Inteligência artificial

No beat da IA, 8Beats quer faturar R$ 10 milhões

Com IA produzindo batidas musicais, startup aposta em marketplace e colaborações com artistas para quintuplicar em dois anos

8Beats
8Beats. Crédito: Canva

O boom da inteligência artificial generativa também teve os seus impactos na indústria musical. Diversas startups passaram a empregar as novidades do segmento para uma variedade de finalidades, gerando os mais curiosos resultados. De olho neste mercado de bilhões de dólares, o brasileiro Fernando Silva criou a 8Beats, ferramenta que utiliza IA para produzir batidas – ou beats, como dizem no meio.

Para atender um mercado com crescente demanda por batidas, seja por artistas ou por compositores de stock music (aquelas faixas que são usadas como trilha de fundo em videos comerciais ou de redes sociais), a 8Beats criou um algoritmo próprio para a criação de beats, e treinou sua AI ao longo de meses com uma bilbioteca extensa de data sets de beats.

“Pensei em como a tecnologia pode ser um aliado para a personalização dos beats para os criadores, e como ela pode ajudar a reduzir custos para ter essas batidas”, explica Fernando, carioca que hoje toca a sua startup de Madri, na Espanha.

Segundo o fundador e CEO, o foco da 8Beats é totalmente nas batidas, fornecendo a base para que artistas ou compositores possam construir suas músicas em cima. “Com nossa IA, eles podem fazer isso de forma mais rápida com menor custo. Se fossem fazer isso com um beatmaker profissional, eles pagam caro podem levar mais de duas semanas para receber o produto final. Com a IA, é possível ter uma batida em minutos”, explica.

Entretanto, a 8Beats não quer substituir os beatmakers profissionais e sim somar, tanto que tem estabelecido parcerias com artistas para lançar colaborações especiais, assim como aumentar a presença da marca junto ao público. No mês passado, a empresa lançou uma música colaborativa com o cantor e compositor de funk Kevin o Chris. “Se entrega e vem sem medo” foi lançada em 20 de outubro e teve sua batida criada pelo DJ DeeDee Beatz, a IA da empresa.

Com sua solução, a musictech tem o plano de democratizar colaborações musicais para artistas iniciantes que ainda não sabem como ou não possuem recursos para produzir uma música. Além disso, projeta um crescimento significativo nos próximos anos. Ainda em 2024, a pretensão é chegar na casa dos R$ 2 milhões e, em 2025, nos R$ 5 milhões. Até 2026, a meta é bater nos R$ 10 milhões.

Fontes de monetização

Para chegar na receita esperada, a 8Beats apostará em três fontes de receita. A primeira é com a monetização das faixas criadas em colaboração com artistas. No caso da faixa com o cantor Kevin O Chris, ela está disponível em plataformas de streaming, e a 8Beats, como responsável pela batida, tem direito a uma parte dos royalties sobre os plays – atualmente ela já passa de 5 milhões de execuções.

“É algo no qual apostamos bastante, tanto em receita quanto em awareness. Queremos usar os feats de grande expressão para ganhar exposição, estamos conversando com outros cantores, não só a nível Brasil, mas também para os Estados Unidos e América Latina, com ritmos como o reggaeton”, explica Fernando.

As outras duas fontes de receita estão previstas para o começo de 2024, quando a 8Beats planeja abrir a sua plataforma para o consumidor final – atualmente ela funciona em regime fechado para artistas convidados. Uma delas é a criação de um marketplace de batidas, em que os usuários podem pedir um beat personalizado para a IA e pagar pelos direitos à faixa. É um modelo semelhante ao que muitos bancos de música fazem, porém o que vendem são faixas já prontas.

“No nosso caso, a AI facilita para o usuário ter a batida que ele quer, e ele ainda pode personalizar mais na pós-produção, pois pode baixar o arquivo em formato midi”, explica o CEO.

Até o momento, a 8Beats opera totalmente sem investidores, o que segundo Fernando já era algo esperado. “O mercado brasileiro ainda não tem um entendimento de como estas soluções funcionam. Lá fora já tem outros aplicativos que já atualm como marketplace, que já atraíram investidores”, destaca.

Para o CEO, antes de buscar aportes, a meta é terminar a plataforma de marketplace e investir nas próximas músicas para “bombar” nas redes e plataformas de streaming. “Estamos saindo de um formato apenas como produtora e gravadora, para se tornar uma startup de fato com o marketplace. Daí podemos abrir uma rodada olhando para investidores de fora e nacionais”, finaliza.