Erick Pascoalato, general manager da área de produtos de infraestrutura da Lenovo no Brasil, durante evento com jornalistas em São Paulo
Erick Pascoalato, general manager da área de produtos de infraestrutura da Lenovo no Brasil, durante evento com jornalistas em São Paulo (Foto: Divulgação)

O teatro de guerra da inteligência artificial tem se concentrado nos investimentos bilionários para desenvolvimento de modelos e construção de centros de dados. Mas uma nova frente começa a se desenvolver: o processamento local dos dados. “Os clientes estão nos procurando porque querem usar a IA, fazer a inferência. E nem todos querem geladeiras [equipamentos enormes]”, disse Erick Pascoalato, general manager da área de produtos de infraestrutura da Lenovo no Brasil.

De olho nessa demanda, a fabricante trouxe para o país a fabricação de duas novas linhas de produtos: o storage da linha DE Series e quatro modelos de workstations equipadas com GPUs Blackwell da Nvidia. Com a produção local, a companhia espera reduzir tempo de entrega e também os preços, conquistando espaço tanto em clientes pequeno e médio porte, quanto em grandes empresas.

A proposta, segundo Erick, é “democratizar” o acesso à IA para as empresas brasileiras. No segmento de armazenamento, inclusive, a meta é chegar à liderança do mercado em 2027. “O crescimento que temos registrado acima da média do mercado justifica o aumento da produção local”, explicou o executivo, durante evento da fabricante com jornalistas em São Paulo hoje (2) pela manhã.

A discussão entre investir em equipamentos próprios e ter estrutura na nuvem ganhou força nos últimos anos com a conta com fornecedores de nuvem indo às alturas para algumas empresas na medida que sua dependência desses serviços cresce dia após dia.

Quanto custa?

A Lenovo não abriu preços dos equipamentos. Mas falou que eles serão competitivos e deixarão a companhia à frente da concorrência (ouviu isso, Dell?). Durante a apresentação, Márcio Aguiar, diretor da divisão enterprise para América Latina da Nvidia, comentou que um setup com duas workstations PGX – um equipamento compacto projetado para treinamento de modelos de IA a partir da mesa do escritório, e não em um data center – custaria na faixa de R$ 100 mil.

Dividido por 12, dá uns R$ 8.300 por mês. Mas a Lenovo tem outras opções de financiamento que podem diminuir a parcela. Segundo Daniel Bittencourt, gerente de desenvolvimento de negócios da Lenovo, uma possibilidade é usar um equipamento próprio para os primeiros desenvolvimentos e migrar para a nuvem na fase de escala, o que seria mais eficiente em termo de custos. Daí fica a opção: ter um equipamento amortizado em casa, ou continuar pagando AWS, Oracle, Google e Azure todo mês?

Fabricação local

A produção dos equipamentos já começou a ser feita na fábrica da companhia na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo.

As workstations no modelo de torre entraram em fabricação em outubro. A linha de armazenamtno começa a partir do dia 15. E a workstation de modelo portátil vem em janeiro. O investimento total não foi revelado.

Segundo Daniel, foram “milhares e milhares de reais” para cada linha, mas não foi necessário ampliar a área total da fábrica, nem contratar mais gente. A fábrica da Lenovo tem 680 funcionários e ocupa 32 mil metros quadrados. Nela são fabricados PCs, servidores e também há um centro de serviços. Desde 2024 a unidade também conta com um laboratório de pesquisa e desenvolvimento. A capacidade total de produção é de 1,5 milhão de equipamentos por ano

Um dos primeiros clientes a encomendar equipamentos nacionalizados foi a Petrobras. De acordo com Daniel, a petroleira fez uma encomenda de 2.500 equipamentos, com valor total de R$ 150 milhões. As máquinas serão usadas dentro do contexto do supercomputador Harpia, recentemente entregue pela Lenovo.