluções”, explica a executiva, em conversa com o Startups.

Conforme explica Marcelle, a criação do hub faz parte de um plano diferenciado de go-to-market da Oracle para suas soluções de IA, fazendo o matchmaking entre empresas conectadas ao hub — e, se possível, colocando suas tecnologias e infraestrutura no meio. Aliás, a Oracle é, desde o ano passado, uma das principais parceiras da Nvidia, o que ajudou a empresa de Larry Ellison a “ficar quente” de novo no mercado.

“A nuvem por si só hoje já virou commodity, então nos posicionamos de outras formas para entregar valor a nossos clientes. E conectar com as startups nos torna mais ágeis para entregar as soluções que eles buscam”, destaca.

Uma startup que se beneficiou desse framework, que agora se tornou o AI Hub, foi a WideLabs, deep tech responsável pelo Amazônia IA, LLM 100% desenvolvido no Brasil e com foco em soberania de dados, rodando na nuvem local da Oracle. Com o auxílio da big tech, a startup ganhou rapidez para atender outros mercados, utilizando a rede de data centers da Oracle em outros países latinos, como o Chile.

Expandindo a rede

Agora, com a estratégia validada e com o hub em ação, o plano da Oracle é expandir essa rede de “ganha-ganha”, conforme explica Marcelle. Segundo a executiva, é uma estratégia que envolve outros movimentos recentes da big tech, como a criação do Innovation Hub — um espaço de 750 m² com cerca de 30 startups demonstrando suas soluções —, a entrada em hubs físicos como o Porto Digital (Recife), o Instituto Caldeira (Porto Alegre) e o Cubo.

A propósito, a divisão de startups criada pela Oracle no fim do ano passado, com a ex-Cubo Renata Zanuto na liderança, também faz parte dessa estratégia. “Todos estes elementos fazem parte de um olhar de ecossistema que a Oracle está investindo. E isso não acontece apenas na ponta de tecnologia, é algo prático”, frisa Renata.

Para a líder da divisão de startups da Oracle, apesar de o hub ser novo, ele faz parte de um plano mais ambicioso para escalar na América Latina, abrindo novos mercados para startups em toda a região. “Um movimento recente nessa direção foi uma parceria que fechamos com a Endeavor México“, destaca Renata.

Para Marcelle, agora a meta do AI Hub é trazer mais startups para perto — segundo a executiva, a Oracle quer se conectar com mais de 6 mil startups na América Latina este ano — e conquistar grandes empresas para ser um grande “habilitador” de IA nesses negócios. Segundo ela, no fim do dia, o objetivo é ir além do que muitos provedores de nuvem fazem.

“Queremos competir cooperando, e isso não se faz na base dos créditos. Nossa proposta de valor é ir além dos créditos”, finaliza.