Tão logo o modelo de IA generativa DeepSeek foi anunciando, a uruguaia Zapia, dona de um assistente virtual que funciona no WhatsApp, correu para incorporar a novidade em seu serviço. A ideia era aprimorar ainda mais a experiência dos usuários, oferecendo respostas mais precisas, avançadas e personalizadas. Passados pouco mais 30 dias do furor gerado pelo lançamento, o que a empresa aprendeu com o uso da IA chinesa?
Juan Pablo Pereira, CEO e cofundador da Brainlogic, desenovlvedora da Zapia, contou ao Startups que os resultados foram imediatos. Já na primeira semana da integração, a DeepSeek representou 13% do uso total entre os modelos disponíveis na Zapia (a empresa inclui outras integrações). Além disso, as campanhas de lançamento (que incluem redes sociais e push) – tiveram 3x mais engajamento do que a média. Também houve um aumento nos downloads do aplicativo naquele período.
Com o passar das semanas, no entanto, o efeito da novidade da DeepSeek “sumindo”, e os usuários têm gradualmente voltado aos modelos que já conheciam e usavam com frequência. Atualmente, a participação do modelo chinês está em torno de 6%, com tendência de ainda mais redução.
Mesmo com o uso diminuído, a expectativa da empresa é de que a DeepSeek trará melhorias significativas em atividades como a busca de informações, respostas a consultas gerais e a realização de pesquisas avançadas.
Por que adotar tão rápido?
De acordo com Juan Pablo, a ideia de integrar rapidamente a DeepSeek ao modelo de IA da Zapia surgiu quando a empresa percebeu que o modelo se tornou extremamente viral e que muitos de seus usuários demonstravam interesse em experimentá-lo, mas se sentiam inseguros com a tecnologia chinesa.
“Na época, circulavam diversos relatos nas redes sociais mostrando casos de respostas censuradas pelo governo chinês. Diante dessa necessidade, identificamos uma oportunidade de oferecer o que há de mais avançado em IA – sem esses riscos – integrando uma versão open source em nossos servidores nos EUA”, explica.
Como o Startups noticiou em uma matéria anterior, a chegada da DeepSeek abriu novas possibilidades por conta do seu código aberto, que permitem edição e reutilização por qualquer pessoa ou empresa.
Nicolas Loeff, CTO da Zapia, disse que, desde o início, a assistente foi desenvolvida para ser flexível e permitir a integração de novos modelos de IA à medida que surgem. “Assim, podemos testá-los com nossos dados e depois disponibilizá-los para os usuários. Com essa flexibilidade, é fácil adicionar novos modelos”, aponta.
Isso significa que a empresa também utiliza as “famílias” de ChatGPT da OpenAI, Gemini da Google e Claude da Anthropic, além de variantes adaptadas (fine-tuned) baseadas em seus próprios dados.
“A velocidade de avanço da IA é impressionante. Há poucos meses, a OpenAI anunciou esse novo tipo de modelo que simula raciocínio, e agora já existem vários modelos como os da DeepSeek, que são de código aberto e que podemos usar no Zapia. Esses modelos conseguem ‘raciocinar’ e resolver problemas mais complexos, mas, em geral, são muito mais lentos, e nem todos os usuários preferem esperar. Por isso, damos a opção de escolher qual modelo usar”, comenta o CTO.
Com tanta flexibilidade, a Zapia comenta que já conseguiu ultrapassar três milhões de usuários. “Mas nossa jornada está apenas começando. Temos várias novidades em desenvolvimento que em breve vamos anunciar. Este é um momento muito empolgante para trabalhar com IA”, finaliza Nicolas Loeff.