A Luzia, startup espanhola que desenvolveu uma assistente pessoal baseada em inteligência artificial e que tem presença no Brasil, já tem um novo cheque para adicionar o caixa. Menos de um ano após levantar US$ 20,5 milhões, a empresa captou mais US$ 13,5 milhões em uma rodada liderada pela Prosus Ventures.
O deal também conta com a participação de investidores anteriores da companhia, como Khosla Ventures (de Vinod Khosla, guru do Vale do Silício) e do fundo brasileiro Monashees. Com a mais nova rodada, a startup sediada em Madri já soma quase US$ 49 milhões levantados desde 2023.
Conforme destacou a Luzia em comunicado, a injeção de capital servirá para a empresa aprimorar seu produto, integrando tecnologias de ponta e ferramentas mais sofisticadas à sua plataforma, o que adicionará funcionalidades inéditas para melhorar a experiência de seus usuários.
Em outras palavras, isso quer dizer reforçar o time, contratanto mais engenheiros e design para trabalhar no app da plataforma. Vale lembrar que a Luzia fez uma mudança drástica em seu modelo de negócios no ano passado, deixando de ter o WhatsApp como seu principal canal, apostando em um aplicativo próprio.
Atualmente, a Luzia está presente em mais de 40 países, com 65 milhões de usuários globalmente, e ocupa o 29º lugar no ranking dos principais aplicativos de IA generativa globais, segundo aponta a Andreessen Horowitz. O aplicativo alcançou quase 35 milhões de downloads – além de estar disponível no WhatsApp e Telegram com recursos limitados.
Outro foco com a rodada é geográfico: a empresa quer reforçar a presença da marca na América Latina, especialmente em mercados como México, Colômbia, Argentina e Brasil. Inclusive, como parte do roadmap, está prevista a abertura de seu primeiro escritório no Brasil este ano. Segundo a startup, o plano com a operação no Brasil é “atrair talentos locais, manter contato direto com os mercados latino-americanos e adaptar o produto às necessidades específicas da região”.
Para Alvaro Higes, fundador e CEO da Luzia, a nova rodada chega para acelerar a jornada da plataforma de uma “companheira de bate-papo” para uma “camada operaiconal sem atritos para o dia-a-dia” de seus usuários.
“Nosso objetivo é promover um acesso à inteligência artificial que seja simples, privado e culturalmente fluente para todos, não apenas para quem entende de tecnologia. A Prosus compartilha essa convicção e, com sua presença global e profundidade de execução, é o parceiro perfeito para o nosso próximo capítulo”, destaca o CEO, em comunicado.
Crescimento acelerado
Fundada em 2023, a Luzia tem se beneficiado do hype em torno da inteligência artificial. Em cerca de dois anos, a companhia já levantou quase US$ 50 milhões em aportes. Entre eles estão o cheque de $3,4 milhões da A* — que já investiu em empresas como Pinterest, Airbnb, PayPal e Uber —, uma Série A em 2023 liderada pela Khosla Ventures com participação de fundos como a Globo Ventures e investidores-anjo como Pau Gasol, e uma Série B no ano passado, liderada pela Monashees, com apoio da Khosla Ventures e Endeavor Catalyst.
Para a Prosus, o investimento na startup madrilhenha é um aposta na transformação dos hábitos dos usuários. Segundo Sandeep Bakshi, responsável pela área de Investimentos na Europa da Prosus Ventures, a IA generativa está remodelando a maneira como as pessoas interagem com a internet, e o crescimento de apps como o da Luzia é um indicativo dessa mudança.
“A Luzia está na vanguarda dessa mudança, construindo uma interface intuitiva e acessível, adaptada ao modo como as pessoas se comunicam em seus mercados principais, especialmente nas regiões de língua espanhola e portuguesa. Estamos entusiasmados por apoiar uma equipe que está democratizando o uso da IA no cotidiano”, destaca Sandeep, em nota.
O investimento na Luzia chega menos de uma semana após a Prosus assinar um cheque de US$ 7 milhões na Zapia, startup uruguaia que também desenvolveu uma assistente pessoal de IA, utilizando o WhatsApp como plataforma. Também fundada em 2023, a Zapia tem como fundadores o trio por trás da BrainLogic AI: Nicolás Loeff (ex-Google), Juan Pablo Pereira (da Tiendamia) e Martín Alcalá Rubí (ex-TryoLabs).
Em nota divulgada no blog da Prosus na semana passada, o CEO Fabricio Bloisi (ex-iFood), deixou bem clara a missão do grupo europeu em colocar a IA no centro de sua tese de investimentos – o plano é criar um “poderoso ecossistema” de soluções construídas em torno da inteligência artificial.
“À medida que as empresas utilizam cada vez mais a IA para aumentar sua relevância para os consumidores, aprimorar a personalização e impulsionar o crescimento, veremos uma mudança no capital de investimento — saindo dos modelos de IA fundamentais e indo para os ecossistemas poderosos construídos ao redor deles. Na Prosus, já estamos observando essa mudança globalmente em nosso portfólio e investimos estrategicamente em empresas ao redor do mundo que estão usando IA em setores como comércio eletrônico, fintech, saúde e outros”, pontua Fabricio.