Inteligência Artificial

Com plano de €150B, Europa quer ter as suas "campeãs" da IA

Liderada pelo fundo General Catalyst, e com startups como Mistral e Spotify no meio, iniciativa é resposta ao plano de Donald Trump nos EUA

Europa também quer brigar no campo da IA
Europa também quer brigar no campo da IA

Na corrida da inteligência artificial, a impressão é que atualmente existem dois lados. De um, os Estados Unidos, com nomes como OpenAI, bancados por uma estratégia de US$ 500 bilhões anunciada recentemente por Donald Trump. De outro, os chineses, que causaram ondas no mercado com o lançamento do DeepSeek. Entretanto, a Europa também quer ser protagonista nesse cenário, e está preparando um plano de €150 bilhões para isso.

Durante o AI Action Summit, realizado esta semana em Paris, dezenas de grandes empresas, fundos de venture capital e startups europeias resolveram unir forças em torno da “EU AI Champions Initiative”, plano que prevê €150 bilhões em investimentos para empresas de IA no continente.

Liderada pelo fundo norte-americano General Catalyst, a iniciativa quer dar esse “empurrão” na inovação local, e planeja fazer isso a partir de regulações mais simples, maior investimento em infraestrutura e conscientização do público local para aumentar o entendimento e confiança nas novas tecnologias de IA.

Os apoiadores da iniciativa incluem o principal banco de investimento da Alemanha, o Deutsche Bank, a startup de defesa alemã Helsing, a francesa Mistral (uma das mais recentes “queridinhas” do cenário de IA) e o gigante sueco de streaming de música Spotify.

“Ao aproveitar o momento, trabalhar com maior intenção e abraçar uma colaboração profunda, a Europa pode aproveitar uma oportunidade geracional ao liderar a IA aplicada, integrando-a na nossa base industrial para aumentar a produtividade, a resiliência e a soberania económica”, disse Jeannette zu Fürstenburg, diretora-gerente e chefe da Europa na General Catalyst, em comunicado.

Mistral aposta na França

E por falar da Mistral, a companhia francesa anunciou um passo importante para se tornar uma potência com as próprias pernas: um grande data center em seu país natal. Com a mudança, a empresa reduzirá sua dependência de infraestrutura externa – atualmente, a Mistral treina seus modelos em data centers da Microsoft e AWS.

Segundo o site Sifted, a startup deverá investir “vários bilhões de euros” para ter sua infraestrutura. A startup, que desenvolve modelos generativos de IA, é vista como o maior nome da Europa na competição contra players dos EUA como a OpenAI. Aliás, em junho do ano passado, ela levantou portentosos US$ 660 milhões em uma rodada liderada pela General Catalyst.

Sobre seu plano de ter uma infraestrutura própria, a empresa disse num post no LinkedIn que a mudança “marca outro grande passo no fortalecimento da nossa independência”.

Em declarações ao canal de televisão francês TF1 durante o AI Action Summit, o cofundador e CEO da Mistral, Arthur Mensch, disse que a decisão permitirá à startup “ter controle sobre toda a cadeia de valor, desde a máquina ao software”. Mensch acrescentou que isso também permitirá que a Mistral tenha acesso à “melhor infraestrutura” (como chips de alto desempenho) para modelos melhores e mais eficientes.

Para completar, na semana passada o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que e o país e os Emirados Árabes Unidos investirão têm planos de construir um enorme centro de dados de IA na França, um investimento da ordem de 30 a 50 bilhões de euros.

Além disso, durante o evento que está rolando em Paris, a startup sueca evroc também quer construir um data center em hiperescala na França. Quem também quer investir no país é o fundo canadense Brookfield, que tem planos de investir €20B em infraestruturas de IA na França durante os próximos cinco anos.