Inteligência artificial

O melhor modelo de IA é o modelo de negócios, diz chefão de startups da AWS

Novo chefão do badalado AWS for Startups prega que é preciso manter as coisas simples e estar aberto a mudanças de rota

Jon Jones, chefão global do programa AWS fos startups
Jon Jones, chefão global do programa AWS fos startups

Jon Jones cresceu no Vale do Silício nos anos 1990 e viu o auge e o estouro da bolha das empresas .com de camarote como fundador de uma startup. Entre idas e vindas na carreira executiva, ajudou a criar o primeiro programa de aceleração de startups do Google e agora está de volta às origens. Depois de sete anos liderando a estratégia de negócios dos produtos e serviços da AWS, ele acaba de assumir o comando do badalado programa de startups da companhia, o AWS for Startups.

Ele substitui Howard Wright, que foi para a Nvidia, uma dança das cadeiras impulsionada pela corrida do ouro da inteligência artificial. Nesse desvario de soluções em busca de problemas e promessas infladas por modelos que ainda precisam ser provados, o executivo e fundador é categórico: “O melhor modelo IA é o modelo de negócios”, crava ele em conversa com o Startups em um dos arranha-céus de fachada espelhada que hospedam escritórios da Amazon ao longo de três quarteirões no centro de Seattle*.

Em seguida, Jon deixa claro que a frase de impacto não é sua, mas de Matt McIlwain, da Madrona Venture Group.

Keep it simple  

Com alguns ciclos e mudanças tecnológicas na bagagem, Jon destaca que algumas coisas de fato mudaram – como o fato de mais pesquisadores decidirem empreender. Mas que o básico ainda é o que importa. “Tenha certeza que você tem market fit e que entende profundamente as necessidades do seu cliente”, diz. Segundo ele, 90% dos produtos e serviços da AWS foram criados ouvindo demandas dos clientes.

Na velocidade com que as coisas estão evoluindo, ele pontua que também é preciso estar aberto a fazer mudanças e correções de rota. “Uma empresa pode ter construído uma coisa semana passada, mas agora tem um código aberto que faz a mesma coisa. E se tem alguma coisa melhor que você pode construir em cima, se mexa rápido e esteja aberto a ser muito eficiente com seu tempo e com seus recursos”, recomenda.

Acelerou

Há uma semana no novo cargo, Jon teve como primeira grande missão recepcionar 80 startups de todo o mundo que vieram a Seattle participar do Generative AI Accelerator (GAIA). Na lista estão 20 negócios latinos, sendo 10 deles do Brasil.

Em sua segunda edição, o programa tem duração de 10 semanas e oferece mentorias técnicas e de negócios, até US$ 1 milhão em créditos para usar serviços da AWS, além de benefícios com outros parceiros como Anthropic e Nvidia – que patrocina o programa junto com a Meta.

Jon conta que foi um dos executivos que apoiou a iniciativa ano passado, e também um dos que defendeu sua ampliação este ano. Em 2023 tinham sido 21 startups participantes, de uma lista de quase duas mil inscritas. Este ano, foram quase cinco mil candidatas. “Temos convicção de que muitas das startups que passarão por aqui essa semana serão a próxima geração de crescimento e inovação e queremos ter certeza que as apoiamos e que conseguimos continuar a criar os produtos e serviços que permitam fazer isso”, disse.

De acordo com ele, o objetivo este ano foi ter um grupo com bastante diversidade geográfica e também com diferentes soluções e abordagens em diferentes segmentos – incluindo biotecnologia e temas como propriedade intelectual, manipulação de áudio e vídeo e ética.

Para Jon, o que está acontecendo no momento é que muitos fundadores já tiveram a oportunidade de trabalhar com IA generativa nos últimos 18 a 24 meses, o que significa que eles têm conhecimento e também conhecem possíveis oportunidades a serem perseguidas.

E isso abre um novo leque de possibilidades de criação de aplicações e modelos. “Toda vez que você tem uma tecnologia emergente, existe uma variedade de outras tecnologias que surgem para acomodá-la. Quando vimos a internet nascer, vieram as empresas de segurança digital. E a GenAI terá essas adjacências para ajudar os consumidores. É um processo natural e orgânico que acontece com qualquer tecnologia”, avalia.

*O jornalista viajou a Seattle a convite da AWS