Inteligência artificial

Gustavo Caetano volta ao comando da Sambatech

Companhia, agora rebatizada apenas como Samba, direciona sua atuação para o mercado de assistentes baseados em IA

Gustavo Caetano, fundador da Sambatech volta ao comando da companhia
Gustavo Caetano, fundador da Sambatech volta ao comando da companhia | Divulgação

Dois anos depois de deixar o dia a dia da operação e assumir uma posição no Conselho, Gustavo Caetano está de volta ao comando da Sambatech.

O retorno do fundador acontece no momento em que a companhia, agora rebatizada apenas como Samba, direciona sua atuação para o mercado de inteligência artificial, mais especificamente a construção de agentes que realizam tarefas de ponta a ponta e não apenas respondem perguntas como um chatbot. O plano é ajudar empresas de médio porte, que não têm uma maturidade tecnológica tão avançada, a aproveitarem as oportunidades trazidas pela tecnologia. 

“O mercado tende a se consolidar em grandes players dominantes. E quem vai ter dificuldades são as companhias médias, que não são tão atrativas para eles. Queremos ser o nome multiplataforma que conecta os ecossistemas oferecendo inteligência digital com IA”, diz Gustavo ao Startups.

Segundo ele, há casos de uso em setores como educação, varejo, finanças etc. Ele conta que o alvo principal são empresas com receita entre R$ 10 milhões e R$ 400 milhões, mas que grupos maiores, chegando a R$ 1 bilhão também já têm manifestado interesse.

A nova oferta foi batizada de SambAI e a promessa é que seu uso custe a partir de um salário mínimo por mês por agente. Em seu site, a Samba afirma que um agente pode desempenhar o papel de 70 humanos eliminando 70% das tarefas repetitivas de uma companhia. “Em 15 dias conseguimos ter uma solução rodando”, diz.

Gustavo conta que o ganho de produtividade foi sentido dentro da própria companhia quando ela começou a usar agentes para otimizar suas próprias atividades. Os bons resultados obtidos acenderam a luz para uma oportunidade: e se isso fosse um produto? Em outubro a versão beta foi aberta ao mercado. Hoje já são 26 clientes usando a plataforma, como XP Educação, Allianz e Mundo do Hamburgueiro.

A criação de agentes tem ganhado destaque na estratégia de companhias como Microsoft e Salesforce por se tratar de uma aplicação prática e (aparentemente) eficiente da inteligência artificial generativa. A expectativa é que esse mercado saia de US$ 5,1 bilhões em 2024 para US$ 47,1 bilhões em 2030, segundo estimativa da Markets and Markets.

“Com os negócios sendo constantemente pressionados para simplificar suas operações enquanto reduzem despesas operacionais, os agentes de inteligência artificial oferecem uma alternativa eficiente pela automação de funções repetitivas, análise de grandes volumes de dados e geração de insights em tempo real”, escreve a consultoria em relatório. Junto com a Samba, a StartSe e o Distrito são outros nomes que estão na corrida para atender à demanda das empresas por agentes.

De acordo com Gustavo, em um prazo de até três anos a SambAI deve ser tornar o carro-chefe da Samba. A companhia que nasceu em 2008 como uma plataforma de streaming de vídeo chegou a entregar um bilhão de visualização de vídeos em toda a América Latina. Hoje ela tem um foco no setor de educação e atende 180 clientes como Porto Seguro e Petrópolis. Na avaliação de Gustavo, o segmento está mais consolidado e tem poucas perspectivas de crescimento. Por isso a parte de IA tende a ganhar mais relevância no futuro.

Em 2020 a companhia deu um novo passo com a criação da Samba Digital. O braço de serviços de tecnologia nasceu da percepção da necessidade das empresas se adaptarem ao novo cenário trazido pela pandemia. A operação cresceu e em 2022 o executivo Mateus Magno assumiu o comando substituindo Gustavo.

Para a nova fase do negócio, no entanto, a avaliação conselho foi que seria interessante trazer de volta o perfil empreendedor do fundador. “A Samba já passou por três grandes revoluções. E pretendo que ela passe por mais algumas”, comenta Gustavo.

Segundo ele, a experiência adquirida nos últimos anos com investimento em 14 startups (incluindo um exit na agência Raccon, vendida para a S4 Capital) e a participação em conselhos de grandes empresas como C&A, Banco ABC Brasil e Grupo Águia Branca, o ajudaram a entender melhor como as empresas funcionam, o que será muito útil para a Sambatech neste momento   

Com 100 funcionários, a Samba projeta um crescimento de 25% em 2025. O número absoluto não é revelado. A expectativa é investir R$ 8 milhões em inteligência artificial.