
A inteligência artificial está mudando as métricas de eficiência das startups. Um estudo da conduzido pela Astella, em parceria com o Distrito IA e participação de startups do programa NVIDIA Inception, revela que startups nativas de IA operam com times mais enxutos, com maior concentração de desenvolvedores e apresentam crescimento mais acelerado do que as startups tradicionais.
Obtido com exclusividade pelo Startups, o estudo mostra que empresas que nascem usando IA nas suas operações têm um número médio de colaboradores até 60% menor que as startups convencionais em faixas equivalentes de faturamento. Por exemplo, enquanto uma startup tradicional com até R$ 1 milhão de receita anual tem, em média, oito colaboradores, uma empresa nativa de IA na mesma faixa opera com apenas três.
Entre as áreas que mais registraram ganhos de produtividade com IA estão engenharia, suporte, vendas e finanças.
Mas os impactos desse ganho de produtividade vão além dos resultados obtidos pelas empresas individualmente – pode afetar também o valor das rodadas, especialmente no early-stage. Se as empresas estão fazendo mais com menos, o valor dos investimentos também pode ser mais baixo.
De acordo com o estudo, o nível de produtividade por colaborador pode se tornar uma das principais métricas de eficiência nos próximos anos, substituindo o foco exclusivo em crescimento de headcount para escala – modelo em que o aumento do número de funcionários é visto como principal caminho para sustentar o crescimento do negócio.
Ao mesmo tempo, investidores em venture capital estão atentos à necessidade de diferenciais técnicos e barreiras competitivas reais que sustentem os altos valuations das startups de IA, destaca o relatório.
“O ciclo da inteligência artificial mostra oportunidades mais significativas do que os ciclos anteriores, ao transformar profundamente a força de trabalho e o setor de software. Dentro das empresas, a IA está atuando como uma camada que atravessa todas as áreas operacionais, aumentando a eficiência e reduzindo custos. O aumento da eficiência e expectativa com o uso de produtos de inteligência deverá elevar ainda mais demanda e uso de software no dia a dia”, afirma Guilherme Lima, investidor da Astella.
Além da tecnologia, o estudo mostra que o perfil dos profissionais também está mudando. Em vez de diplomas e títulos, ganham espaço habilidades como pensamento crítico, capacidade de experimentação e proatividade. Um novo papel profissional começa a surgir no setor: o GTM Engineer (Go-To-Market Engineer), que conecta tecnologia, vendas e marketing para coordenar estratégias comerciais automatizadas via IA.
Ainda de acordo com a pesquisa, 60% das empresas nativas de IA têm mais da metade do time composto por desenvolvedores. A liderança C-Level, por sua vez, está mais voltada à gestão de processos, dados e tecnologia do que à gestão direta de pessoas.
“A transformação é estrutural. Estamos vendo um novo tipo de empresa surgir, onde a automação inteligente não apenas reduz custos, mas amplia o impacto dos times. O Brasil tem potencial para liderar essa virada em mercados verticais específicos”, analisa Gustavo Gierun, CEO do Distrito.