
O hype da inteligência artificial pode ter limites – e, se houver um ajuste de mercado, ninguém está protegido. O alerta é de Sundar Pichai, CEO da Alphabet, controladora do Google. Em entrevista à BBC, ele afirmou que o entusiasmo com a IA é legítimo, mas que já há sinais de “irracionalidade” no setor.
Com valuations disparando, rodadas multibilionárias e expectativas quase ilimitadas, o executivo reconhece que o cenário é histórico, porém arriscado. “É um momento extraordinário, mas com componentes de irracionalidade”, disse.
O movimento lembra o estouro da bolha da internet no início dos anos 2000. Analistas e investidores ao redor do mundo avaliam até que ponto os preços das empresas de IA refletem valor real ou apenas euforia. Nos Estados Unidos, os níveis elevados de valuation de empresas de IA começaram a impactar índices mais amplos, enquanto autoridades britânicas também alertam para riscos de supervalorização.
Questionado sobre a capacidade da Alphabet de resistir a uma eventual correção, Pichai foi direto: “Nenhuma empresa estará imune, inclusive a nossa.”
Ainda assim, os investidores seguem confiantes. As ações da Alphabet acumulam alta de cerca de 46% no ano, apoiadas na expectativa de que o Google consiga disputar protagonismo com OpenAI, Anthropic e outras gigantes de IA.
Plano global, custo global
O risco não é só financeiro. Pichai também chamou atenção para um ponto cada vez mais crítico na corrida da IA: energia.
Segundo ele, o crescimento da demanda computacional deve levar o Google a adiar a meta de zerar as emissões líquidas até 2030. O executivo descreveu as necessidades energéticas da IA como “imensas”.
Ainda assim, a expansão continua. A Alphabet pretende investir 5 bilhões de libras (US$ 6,58 bilhões) em dois anos em infraestrutura de IA no Reino Unido, incluindo um novo data center e suporte à DeepMind, seu laboratório sediado em Londres. Além disso, a empresa começará a treinar modelos no país, movimento que o primeiro-ministro Keir Starmer considera estratégico para posicionar o Reino Unido como terceira superpotência global do setor, atrás apenas de Estados Unidos e China.