Inteligência Artificial

No hype da IA, Y Combinator "dá a letra" para as futuras startups

Agentes de IA, IA full stack e mais: aceleradora compartilha ideias sobre as tecnologias chamarão a atenção dos investidores

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Y Combinator | Foto: divulgação
Y Combinator | Foto: divulgação

Enquanto o bonde do hype em torno da inteligência artificial segue a todo vapor, muitos fundadores ainda têm suas dúvidas sobre como inovar com essa tecnologia e construir suas startups. Nessas horas, uma boa é ouvir quem conhece do mercado, e a conceituada aceleradora gringa Y Combinator resolveu dar os seus pitacos. Spoiler: a IA agêntica será o grande motor de tudo isso.

Em seu blog oficial, a YC divulgou sua edição “Summer 2025” do Request for Startups, tradicional postagem em que integrantes da aceleradora prevêem as tecnologias que serão tendência no futuro. “2025 está realmente se tornando o ‘ano dos agentes de IA'”, cravou a empresa logo na abertura de seu artigo.

“Reunimos uma lista de ideias de startups de Agentes de IA que consideramos especialmente promissoras. Algumas delas destacam tendências que já estão em pleno andamento, e outras apontam para onde acreditamos que as coisas estão caminhando”, completou a YC no seu texto. Confira abaixo as previsões da aceleradora.

AI de ponta-a-ponta

Para o sócio da YC Jared Friedman, as principais startups futuras serão bem mais do que “AI-powered” e sim operarão com inteligência artificial em toda a sua operação – ou como ele fala no artigo, serão “AI full-stack”. “Elas não apenas oferecer um software com IA, mas construirão o negócio inteiro com IA no centro.

“Suponha que você acredite que os LLMs agora são capazes de automatizar muito trabalho jurídico. Há duas coisas que você pode fazer com essa ideia. Você poderia criar um agente de IA e vendê-lo para escritórios de advocacia. É o que a maioria das pessoas faz. Ou você poderia abrir seu próprio escritório de advocacia, contratá-lo com agentes de IA e competir com os escritórios de advocacia existentes”, afirma.

Segundo Jared, esse novo tipo de startup pode ser criada em praticamente qualquer indústria, especialmente as dominadas ainda por incumbentes lentas em seu processo de transformação digital. “Em vez de vender para os dinossauros, é possível extinguí-los”, finaliza.

Aaron Epstein, outro sócio da aceleradora, reforça a tendência com outra dica. “Mais designers devem se tornar fundadores”. Segundo ele, o hype da IA representa uma grande oportunidades para designers talentosos criarem soluções inovadoras e criarem suas próprias startups.

“Gostaríamos de ver mais designers darem o salto e abrirem empresas, e esperamos financiar equipes com design forte e bom gosto incorporados em sua essência desde os primeiros dias”, destaca Aaron.

Fazendo agentes dentro de casa

Para o sócio Pete Koomen, em um futuro não muito distante todas as companhias terão as ferramentas e funcionários que utilizarão elas para criar agentes próprios – e customizá-los para fazer tarefas repetitivas do dia-a-dia, seja lá quais sejam elas. “Gostaríamos de financiar fundadores que estejam trabalhando na infraestrutura que usarão para fazer isso: construtores de agentes internos”, dispara.

Segundo o executivo, a própria Y Combinator já está testando isso dentro de casa, e conseguiu reduzir o tempo gasto em tarefas cotidianas, como revisão de term sheets e workflows contábeis.

“Isso nos permite gastar mais tempo nas tarefas em que somos especialmente bons como seres humanos, e nosso caso é trabalhar com fundadores. Se você estiver interessado em construir a infraestrutura fundamental para empresas nativas de IA, adoraríamos ouvir de você”, conclui Pete.

O futuro dos assistentes de IA

O boom no uso de plataformas de IA generativa está na forma em que os usuários começaram a se comunicar com elas – e segundo a YC, o aperfeiçoamento do uso da voz nessas interações será o próximo passo. Segundo o sócio Gustaf Alstromer, os LLMs de voz estão ficando cada vez melhores e startups já estão aproveitando estes avanços.

Para ele, um futuro com bots de voz será um divisor de águas em mercados como o de call centers. “Hoje, existem mais de um trilhão de ligações entre uma empresa e um cliente. Conversar com um bot de IA por voz é como vivenciar o futuro — semelhante à sensação de dirigir um carro autônomo pela primeira vez — simplesmente funciona”, pontua.

Tyler Bosmeny, também aponta que os LLMs por voz serão importantes para transformar ferramentas do cotidiano – como por exemplo, serviços financeiros ou até mesmo o trabalho de ler emails. “Imagina se todos nós pudéssemos chegar ao trabalho todos os dias com a caixa de entrada zerada”, diz o executivo.

“Todos os dias eu dirijo para o trabalho por 20 minutos, e todos os dias eu gostaria de poder usar esse tempo para classificar e-mails, ditar respostas e agendar tarefas. Se vocês são uma equipe ambiciosa e interessada em trabalhar nisso, eu tenho interesse em trabalhar com vocês”, afirma Tyler.

Transformando a saúde e a ciência

Para Gustaf Alstromer e a sócia Diana HU, setores tradicionais como o de saúde e ciência, estão na linha de frente para uma revolução a partir da inteligência artificial. Segundo Gustaf, mais de US$ 1 trilhão dos aproximadamente US$ 4 trilhões gastos no sistema de saúde dos EUA vêm de tarefas administrativas que poderiam ser automatizadas – e aplicações de IA voltada à automatização cairiam como uma luva nesse cenário.

Para Diana Hu, há oportunidade parecida na ciência aplicada. Ferramentas usadas em áreas como biologia e química pouco mudaram em décadas, mas com IA e maior poder computacional, startups estão conseguindo acelerar descobertas e otimizações em áreas como química, pesquisa de metais e minerais, e energia.

“Em particular, a computação em tempo de teste está abrindo espaço para novos tipos de startups capazes de resolver esses problemas científicos. Gostaríamos de ver mais startups sendo criadas que usem IA para transformar a forma como as coisas físicas são feitas — de maneira mais rápida e eficiente”, destaca Diana.

Pesquisa e desenvolvimento

Segundo Jared Friedman, a YC está mais do que interessada em financiar novos laboratórios de pesquisa em IA – assim como ela fez com a OpenAI em seu início. Entretanto, segundo o sócio da aceleradora, ainda há muitos problemas a se resolver nestes modelos, e há oportunidades para outras startups “atacarem” esse desafio.

“Às vezes, as pessoas pensam que, para entrar na YC, é preciso lançar um produto em 3 meses. Mas, na verdade, ficamos animados em apoiar pesquisas profundas e abertas que podem levar anos para se tornar um negócio — exatamente como aconteceu com a OpenAI. Já vimos que, quando pesquisadores de ponta seguem seus interesses, isso frequentemente leva a algo interessante”, afirma Jared.