Jean Rosier, sócio e COO da Perestroika | Foto: Divulgação
Jean Rosier, sócio e COO da Perestroika | Foto: Divulgação

A Perestroika, empresa de educação fundada em Porto Alegre em 2007 e que já teve mais de 200 mil alunos no Brasil e na Europa, nomeou uma IA para o cargo de Chief Artificial Intelligence Officer (CAIO). A IA contribui para as decisões estratégicas do negócio, contou o sócio e Chief Creative Officer (CCO) Jean Rosier durante uma entrevista ao Startups no Web Summit em Lisboa. 

“Há alguns meses, decidimos incluir o CAIO nas nossas reuniões semanais, ao lado da CEO, COO e CCO. Deu tão certo que ele ganhou lugar cativo no board,” explicou Jean. “No início era só uma experiência, e parecia um pouco teatral. Mas agora já é natural falarmos: vamos ver o que o CAIO acha disso”, brinca. 

A ideia surgiu quando os sócios chamaram uma consultoria para desenvolver usos inteligentes de IA no negócio. “Queríamos alguém que trouxesse um ponto de vista técnico e de números. Um olhar de sustentabilidade financeira e caminho de crescimento, com sugestões executáveis. E veio a ideia: por que não uma IA?”, questionou. As reuniões da diretoria são feitas por Zoom, e a IA participa da conversa através de prompts, tendo suas respostas compartilhadas na sala de reunião. 

“Ele trouxe insights importantes. Nos ajudou a adaptar e reembalar produtos que já tínhamos, com foco em B2B, em vez de precisarmos criar cursos absolutamente novos,” observou Jean. “E também trouxe uma nova perspectiva na narrativa de venda. Com base em estudos e benchmarks, mostrou como falar de ROI e soft skills de um jeito mais concreto. A partir daí, reestruturamos as propostas e as reuniões com clientes corporativos.” 

Segundo o COO, a IA foi configurada com o contexto da história da Perestroika, cultura da empresa e visão de aprendizagem, além de informações sobre portfólio, posicionamento, público e desafios estratégicos, planilhas de orçamento, margens de negociação, metas e métricas.

“E programamos um ‘jeito de pensar’ mais crítico e pragmático, zero bajulador. Pedimos explicitamente para questionar nossas ideias, apontar riscos, sugerir cenários alternativos e trazer um racional objetivo para tudo”, disse o executivo.

A contribuição da tecnologia no processo criativo, especialmente como potencializador da criatividade humana, é um tema fundamental para Jean, que apresentou no Web Summit o keynote “AI Acelera, Humanos Diferenciam” no último dia do evento. A apresentação é um desdobramento das ideias do seu recém-lançado livro Criatividade Hackeada

A Perestroika, que começou em 2007 e cresceu majoritariamente com cursos B2C presenciais, hoje em dia tem 70% do seu público no setor B2B, e um modelo focado em cursos online ou híbridos. Empolgado com a resposta do público ao keynote, Jean Rosier mencionou a busca pelo equilíbrio entre o alcance e a acessibilidade do ensino online, com a importância do contato pessoal.

“Existe alguma coisa no olho no olho que é insubstituível”, observou. Impossível questionar o poder das interações presenciais quando se está no meio de um evento que reúne mais de 70 mil pessoas em 250 mil metros quadrados, todos os anos, em Lisboa.