Inteligência Artificial

Em nove meses, essa startup chegou no breakeven e mira R$ 1,5M de ARR

Empregando IA para automatizar testes de software em seus clientes, a voidr aumentou seu ticket médio em 5 vezes e quer triplicar receita em 2025

Milson Junior e Victor Buchalla, cofundadores da voidr. Foto: divulgação
Milson Junior e Victor Buchalla, cofundadores da voidr. Foto: divulgação

Como boa parte das boas ideias que surgem por aí, o modelo de negócio da voidr nasceu quase sem querer. Inicialmente uma software house, a empresa viu uma oportunidade a partir de uma demanda de um cliente – e a partir disso montou sua tecnologia de IA para testes de software. Com nove meses de mercado para sua nova solução, a empresa já chegou a breakeven, multiplicou consideravelmente seu ticket mensal e já mira vôos mais altos.

Fundada pelo CEO Milson Junior e Victor Buchalla, dois desenvolvedores com passagens em empresas como idwall, a voidr hoje está em expansão graças a uma tecnologia que aplica IA generativa para gerar testes automatizados de software com o objetivo de monitorar aplicações web, móveis e APIs de uso crítico.

Entretanto, esse novo foco da voidr partiu de um momento de incerteza. Originalmente, a startup de Milson e Victor tinha outro nome (bounties4) e outro foco, conectando empresas com devs freelancers. No início, a ideia deu certo, transacionando R$ 100 mil e atraindo R$ 1,2 milhão com investidores-anjo.

Entretanto, o modelo de markeplace começou a esbarrar em gargalos no fim de 2022. “Na época de fim de ano, as empresas geralmente congelam os gastos e vimos uma redução drástica de solicitações na plataforma”, recorda Milson, em conversa com o Startups.

Ao longo de 2023, os fundadores analisaram diversas possibilidades para pivotar, mas foi a partir de uma demanda específica de um cliente que a oportunidade se apresentou. Em um certo momento, surgiu um pedido no marketplace que chamou a atenção de ambos. Um cliente – a plataforma de gestão de vesting Distu – criou uma solicitação para automação de testes de software.

“A partir daí resolvemos desenvolver uma solução para uma dor que é comum a muitos diretores de tecnologia: acabar com as falhas em sistemas críticos para o negócio”, lembra Milson.

Com o sucesso do case, no começo do ano a startup mudou seu nome para voidr, os sócios criaram uma página na internet com o caso de sucesso do primeiro cliente e começaram a divulgar a solução para contatos e amigos pelo LinkedIn e WhatsApp.

Nove meses depois, mais de 10 mil testes diários já foram realizados pela empresa – e de um cliente e uma receita recorrente mensal de R$ 600 em janeiro, a companhia já saltou para dezenas de clientes (incluindo nomes grandes como Serasa), subiu seu ticket médio mensal para R$ 3 mil, atingindo um MRR de R$ 180 mil.

Até o final do ano, a voidr espera bater uma receita anual recorrente de R$ 1,5 milhão. Além disso, com o breakeven já atingido, a companhia tem expectativas altas para 2025, com a meta de triplicar esse número, chegando a um ARR de R$ 4,5 milhões, com contratos na casa dos R$ 40 mil mensais.

Diferencial

Na visão do CEO da voidr, o diferencial do produto é o conceito de monitoramento preditivo. Isso significa que os testes de qualidade, que são feitos de ponta a ponta no processo de desenvolvimento, começam antes mesmo da aplicação ser produzida.

“Isso é importante porque o mais usual é o monitoramento reativo, em que robôs observam o uso real de clientes para identificar falhas e alertar as empresas para fazer as correções. O nosso modelo simula todos os cenários possíveis, garantindo que nenhum bug no sistema chegue aos clientes e usuários finais”, explica Milson.

Outra característica da voidr é promover o monitoramento contínuo, com testes incorporados nas fases iniciais do ciclo de desenvolvimento de software. “Dessa forma, com a adaptação aos procedimentos de integração e entrega contínua, reduz-se o risco de deficiências no produto final, otimizando as operações de depuração e garantindo alta qualidade nas versões liberadas”, diz o fundador.

Com esta proposta de valor, o foco da voidr tem se concentrado em startups em fase de escala, atraindo nomes como a legaltech JudIT,a HRTech InHire e a fintech Barte, que recentemente levantou rodada. Aliás, um dos principais focos de crescimento, segundo Milson, são fintechs em expansão: “é um vetor de crescimento muito forte para nós, pois para eles testes automatizados é uma necessidade. Estamos avaliando uma linha de serviço voltada a essa vertical”, avalia.

Mercado potencial

Ao falar sobre as possibilidades de crescimento para a voidr, Milson avalia que, com o foco atual em startups em fase de escala, a voidr tem um mercado endereçável de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões anualmente – isso só no Brasil. “Queremos atender as top startups early stage, e vemos uma grande oportunidade de internacionalização no futuro”, diz o executivo.

A opção por não atender, pelo menos no momento, grandes corporações tem a ver com a intenção dos fundadores em manter a voidr ainda enxuta – são cerca de 10 funcionários atualmente. Já rentável, a empresa ainda tem no caixa uma boa parte dos R$ 1,2 milhão levantados quando ainda não tinha pivotado. “Usamos esse caixa para montar a voidr, conseguimos um breakeven rápido, e no ano que vem miramos um caixa sólido”, afirma Milson.

Milson comenta que a voidr tem chamado a atenção do mercado e alguns investidores já bateram à sua porta, interessados em ter participação na empresa. “Estamos sempre abertos a novos investimentos, mas vamos esperar pelo momento certo. Prefiro ter mais paciência, manter o foco de crescimento sustentável, reinvestir no negócio e se aparecer um investidor disposto a fazer um aporte seed mais robusto para planos mais ambiciosos, reavaliamos”, finaliza.