Nos últimos tempos, o mais que está aparecendo é startup de IA. O difícil nessa história toda é encontrar um caminho para se diferenciar e conquistar espaço no mercado. Com menos de um ano de operação, a SpySkyTech conseguiu atrair clientes para sua solução de visão computacional na nuvem – e agora se prepara para o próximo passo: para isso, a deep tech já está de olho em sua primeira rodada e está até mudando a marca, agora se chamando SST (Smart Stream Technologies).
Idealizada em 2016 pelo engenheiro Adriano Leão, a SST só saiu do papel este ano – e segundo Adriano, foi um passo natural depois de anos de experiência do executivo em grandes montadoras como Mitsubishi e Mercedes. “Na Mercedes, fui responsável por projetos de alta complexidade na parte industrial e nessa época comecei a a estudar robótica por hobby, aprendendo sobre sistemas autônomos, visão computacional, machine learning”, explica Adriano, em conversa com o Startups.
A “semente” para a criação da SST veio de um projeto paralelo que Adriano conduziu com a Nightingale, startup do Vale do Silício voltada a IA para manufatura. “Foi aí que vi um mercado em amadurecimento e com diversas dores a endereçar, especialmente na área de smart cities”, pontua.
Foi com projeto de smart cities – mais especificamente na gestão de rodovias – que a SST emplacou seus primeiros clientes. Um deles é a EcoRodovias, concessionária paulista com mais de 4,5 mil km de estradas sob gestão e centenas de câmeras de monitoramento.
Segundo Adriano, foi nesse projeto que a companhia validou sua solução, que utiliza a nuvem para tornar o parque de câmeras já instalado na Ecorodovias inteligente. “Não colocamos processamento na borda, pois partimos do pressuposto que hoje tudo é conectado, seja por fibra ou satélite. Isso possibilita o processamento com IA em tempo real, e todos os sensores e câmeras se tornam inteligentes”, explica o CEO.
De acordo com o executivo, o projeto com a Ecorodovias conseguiu entregar um custo de operação 79% mais eficaz na parte de análise de imagens. “Hoje o que antes precisava de várias pessoas observando, hoje pode ser feito de forma automatizada via IA, e de forma acionável”, destaca Adriano, frisando que a iniciativa que começou como um beta com o cliente hoje já virou um contrato.
40% da carteira da SST ainda é de concessionárias de rodovias, mas a tecnologia da companhia começou a atrair clientes de outros setores, como por exemplo o varejo, outro segmento em que muitos clientes já possuem câmeras instaladas e podem ter aderência ao SaaS oferecido pela deeptech.
“Estamos focando em clientes de grande porte, como redes nacionais de lojas físicas, mas também estamos atendendo a demanda de empresas de mercados autônomos, um segmento que está em crescimento”, pontua o CEO.
Atualmente a base da SST está com cerca de 20 clientes enterprise, e está crescendo a uma média de 30% mês a mês. Segundo Adriano, o plano é bater um MRR de R$ 1,5 milhão até o meio do ano que vem, quando completa um ano de operação. “Estamos focando em poucos, mas bons contratos, crescendo com sustentabilidade”, frisou o CEO.
Seed na mira
Por falar em crescimento, a SST está se preparando para buscar investimentos no mercado, acelerando seu ritmo de expansão que até agora foi 100% bootstrap. “Estamos focados em trazer mais clientes enterprise e trazer novas features. Com isso, estaremos mais prontos para escalar”.
Inicialmente, o plano da deep tech era tracionar no mercado brasileiro, onde compete com nomes como a Pix Force, mas por conta dos cases com empresas como a Ecorodovias, a SST chamou a atenção de clientes no exterior. “Estamos já atendendo uma grande concessionária em Portugal”, afirma Adriano, sem abrir o nome da companhia.
Outro reconhecimento veio da 100 Open Startups, em que a SST foi homenageada com a 6ª posição na categoria City Tech este ano.
As premiações e a porta aberta para o mercado exterior ajudaram na visibilidade para a busca de investidores, e a SST quer fechar uma rodada seed ainda no começo de 2025, olhando inclusive para fundos gringos. Sem entrar em valores, Adriano destaca um terço da captação será destinado para go-to-market, enquanto o restante irá para produto e operação.
“Agora a gente sabe o que quer fazer e como quer escalar. Tracionar no Brasil é nosso plano principal, mas que tem suas dificuldades de maturidade, e por isso procuramos também um parceiro com expertise em operações globais para captar oportunidades lá fora”, finaliza.