No início da semana, Elon Musk chamou a atenção do mercado ao liderar um grupo de investidores em uma oferta de US$ 97,4 bilhões pela OpenAI, que foi prontamente recusada pelo CEO Sam Altman. Entretanto, a oferta ainda está na mesa do conselho da dona do ChatGPT para análise, mas Elon disse que pode retirá-la em troca de uma condição: que a OpenAI retorne às suas raízes de empresa sem fins lucrativos.
Segundo reporta o The New York Times, a reviravolta vem um dia depois do conselho da OpenAI acusar inconsistências na oferta de Elon Musk. Segundo o conselho, uma oferta com fins comerciais contradiz o processo que o bilionário abriu contra a deeptech no ano passado, criticando que ela estava deixando para trás a missão original de sua fundação, que era de uma organização sem fins lucrativos.
Depois da invertida, os advogados do consórcio liderado por Elon Musk respondeu com um novo documento legal, afirmando que retiraria sua oferta caso o board da OpenAI preservasse a missão de ser sem fins lucrativos e não comercializar seus ativos.
No fim das contas, tudo não passa de uma treta antiga. Em dezembro de 2015, Elon Musk estava ao lado de Sam Altman e Greg Brockman fundando a OpenAI, que, inicialmente, tinha intenção de ser uma organização sem fins lucrativos que publicava pesquisas e software de código aberto disponíveis para outros programadores e curiosos.
Musk acabou deixando a OpenAI de lado em 2018 por desentendimentos e, assim, em 2019, Altman acabou por transformá-la em uma “empresa de benefícios limitados”. Desde então, a OpenAI aos poucos começou a caminhar em uma direção mais comercial, o que se intensificou com o lançamento do ChatGPT e a entrada da Microsoft como investidora em 2022.
Além disso, no ano passado, a companhia fez a sua primeira rodada propriamente dita com investidores de risco, captando US$ 6,6 bilhões em um negócio que avaliou a OpenAI em mais de US$ 150 milhões.
Com a proposta lançada na última segunda-feira (10), Sam Altman negou a oferta numa postagem no X. “Não, obrigado. Mas comparemos o Twitter por US$ 9,74 bilhões, se quiser”, escreveu Sam.
O CEO da OpenAI chegou, até mesmo, a dizer que sentia pena de Musk. “A OpenAI não está à venda. Nossa missão não está à venda. Elon tenta todo tipo de coisa há muito tempo. Este é o último – você sabe, o episódio desta semana”, disse.
No lado de Elon Musk, a “dor de cotovelo” com a saída a OpenAI não apenas gerou processos na justiça, mas fez o dono da Tesla abrir uma companhia própria de inteligência artificial, a xAI, que no ano passado captou cerca de US$ 12 bilhões para desenvolver seu “ChatGPT próprio”, o Grok.
Tudo isso nos leva a uma última reflexão. O quão conveniente é pedir que sua principal concorrente deixe de ser uma empresa com fins lucrativos quando você tem uma companhia com fins lucrativos?