
A cada mês, fica mais claro que a inteligência artificial se tornou uma prioridade para os investidores. Em novembro, startups que colocam IA no centro de suas operações receberam US$ 141 milhões em aportes na América Latina, o equivalente a 54% de todo o capital investido no mês na região.
No total, foram US$ 261 milhões distribuídos em 38 rodadas, um dos volumes mais enxutos do ano, segundo dados do Sling Hub. Enquanto o volume geral de investimentos despencou 84% em relação a outubro e 47% na comparação com novembro de 2024, porém, as apostas em IA se mantiveram firmes. Das 18 rodadas direcionadas ao setor, 11 foram para empresas AI-Enabled — que usam a tecnologia para otimizar produtos e processos — e 7 para AI-First, onde a inteligência artificial é indispensável para a existência do negócio.
Os dados de novembro também apontam que o mercado de venture capital latino-americano vem operando em modo seletivo. A mediana das rodadas ficou em US$ 2,1 milhões, e o número de deals caiu 40% em relação a outubro. Não é coincidência que empresas AI-Enabled tenham abocanhado 82% do volume destinado ao segmento. Elas representam um modelo mais maduro: pegam operações já validadas e as tornam exponencialmente mais eficientes por meio da tecnologia.
O Brasil manteve sua posição de protagonista, concentrando 81% do capital investido (US$ 212 milhões) e metade das rodadas (19 deals). A mediana brasileira foi de US$ 3,5 milhões, bem acima da média regional.
A composição dos aportes na América Latina também chama atenção: 52% vieram via equity, 44% por FIDC e apenas 4% em dívidas. Essa distribuição mostra que, mesmo com o cenário mais apertado, há espaço tanto para rodadas tradicionais quanto para estruturas alternativas de crédito — especialmente entre fintechs e logtechs, que seguem liderando o volume de investimentos.
A maior rodada de novembro, inclusive, foi um FIDC de US$ 87,4 milhões levantado pela fintech brasileira Credix, com foco em B2B. Em segundo lugar, vem a Série B da logtech brasileira MotoristaPX, no valor de US$ 46,5 milhões.
A deeptech argentina The Mobile-First Company levantou US$ 12 milhões, ficando em terceiro lugar. Em seguida, vem uma rodada de dívida de US$ 10,5 milhões da proptech colombiana LoQueNecesito, e uma Série A de US$ 10 milhões da BHub.