Faz exatamente uma semana que a OpenAI impressionou o mundo com a maior captação de VC já feita até hoje, levantando US$ 6,6 bilhões a um valuation de US$ 157 bilhões. Entretanto, o que não se comentou tanto é sobre como a companhia deve anotar prejuízos tão massivos quanto suas captações, pelo menos em um futuro próximo.
Segundo documentos acessados pelo site gringo The Information, a empresa de Sam Altman estima que os prejuízos operacionais da companhia podem subir para mais de US$ 14 bilhões em 2026, quase o triplo das perdas esperadas para a companhia em 2024.
De acordo com as projeções da OpenAI, de 2023 a 2028 a companhia deverá anotar um prejuízo de US$ 44 bilhões, e só deve sair do vermelho em 2029, quando espera lucrar US$ 14 bilhões no ano, baseada em uma meta ambiciosa de chegar a uma receita anual de US$ 100 bilhões.
Não que a OpenAI não tenha obtido sucesso ao aumentar o seu faturamento consideravelmente de um ano pra cá. Segundo dados do Wall Street Journal, a companhia de Sam Altman pode alcançar uma receita de US$ 3,7 bilhões em 2024 (três vezes mais que no ano passado), mas com um prejuízo de US$ 5 bilhões.
Já para o ano que vem, a meta é aumentar o faturamento para algo em torno de US$ 11,6 bilhões. São projeções de crescimento notáveis, mas segundo analistas, chegar a US$ 100 bilhões em receita até 2029 é uma meta que beira o irreal.
“Esse número exigiria sustentar uma taxa média de crescimento anual de mais de 90% por cinco anos consecutivos (93,3% para ser preciso, de uma expectativa de US$ 3,7 bilhões em 2024 para US$ 100 bilhões em 2029), um feito raramente alcançado no setor de tecnologia, especialmente para uma empresa que já opera em uma escala tão grande”, afirmou o analista Jurica Dujimovic, do site MarketWatch.
E por falar em escala, para a OpenAI crescer exponencialmente em ganhos, também será necessário crescer exponencialmente em produto – e a OpenAI planeja gastar bem mais do que já gasta atualmente para desenvolver e treinar seus modelos. De acordo com documentos internos da companhia, ela planeja gastar mais de US$ 200 bilhões até 2030, dos quais 60% a 80% serão gastos em treinamento e execução dos modelos.
Um outro artigo, do site norte-americano Axios, destacou que a OpenAI precisa de quantias massivas de dinheiro não apenas para bater o pé como uma das lideranças na corrida, mas simplesmente para não perder vantagens em relação a empresas mais capitalizadas como o Google, por exemplo, que está sentado em cima de um caixa de US$ 100 bilhões e tem “gordura para queimar”. A Meta, outra que está na corrida, tem cerca de US$ 60 bilhões no caixa.
“Os novos investidores da OpenAI embarcaram em uma jornada turbulenta e cara”, disparou Cory Weinberg, repórter do The Information que teve acesso às projeções. No caso, quem entrou no nova rodada foi a Thrive Capital, que colocou US$ 1,25 bilhão no negócio, o SoftBank, com US$ 500 milhões, a Tiger Global, com US$ 350 milhões, e a Ark Investment Management, com US$ 250 milhões.
Também entraram na rodada a Nvidia, com cerca de US$ 500 milhões e a Microsoft, investidora antiga da OpenAI, que colocou mais US$ 1 bilhão na companhia – no ano passado ela investiu US$ 10 bilhões em um aporte estratégico privado.
Ah, e falando em Microsoft, as projeções da OpenAI mostraram mais um detalhe interessante: a empresa de Satya Nadella tem direito a um percentual de 20% sobre a receita anual da OpenAI.
“O potencial de longo prazo da OpenAI continua intrigante, mas seu modelo de negócios atual parece instável. A empresa precisa melhorar drasticamente seu caminho para a lucratividade, repensar suas parcerias estratégicas e demonstrar uma trajetória de crescimento mais realista. A revolução da IA está em curso, mas a capacidade da OpenAI de capitalizá-la está longe de ser certa”, destacou Jurica Dujimovic.