Data centers | Foto: Shutterstock
Data centers | Foto: Shutterstock

Há alguns anos, antes mesmo de a inteligência artificial explodir, já se dizia que os dados eram o novo petróleo. Em 2025, pela primeira vez, essas previsões estão se realizando. De acordo com dados recentes da Agência Internacional de Energia (IEA), os data centers atraíram mais recursos este ano do que a exploração de novos suprimentos de petróleo.

Os investimentos globais em data centers devem alcançar cerca de US$ 580 bilhões em 2025, ultrapassando em US$ 40 bilhões o montante destinado à busca de novas reservas de petróleo, aponta o estudo. Esse marco aponta para uma transformação estrutural na economia mundial, em que a digitalização e o armazenamento de dados se tornaram tão estratégicos ou mais que a própria energia fóssil que alimentou a industrialização no último século.

A expansão da infraestrutura de nuvem, da inteligência artificial e do big data está no centro dessa mudança. Grandes players de tecnologia estão canalizando recursos recordes para construir e operar data centers, a exemplo do projeto Stargate, que está sendo construído em Abilene, no Texas, em uma parceria entre Oracle, OpenAI e SoftBank, entre outras empresas. No Rio de Janeiro, a prefeitura anunciou este ano um projeto para a criação do maior hub de data centers da América Latina, em uma parceria com Oracle e Nvidia.

O World Energy Outlook 2025, da IEA, mostra que demanda máxima por eletricidade deve aumentar cerca de 40% até 2035 no cenário STEPS (sigla para Stated Policies Scenario, que indica uma projeção de referência), em grande parte devido ao aumento da demanda por refrigeração. Os data centers e a inteligência artificial respondem por quase 10% do crescimento global da demanda de eletricidade, com peso maior nos Estados Unidos, onde se concentra uma grande parcela dos novos centros de dados.

“A análise do World Energy Outlook vem destacando há muitos anos o papel crescente da eletricidade nas economias ao redor do mundo. No ano passado, dissemos que o mundo estava avançando rapidamente para a Era da Eletricidade — e hoje está claro que ela já chegou”, afirmou Fatih Birol, diretor executivo da IEA, por meio de nota.

Segundo ele, o aumento no consumo de eletricidade não se limita mais às economias emergentes e em desenvolvimento, mas também do crescimento acelerado da demanda proveniente de data centers e da inteligência artificial nas economias avançadas.

“O investimento global em data centers deve chegar a US$ 580 bilhões em 2025. Aqueles que dizem que os dados são o novo petróleo vão notar que esse valor supera os US$ 540 bilhões destinados ao fornecimento global de petróleo — um exemplo marcante da transformação na natureza das economias modernas”, aponta Fatih Birol.

Com o aumento da demanda por eletricidade, ao mesmo tempo em que os riscos climáticos exigem uma redução das emissões de carbono, o relatório também aponta para crescimento do mercado de energia renovável, que cresce mais rapidamente do que qualquer outra grande fonte de energia em todos os cenários, com destaque para a energia solar fotovoltaica. Até 2035, cerca de 80% do crescimento do consumo mundial de energia ocorrerá em regiões com alta incidência solar, segundo o estudo.

Outro ponto trazido pelo relatório é a retomada da energia nuclear, com o aumento dos investimentos tanto em usinas tradicionais de grande porte quanto em novos projetos, incluindo os reatores modulares pequenos (SMRs). Após mais de duas décadas de estagnação, a capacidade nuclear global deve aumentar pelo menos um terço até 2035.